𝗉𝗈𝗋 𝗊𝗎𝖾 𝖾𝗅𝖾 𝗆𝖾 𝗈𝗅𝗁𝖺𝗏𝖺 𝖺𝗌𝗌𝗂𝗆?
A noite anterior havia sido agitada, uma mistura de sensações estranhas e inquietantes que eu não conseguia explicar. Desde que o antigo padre morreu, algo mudou dentro de mim. O silêncio no convento, que antes era um conforto, agora parecia esconder segredos. E o cheiro... aquela fragrância de canela que eu sentia em momentos aleatórios, como se estivesse sendo seguida por uma presença invisível. Mas não era só o cheiro. Era a sensação de ser observada. Na capela, nos corredores, até mesmo no meu quarto, eu sentia um par de olhos fixos em mim, como se alguém estivesse sempre à espreita.
Na noite anterior, eu o vi. Padre Charlie. Uma sombra em meio à penumbra da capela, seus olhos encontraram os meus por um breve segundo, e foi como se o tempo parasse. Ele não dissera nada, apenas me olhou — um olhar que me deixou desconcertada, como se algo muito íntimo estivesse sendo revelado sem que eu entendesse como. Algo dentro de mim se agitou, mas eu não sabia o que era. Não sabia como lidar com isso. Passei a noite em claro, revivendo aquele olhar. Um estranho recém-chegado, mas já tão presente, tão... perturbador.
Agora, ele estava ali, no altar, prestes a celebrar sua primeira missa. O vilarejo inteiro estava presente, curioso sobre o novo padre. As irmãs estavam ansiosas, curiosas para conhecer o novo sacerdote, mas eu não conseguia evitar o nó de tensão que se formava no meu estômago. Quando ele entrou, meu coração disparou. Ele era mais jovem do que eu imaginava. A postura dele era ereta, os gestos firmes, mas havia uma suavidade traiçoeira no modo como ele falava, como se cada palavra fosse cuidadosamente calculada. Mas havia algo nos olhos dele... algo sombrio, como se ele carregasse um segredo perigoso. Eu sabia que deveria estar focada na prece, nos cânticos, na comunhão com Deus. Mas quando ele subiu ao altar, eu não conseguia mais desviar o olhar.
Durante a missa, senti seus olhos em mim. A cada oração, a cada palavra proferida, era como se ele estivesse me observando de uma maneira que nunca senti antes. Algo dentro de mim despertava, um calor estranho e desconfortável que subia pela minha pele. Seus olhares eram intensos, carregados de algo que eu não sabia nomear, e eu, tão tímida, tão insegura, apenas baixava a cabeça, tentando ignorar a sensação. Toda vez que eu ousava levantar o olhar, ele estava ali, os olhos fixos em mim, observando.
Por que ele me olhava assim?
A ideia de estar sob o olhar dele me deixava perturbada, mas havia algo mais. Algo que eu não conseguia entender, mas que me atraía de uma forma errada e inexplicável. Meu corpo parecia reagir àquele olhar, uma reação que eu não conseguia controlar, um calor estranho que se espalhava por mim.
Mas eu sabia. Sabia que era ele. Meu "fantasma". O homem que eu sentira nas sombras, o que me fazia sentir aquele cheiro de canela, o que me observava sem que eu soubesse. E agora, ele estava ali, à luz do dia, me encarando como se soubesse de algo sobre mim que nem eu mesma sabia.
Quando a missa terminou, eu tentei sair discretamente, como sempre fazia. Mas ao passar pela sacristia, ouvi uma voz atrás de mim.
── Você deve ser Beatrice.
Eu parei, o som do meu nome na boca dele era surpreendentemente suave, mas carregava um peso que me fez congelar no lugar. Virei-me lentamente e o vi parado à minha frente. Tão próximo agora. Sua presença parecia dominar o espaço ao nosso redor. Seus olhos encontraram os meus, e ali, sob aquele olhar, senti algo inusitado... quase proibido.
── É um prazer finalmente conhecê-la. ── disse ele, um sorriso sutil surgindo nos lábios, mas havia algo de predador naquele gesto. ── Já ouvi falar muito de você.
── De mim? ── eu franzi a testa, surpresa. Não sabia por que ele diria isso. Eu era apenas mais uma irmã entre tantas, sempre cumprindo meus deveres, sem nunca chamar atenção.
── Sim... ── Ele se aproximou ainda mais, e meu corpo inteiro se retesou. ── Você parece... especial.
Minhas palavras não saíam. Algo em mim sabia que havia algo errado, mas não conseguia articular nada. A proximidade dele era intimidante, mas também... intrigante. Meu coração batia acelerado, como se estivesse prestes a ser exposto. Ele se aproximou mais um passo, e o cheiro de canela me envolveu outra vez, mais forte, mais denso.
── Você parece... perturbada. ── ele comentou, o olhar escuro fixo no meu, e meu corpo ficou rígido. ── Aconteceu algo?
── Não, padre. ── consegui finalmente responder, tentando soar calma, mas minha voz tremeu levemente.
── Tem certeza? ── ele deu mais um passo, agora tão perto que podia sentir o calor dele, uma proximidade imprópria, algo que me deixou confusa. ── Posso ajudá-la, Beatrice. Se algo a estiver incomodando, estou aqui para ouvir.
Os olhos dele me prendiam, e algo no fundo da minha mente gritava para que eu saísse dali, mas meu corpo não se movia.
Por que eu me sentia assim?
O que era essa sensação dentro de mim que parecia crescer a cada segundo que ele permanecia tão perto?
── Eu... estou bem. ── menti, tentando recuperar o controle da minha voz.
Ele se inclinou um pouco, os olhos escurecendo com algo que eu não conseguia decifrar. Meu corpo reagiu de maneira estranha, o calor dentro de mim intensificando-se de uma forma que me deixou envergonhada. Queria me afastar, mas ao mesmo tempo, algo me prendia ali.
── Se precisar de qualquer coisa... ── ele murmurou, a voz dele soando como uma promessa. ── Eu estarei por perto.
Quando ele se afastou, senti como se o ar ao meu redor estivesse finalmente se movendo novamente, mas não fui capaz de processar o que acabara de acontecer. As palavras dele, a proximidade, o cheiro que parecia envolver tudo... aquilo não era como qualquer outra interação que eu já tivera com um padre. Havia algo mais, algo indecente.
Saí rapidamente da sacristia, o coração martelando no peito, e minhas pernas mal conseguiam me sustentar. A sensação de estar sendo observada ainda estava lá, mas agora... agora eu sabia exatamente quem era.
Padre Charlie.
O que ele quer de mim?
゜゜・ ・゜゜・.
Sou apaixonada nesse homem,
nossa.Estão gostando da fic?
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𝒞𝐎𝐑𝐑𝐔𝐏𝐓٫ 𝒄𝒉𝒂𝒓𝒍𝒊𝒆 𝒎𝒂𝒚𝒉𝒆𝒘
Fanfiction𝒞𝐎𝐑𝐑𝐔𝐏𝐓 ㅤㅤ⎧♱ ㅤ❛ 𝘝𝗈𝖼𝖾̂ 𝗌𝗈𝗎𝖻𝖾 𝗊𝗎𝖺𝗇𝖽𝗈 𝗆𝖾 𝖾𝗌𝖼𝗈𝗅𝗁𝖾𝗎 𝘌𝗎 𝖾𝗋𝖺 𝗇𝖺𝖽𝖺 𝖺𝗅𝖾́𝗆 𝖽𝖾 𝖼𝗈𝗆𝗎𝗆 𝘌 𝖺𝗀𝗈𝗋𝖺 𝗈 𝗏𝖾𝗇𝗍𝗈 𝖾𝗌𝗍𝖺́ 𝗌𝗈𝗉𝗋𝖺𝗇𝖽𝗈 𝘓𝖾𝗆𝖻𝗋𝖺𝗇𝖽𝗈 𝗏𝗈𝖼𝖾̂ 𝖽𝗈 𝗊𝗎𝖾 𝗏𝗈𝖼𝖾̂ 𝗌𝖺𝖻𝖾 𝘝𝗈𝖼�...