𝗉𝖾𝗌𝖺𝖽𝖾𝗅𝗈 𝗌𝗈𝖻 𝗈 𝖺𝗅𝗍𝖺𝗋
O silêncio do convento parecia pesar sobre o peito de Beatrice enquanto ela tentava se entregar ao sono. A mente, cansada, resistia em encontrar repouso, agitada com os eventos dos últimos dias. Tudo em que ela acreditava estava se fragmentando, especialmente quando se tratava de Charlie. Ela fechou os olhos, tentando afastar a angústia e a confusão, mas, aos poucos, a realidade começou a se distorcer, mergulhando-a em um pesadelo aterrador.
No sonho, Beatrice caminhava pelo convento, mas tudo estava coberto por uma escuridão profunda e opressiva. As paredes pareciam respirar, pulsando com uma energia maligna que ela não conseguia entender. O ar estava pesado, como se as sombras ao seu redor tivessem vida própria, e a luz das velas tremulava com uma cor vermelha, sinistra, lançando sombras macabras nas paredes.
Ela sentia que estava sendo observada. Aquele mesmo sentimento de quando Charlie a seguia, de quando seus olhos queimavam sua pele. Seu corpo estava rígido, os pés hesitantes em continuar, mas algo maior do que ela a empurrava para frente.
Ao virar o corredor que levava à capela, o ar ficou mais espesso. O cheiro de incenso misturado a algo podre invadia suas narinas. Beatrice estremeceu. Ela se forçou a entrar na capela, mas o que encontrou lá dentro fez seu coração quase parar.
No altar, Charlie estava de pé, envolto em uma túnica negra, as mãos erguidas, recitando palavras em uma língua antiga e desconhecida. Ao redor dele, um círculo de velas desenhava um pentagrama no chão, e figuras sombrias se moviam nas sombras, sussurrando em vozes que ecoavam no silêncio da igreja. O rosto dele estava virado para o altar, mas Beatrice sabia que ele sentia sua presença.
"Charlie?" ela chamou, a voz fraca, quase inaudível, ressoando na vastidão da capela.
Ele se virou lentamente. Seus olhos, que antes pareciam hipnóticos, agora estavam preenchidos por um vazio escuro, como se o próprio inferno residisse neles. O sorriso que curvou seus lábios era cruel, desprovido de qualquer traço da suavidade que ele usava para enredá-la.
"Você veio, Beatrice," a voz dele era baixa, mas cada palavra parecia ecoar, amplificando-se dentro de sua mente. "Sempre soube que viria."
O coração de Beatrice bateu dolorosamente em seu peito. "O que está acontecendo?" ela perguntou, recuando um passo, sentindo a presença do mal em todo o lugar. "Charlie... o que você está fazendo?"
"Mostrando a você a verdade." ele se aproximou, seus passos silenciosos, quase como um predador. "Você sempre soube que havia algo diferente em mim. Algo mais... poderoso. Agora, você pode ver com seus próprios olhos."
Beatrice tremia, mas não conseguia se mover. A voz dele parecia se enroscar em sua mente, envenenando seus pensamentos. As velas ao redor tremeluziam como se respondessem à presença demoníaca no ambiente.
"Você é... do mal..." sussurrou ela, tentando se convencer. Seu corpo tremia enquanto as palavras saíam vacilantes.
Ele deu uma risada baixa, rouca, aproximando-se dela. "Eu sou o que fui enviado para ser. E você, Beatrice... você é a peça final."
De repente, imagens terríveis passaram diante dos olhos de Beatrice: rituais sangrentos, corpos caídos na cidade, as sombras de Charlie caminhando nas noites escuras. Ela viu os habitantes da pequena cidade sendo levados um por um, enquanto ele sussurrava promessas de morte e dor.
Mas o pior veio depois: ela viu a si mesma, ajoelhada diante de Charlie, os olhos vazios e submissos. Suas próprias mãos estavam manchadas de sangue, e ela sentiu o gosto metálico e amargo na boca. Ela estava ajudando ele.
Beatrice gritou, a visão era vívida demais, real demais. As palavras entoadas por Charlie continuavam a ressoar em sua mente, como um feitiço que a prendia cada vez mais fundo naquele pesadelo infernal. Ela tentou correr, mas seus pés não se moviam.
"Não há para onde fugir, Beatrice. Você sempre esteve destinada a mim," Charlie murmurou em seu ouvido, sua respiração quente e sombria contra sua pele. "Você só precisa aceitar."
Beatrice lutava, o pavor sufocante em seu peito, mas as sombras ao redor a engoliam. A sensação de que estava se afogando a paralisava. Sua mente gritava em negação, mas seu corpo parecia ceder ao controle dele.
Com um sobressalto, Beatrice acordou. O grito morrendo em sua garganta, seu corpo suado e trêmulo. A escuridão ainda estava presente ao seu redor, mas não era mais o pesadelo. Era a segurança de seu quarto no convento. Ela respirava pesadamente, a mão pressionada contra o peito, como se tentasse manter o coração no lugar.
── Foi só um sonho... foi só um sonho... ── ela repetia para si mesma, mas as imagens não deixavam sua mente. O olhar vazio de Charlie, as palavras de controle, o sangue... Tudo parecia tão real, tão intenso.
Ela olhou ao redor, tentando buscar conforto nos objetos familiares de seu quarto, mas o vazio que sentia era imenso. As dúvidas cresciam, e uma sensação de desconforto a invadia. E se aquele sonho não fosse apenas fruto de sua mente? E se... fosse um aviso?
Beatrice balançou a cabeça, tentando afastar aquele pensamento. ── Ele não pode ser o que vi... ele não pode ser.
Mas no fundo, algo dentro dela sabia que havia uma verdade no pesadelo. Ela estava em perigo, um perigo muito maior do que havia imaginado.
E Charlie... ele era a chave de tudo.
O dia seguinte amanheceu, mas Beatrice não conseguiu se livrar das sensações sombrias que a assombravam. Suas dúvidas sobre Charlie apenas se intensificaram.
Enquanto ela caminhava ao lado de Megan, sentia os olhos de Charlie em si, como uma sombra constante, como se ele soubesse exatamente o que ela havia sonhado.
Ela só precisava descobrir a verdade antes que fosse tarde demais.
゜゜・ ・゜゜・.
É o que dizem né, tudo
que nós sonhamos acaba
se tornando real...
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𝒞𝐎𝐑𝐑𝐔𝐏𝐓٫ 𝒄𝒉𝒂𝒓𝒍𝒊𝒆 𝒎𝒂𝒚𝒉𝒆𝒘
Fanfiction𝒞𝐎𝐑𝐑𝐔𝐏𝐓 ㅤㅤ⎧♱ ㅤ❛ 𝘝𝗈𝖼𝖾̂ 𝗌𝗈𝗎𝖻𝖾 𝗊𝗎𝖺𝗇𝖽𝗈 𝗆𝖾 𝖾𝗌𝖼𝗈𝗅𝗁𝖾𝗎 𝘌𝗎 𝖾𝗋𝖺 𝗇𝖺𝖽𝖺 𝖺𝗅𝖾́𝗆 𝖽𝖾 𝖼𝗈𝗆𝗎𝗆 𝘌 𝖺𝗀𝗈𝗋𝖺 𝗈 𝗏𝖾𝗇𝗍𝗈 𝖾𝗌𝗍𝖺́ 𝗌𝗈𝗉𝗋𝖺𝗇𝖽𝗈 𝘓𝖾𝗆𝖻𝗋𝖺𝗇𝖽𝗈 𝗏𝗈𝖼𝖾̂ 𝖽𝗈 𝗊𝗎𝖾 𝗏𝗈𝖼𝖾̂ 𝗌𝖺𝖻𝖾 𝘝𝗈𝖼�...