❪ 𝟎𝟖 ❫ 𝒯𝑯𝑬 𝒯𝑯𝑶𝑹𝑵𝑬𝑫 ℛ𝑶𝑺𝑬

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𝗉𝗋𝖾𝗌𝖺

A brisa matinal invadia o convento, mas eu não sentia a leveza que costumava me acalmar nas manhãs

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A brisa matinal invadia o convento, mas eu não sentia a leveza que costumava me acalmar nas manhãs. Havia algo de errado, uma presença, uma escuridão que parecia pairar sobre mim a cada segundo. Fazia semanas desde minha última interação com o padre Charlie, e eu sabia, em meu íntimo, que era melhor assim. Ele trazia consigo um perigo que eu não podia compreender, mas que meu corpo temia instintivamente.

Aquelas semanas de silêncio entre nós foram, para mim, um alívio misturado a uma agonia silenciosa. Eu evitava os olhos dele sempre que o via nos corredores, desviava do caminho para não cruzar com sua figura, alta e imponente. Mas algo dentro de mim sabia que, mesmo sem palavras, ele ainda estava lá, observando, esperando por algum momento em que pudesse me aproximar. Meu corpo, por mais que minha mente rejeitasse, parecia sempre arrepiar-se com a simples ideia dele.

Naquela manhã, eu estava sozinha na pequena capela, rezando em silêncio, tentando encontrar a paz que parecia ter me abandonado nos últimos dias. Mas havia algo diferente no ar. O perfume de rosas preenchia o ambiente, doce e intenso, e, ao abrir os olhos, foi que eu vi. Uma rosa vermelha, solitária, repousava no altar à minha frente.

Fiquei imóvel, sentindo meu coração acelerar no peito. Quem teria deixado aquela rosa ali? Minhas mãos hesitaram antes de pegá-la. O toque delicado de suas pétalas contrastava com o espinho escondido que me arranhou, um lembrete sutil do perigo que aquela beleza escondia.

Meu primeiro pensamento foi o padre Charlie. Ele tinha uma presença que me deixava inquieta, como se o próprio ar ao redor dele fosse denso e proibido. E agora, essa rosa, como se fosse uma assinatura velada, uma provocação silenciosa. Ele sempre me observava, seus olhos me seguiam como sombras nos cantos mais escuros, como se estivesse à espreita, pronto para dar o próximo passo. Mas por quê?

Eu levantei o olhar para a imagem de Cristo acima do altar, buscando conforto, mas senti como se até mesmo o olhar da estátua estivesse distante, frio, quase como se me julgasse. Suspirei, levando a rosa até o nariz e sentindo o aroma profundo que ela exalava. Era um lembrete cruel de algo que eu queria esquecer: a presença constante, sufocante, de Charlie. Ele era perigoso, isso eu sabia. Algo nele gritava pecado, tentação, e minha própria alma parecia se encolher sempre que ele estava por perto.

Mas, então, por que ele me fascinava tanto?

Aquele dia passou em uma neblina de inquietação. A rosa vermelha estava em meus pensamentos a todo momento. Charlie. Sempre ele. Seus olhos, suas palavras carregadas de significados ocultos, as cicatrizes que ele exibia com um misto de orgulho e vergonha. Eu sabia que ele era perigoso, mas havia algo nele que me prendia. Eu sentia uma curiosidade vergonhosa crescer em mim, mesmo que minha mente suplicasse que eu mantivesse distância. As freiras mais velhas me diziam que o pecado sempre vem disfarçado de beleza e desejo, e Charlie era a encarnação perfeita disso.

𝒞𝐎𝐑𝐑𝐔𝐏𝐓٫ 𝒄𝒉𝒂𝒓𝒍𝒊𝒆 𝒎𝒂𝒚𝒉𝒆𝒘Onde histórias criam vida. Descubra agora