❪ 𝟏𝟒 ❫ ℋ𝑬𝑨𝑽𝑬𝑵 ℐ𝑵 ℋ𝑬𝑳𝑳

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𝗈 𝗉𝖾𝗌𝗈 𝖽𝗈𝗌 𝖽𝖾𝗌𝖾𝗃𝗈𝗌 𝗈𝖼𝗎𝗅𝗍𝗈𝗌

Eu estava lá o tempo todo, atrás da grade do confessionário, ouvindo cada suspiro, cada palavra tímida que escapava dos lábios de Beatrice

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Eu estava lá o tempo todo, atrás da grade do confessionário, ouvindo cada suspiro, cada palavra tímida que escapava dos lábios de Beatrice. Desde o início, quando ela entrou, algo dentro de mim sabia que esse momento era inevitável. Ela estava lutando, mas não contra mim. Estava lutando contra si mesma.

As palavras dela foram como veneno doce em meus ouvidos. Saber que o que eu fazia — o que eu era — mexia tanto com ela me dava uma sensação de controle que eu não poderia resistir. Ela confessava, não ao seu Deus, mas a mim, suas tentações, seus desejos. E o ciúme... Ah, o ciúme de ver Megan ao meu lado. Era tudo que eu precisava ouvir.

Cada confissão dela revelava mais sobre o que estava acontecendo dentro daquela cabeça pura e inocente. Beatrice estava se despedaçando por dentro, e a verdade? Eu queria ser o motivo de cada pedaço quebrado. Não por ela, mas pela missão que me foi dada.

O silêncio pairou por um momento, mas eu senti sua hesitação, sua vergonha. Era quase palpável. Podia imaginá-la do outro lado da grade, com as mãos trêmulas, o coração acelerado. Ela estava à beira de algo... algo que eu estava prestes a empurrar.

── Você não precisa ter vergonha, Beatrice. ── eu disse, minha voz um sussurro controlado, cheio de uma calma deliberada. O tom carregado de promessas que ela não compreendia, mas sentia.

Ela não respondeu. Sabia que minha presença ali a confundia, a desarmava. O jogo estava ficando mais interessante. Beatrice não era uma alma fácil de corromper, mas quanto mais ela resistia, mais eu via as rachaduras surgindo.

Levantei-me do banco, minhas botas batendo no piso de pedra com um som abafado. A tensão no ar ficou mais densa. Ajoelhei-me ao lado da grade, sentindo o peso do meu corpo inclinar-se na direção dela. Eu podia ouvir sua respiração, rápida, entrecortada. A pequena freira estava assustada, mas não por temer a mim — temia o que eu representava. Temia os próprios sentimentos que estavam surgindo.

Deixei a grade entre nós e dei a volta ao confessionário, em direção ao lado onde ela estava. O som dos meus passos ressoava baixo e grave nas paredes estreitas, e eu soube, sem dúvida, que ela estava ciente da minha aproximação. A dúvida e o desejo deviam estar em guerra dentro dela agora. Eu apostava que ela não saberia como reagir ao que estava prestes a acontecer.

Quando cheguei à entrada do confessionário, abri lentamente a porta de madeira, sentindo o peso da atmosfera crescer. Ela se virou para me encarar, o rosto pálido, os olhos arregalados com uma mistura de medo e... algo mais. Algo que ela não conseguia esconder.

Fiquei ali por um momento, em pé, apenas olhando para ela. Havia uma beleza em sua fragilidade, algo quase trágico na maneira como ela se segurava, como se pudesse controlar a tempestade interna que eu estava alimentando. Dei mais um passo para dentro, fechando a porta atrás de mim, o clique do trinco ecoando no pequeno espaço.

𝒞𝐎𝐑𝐑𝐔𝐏𝐓٫ 𝒄𝒉𝒂𝒓𝒍𝒊𝒆 𝒎𝒂𝒚𝒉𝒆𝒘Onde histórias criam vida. Descubra agora