𝗈 𝖼𝗁𝖾𝗂𝗋𝗈 𝖽𝖾 𝖼𝖺𝗇𝖾𝗅𝖺
Beatrice acordou com o som suave dos sinos do convento, como fazia todas as manhãs. O vento fresco da manhã entrava pela janela, misturando-se com o aroma de velas e incenso que impregnava o ar. Ela se levantou da cama de madeira simples, seu corpo envolto no hábito que agora fazia parte de sua identidade, e fez o sinal da cruz, agradecendo por mais um dia de paz e devoção.
O convento era seu refúgio, um lugar onde sentia a presença de Deus em cada pedra e silêncio. Lá fora, as árvores farfalhavam, e o sol começava a iluminar as paredes brancas da pequena igreja anexa ao convento. Ela já sabia a rotina: rezas pela manhã, trabalhos diários, missas... tudo estava perfeitamente em seu lugar.
Beatrice ajoelhou-se diante do altar, as mãos entrelaçadas em uma oração silenciosa. A suave luz da manhã atravessava os vitrais coloridos, pintando o chão de pedra com manchas de azul, vermelho e dourado. A jovem murmurava suas preces diárias, como fazia todas as manhãs desde que ingressara no convento.
Ali, sentia-se segura, protegida pelas paredes austeras e pelo conforto da fé.
Mas, nos últimos dias, a tranquilidade havia sido substituída por uma sensação de inquietação que ela não conseguia nomear. Algo estava errado na cidade, e Beatrice podia sentir isso na atmosfera carregada. Mortes repentinas, misteriosas, começaram a acontecer na pequena comunidade. Primeiro, um fazendeiro idoso; depois, uma criança que sempre frequentava a missa com a família. E, por último, o choque mais profundo: o padre, encontrado sem vida no confessionário, com o rosto contorcido em uma expressão de agonia. Aquela morte, em particular, abalou Beatrice profundamente. O Padre era um homem gentil, um guia espiritual para todos. Sua morte parecia um presságio sombrio, uma mancha na fé que ela tanto prezava.
Ao lado de Beatrice, irmã Megan sussurrava baixo: ── Que Deus o tenha! ── disse ela, com um sorriso calmo, em meio ao silêncio do velório do padre. ── Ouvi dizer que um novo padre será enviado para cuidar da nossa igreja.
As duas jovens trocaram olhares curiosos. Mas Beatrice sentia algo diferente. Um frio percorreu sua espinha, como se estivesse sendo observada, e sem motivo aparente, seu coração começou a bater mais rápido.
Naquela noite, enquanto limpava as velas do altar, teve a nítida impressão de que alguém estava parado na entrada da capela. As portas estavam abertas, fazendo com que o vento trouxesse consigo um cheiro doce e picante, algo que Beatrice não reconhecia imediatamente, mas que fez sua pele arrepiar. Canela? Era estranho. As freiras do convento não usavam perfumes ou incensos fora das missas, e nunca havia sentido esse aroma antes. Era suave, mas onipresente, como uma sombra invisível que a envolvia. Quando se virou para a porta, não havia ninguém. Só o silêncio, denso como as paredes de pedra.
Beatrice apertou o manto ao redor de si, tentando ignorar o formigamento na pele. "É apenas a minha imaginação", disse a si mesma, tentando afastar o desconforto crescente.
Nos corredores vazios do convento, o eco de seus passos ressoavam com uma inquietação crescente. Mais de uma vez, ela teve a impressão de estar sendo observada, uma sensação pesada e incômoda que fazia sua pele formigar.
Suas mãos estavam levemente trêmulas, e a cada passo que ela dava, a pressa só aumentava, como se seu corpo inteiro clamasse para que ela se afastasse o mais rápido possível. Quando finalmente alcançou seu quarto, empurrou a porta com força, fechando-a de imediato e girando a chave, como se isso pudesse a proteger das ideias que se atropelavam na sua mente.
Encostando contra a parede, sentindo o suor escorrer pelas suas têmporas, enquanto sua respiração saía descompassada, seu peito subindo e descendo sem controle.
Sozinha em seu quarto, Beatrice se deitou, tentando rezar para acalmar a mente. Mas as palavras escapavam, e tudo o que conseguia lembrar era dos arrepios que ela havia sentido.
E infelizmente, de novo, o cheiro de canela invadiu o ar, e ela se sentou na cama de repente, os olhos arregalados. O quarto estava vazio, mas aquela sensação — o arrepio na nuca, a certeza de que estava sendo observada — voltou com força total. Ela olhou ao redor, o coração acelerado.
── Deus, ajude-me. ── murmurou, levando as mãos trêmulas ao rosário.
゜゜・ ・゜゜・.
Dos mesmos criadores de "Assombrando
Adeline" vem aí, "Assombrando Beatrice"
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𝒞𝐎𝐑𝐑𝐔𝐏𝐓٫ 𝒄𝒉𝒂𝒓𝒍𝒊𝒆 𝒎𝒂𝒚𝒉𝒆𝒘
Fanfiction𝒞𝐎𝐑𝐑𝐔𝐏𝐓 ㅤㅤ⎧♱ ㅤ❛ 𝘝𝗈𝖼𝖾̂ 𝗌𝗈𝗎𝖻𝖾 𝗊𝗎𝖺𝗇𝖽𝗈 𝗆𝖾 𝖾𝗌𝖼𝗈𝗅𝗁𝖾𝗎 𝘌𝗎 𝖾𝗋𝖺 𝗇𝖺𝖽𝖺 𝖺𝗅𝖾́𝗆 𝖽𝖾 𝖼𝗈𝗆𝗎𝗆 𝘌 𝖺𝗀𝗈𝗋𝖺 𝗈 𝗏𝖾𝗇𝗍𝗈 𝖾𝗌𝗍𝖺́ 𝗌𝗈𝗉𝗋𝖺𝗇𝖽𝗈 𝘓𝖾𝗆𝖻𝗋𝖺𝗇𝖽𝗈 𝗏𝗈𝖼𝖾̂ 𝖽𝗈 𝗊𝗎𝖾 𝗏𝗈𝖼𝖾̂ 𝗌𝖺𝖻𝖾 𝘝𝗈𝖼�...