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Urrea

O sol da tarde refletia na superfície calma do mar, tingindo tudo ao redor com tons quentes de dourado. A água morna chegava até os meus joelhos enquanto eu segurava Louis, que gargalhava toda vez que Sina balançava a água para espirrar de leve em seus pezinhos. Ela estava ao meu lado, tão à vontade, rindo como se nada mais no mundo importasse.

Eu deveria estar concentrado no pequeno no meu colo, mas era difícil não ser arrastado pelos detalhes dela. O jeito como o cabelo molhado grudava na pele, como seus olhos brilhavam quando ela olhava para Louis, ou até a leve curva de seus lábios quando lançava um olhar de canto pra mim.

Louis soltou um gritinho animado quando Sina fez outra onda, e eu ri, balançando o pequeno nos meus braços. Mas a verdade é que minha mente estava em outro lugar. Um lugar onde palavras que nunca imaginei dizer estavam se formando.

— Ele gosta de você, sabia? — falei, tentando soar casual, mas minha voz saiu um pouco mais grave do que eu esperava.

Sina olhou para mim, levantando uma sobrancelha.

— Quem? Louis?

— Ele também — respondi com um sorriso. — Mas eu tava falando de mim. Eu realmente gosto de você.

Ela piscou, surpresa, e por um momento o único som foi o das ondas batendo ao redor. Eu senti meu coração acelerar, mas continuei antes que a coragem me escapasse.

— Não sou muito bom com isso, mas... você precisa saber. Desde que você entrou na minha vida, as coisas ficaram diferentes. Eu não sou o tipo de cara que pensa muito sobre sentimentos, ou que leva as coisas tão a sério. Nunca fui.

Sina ficou em silêncio, mas seus olhos estavam presos nos meus, como se estivesse absorvendo cada palavra.

— Mas com você, é diferente. Você me faz querer ser alguém melhor. Me faz querer tentar coisas que eu nunca pensei que quisesse.

Louis se mexeu nos meus braços, distraindo Sina por um segundo, mas eu sabia que precisava terminar.

— Não vou fingir que sei exatamente o que isso é, ou até onde pode levar. Só sei que é real. E eu quero mais disso. Mais de você.

Ela ficou em silêncio por um momento, a expressão indecifrável. O tipo de silêncio que geralmente me deixaria nervoso, mas dessa vez, eu só esperei.

Finalmente, ela sorriu, um sorriso pequeno, mas tão verdadeiro que quase me fez respirar aliviado.

— Você realmente escolheu um momento inusitado pra dizer isso — ela brincou, olhando para Louis, que agora estava tentando pegar a água com as mãozinhas.

Eu ri, balançando a cabeça.

— Parece o momento certo pra mim. Todo momento com você parece.

Sina se aproximou um pouco mais, e eu pude sentir a água fria que escorria de seus braços quando ela tocou levemente o meu.

Sina riu, desviando o olhar para Louis, que ainda gargalhava com as pequenas ondas que quebravam em seus pezinhos. Mas o riso dela não era completamente despreocupado. Eu vi o leve franzir de suas sobrancelhas, algo que denunciava que ela estava pensando mais do que dizia.

— Você tem essa coisa de jogar as coisas na cara das pessoas assim, sem aviso, né? — ela brincou, mas o tom tinha uma nota de hesitação.

— Só quando sinto que é importante — respondi, sorrindo de leve.

Ela olhou para mim novamente, e por um momento seus olhos buscaram algo nos meus. Como se estivesse tentando entender se o que eu tinha acabado de dizer era tão real quanto parecia.

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