𝗍𝖺̃𝗈 𝗉𝖾𝗋𝗍𝗈 𝖽𝖾 𝗊𝗎𝖾𝖻𝗋𝖺́-𝗅𝖺 𝖼𝗈𝗆𝗉𝗅𝖾𝗍𝖺𝗆𝖾𝗇𝗍𝖾
A chuva caía pesada sobre o convento novamente, suas gotas ritmadas batendo nas janelas e se misturando ao som suave do piano. Beatrice estava na sala de música, um lugar que sempre a trouxe paz.
As mãos de Beatrice, hesitantes no início, agora deslizavam com confiança pelas teclas. Era um refúgio silencioso, um eco de quem ela era antes de vestir o hábito. A melodia de "I Love You", de Billie Eilish, preenchia o pequeno salão. As notas lentas e melancólicas pareciam traduzir seus sentimentos internos – a confusão, o medo e as incertezas que tinham crescido desde a chegada de Charlie.
A música era seu escape, um momento em que ela podia se perder no que realmente sentia, sem o peso da devoção ou das obrigações. Charlie, oculto nas sombras da porta entreaberta, permanecia imóvel, seus olhos fixos nela. Ele nunca a vira tão vulnerável, tão pura em sua expressão silenciosa de emoção.
Cada nota que Beatrice tocava parecia prender Charlie ainda mais em sua teia de fascínio. Ela estava distante, inalcançável de certa forma, mas a maneira como suas mãos delicadas deslizavam pelas teclas, como seus olhos se fechavam para sentir a música, o fazia desejar quebrar essa barreira. Não era só atração – era um desejo de posse, de controle, mas também uma confusão interna. Parte dele queria corromper Beatrice, seguir sua missão, mas outra parte... queria apenas continuar a vê-la assim, perdida na música e na chuva.
Beatrice não conseguia ver Charlie, mas podia senti-lo. Havia algo no ar, como sempre, aquela sensação incômoda de estar sendo observada. Ela não gostava disso, mas havia uma estranha força que a mantinha no lugar, como se a música a impedisse de fugir. As palavras da música ecoavam em sua mente, "I love you, and I don't want to." A cada repetição, ela sentia o peso de algo que não conseguia nomear.
Com as últimas notas ainda suspensas no ar, Beatrice abriu os olhos lentamente, sentindo o coração disparar. A chuva continuava a cair, mas havia algo mais na atmosfera, algo denso e eletrizante. Ela se levantou do banco do piano, tentando se recompor.
Ela deu alguns passos em direção à janela, observando a água que escorria pelo vidro. Suas mãos ainda estavam trêmulas, os dedos ecoando a melodia que tocara. Foi então que ela o viu.
Charlie estava na porta, a luz fraca iluminando apenas parte de seu rosto, o suficiente para que seus olhos se encontrassem. Aquele olhar. Sempre aquele olhar. Beatrice engoliu em seco, o coração batendo mais rápido do que o normal. Ele não dizia nada, apenas a olhava, como se estivesse esperando por algo. O silêncio entre eles se tornava insuportável.
── O que está fazendo aqui? ── a voz dela saiu mais fraca do que esperava. Ela tentou soar firme, mas sua timidez a traiu.
Charlie deu um passo à frente, lentamente, sem desviar o olhar.
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𝒞𝐎𝐑𝐑𝐔𝐏𝐓٫ 𝒄𝒉𝒂𝒓𝒍𝒊𝒆 𝒎𝒂𝒚𝒉𝒆𝒘
Fanfiction𝒞𝐎𝐑𝐑𝐔𝐏𝐓 ㅤㅤ⎧♱ ㅤ❛ 𝘝𝗈𝖼𝖾̂ 𝗌𝗈𝗎𝖻𝖾 𝗊𝗎𝖺𝗇𝖽𝗈 𝗆𝖾 𝖾𝗌𝖼𝗈𝗅𝗁𝖾𝗎 𝘌𝗎 𝖾𝗋𝖺 𝗇𝖺𝖽𝖺 𝖺𝗅𝖾́𝗆 𝖽𝖾 𝖼𝗈𝗆𝗎𝗆 𝘌 𝖺𝗀𝗈𝗋𝖺 𝗈 𝗏𝖾𝗇𝗍𝗈 𝖾𝗌𝗍𝖺́ 𝗌𝗈𝗉𝗋𝖺𝗇𝖽𝗈 𝘓𝖾𝗆𝖻𝗋𝖺𝗇𝖽𝗈 𝗏𝗈𝖼𝖾̂ 𝖽𝗈 𝗊𝗎𝖾 𝗏𝗈𝖼𝖾̂ 𝗌𝖺𝖻𝖾 𝘝𝗈𝖼�...