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Os meses que se seguiram àquele dia nublado em que dançaram juntos parecia ter passado em um suspiro, mas, ao mesmo tempo, cada momento estava impregnado com uma tensão que Beatrice não conseguia ignorar. Charlie estava sempre perto, sempre presente, e ela lutava para entender o que estava acontecendo dentro de dela. Ele se tornou uma parte tão intensa da vida dela que era impossível escapar de sua influência.
Beatrice despertou com a luz suave do amanhecer filtrando pelas cortinas de seu quarto, iluminando as paredes com um tom dourado. Era um dia comum, ou assim parecia. O cheiro do incenso ainda pairava no ar, misturado com a fragância de canela. Mas dentro de Beatrice, algo se agitava, como se o mundo ao seu redor estivesse prestes a mudar novamente.
Charlie estava deitado ao seu lado, seus cabelos escuros espalhados sobre o travesseiro. Ele havia chegado a noite anterior, e eles haviam passado horas conversando, rindo e, por fim, trocando carícias. Os dedos dele desenhavam padrões nas costas dela, cada toque provocando uma corrente elétrica que a fazia estremecer. Era um momento de vulnerabilidade, um refúgio da realidade que os cercava, mesmo que ela soubesse que não poderia durar.
── Você é tão linda. ── ele disse, com a voz sonolenta, os olhos ainda meio fechados. ── Às vezes, eu me pergunto como alguém como eu teve a sorte de te encontrar.
Beatrice sorriu, mas por dentro, uma sensação de inquietação começava a surgir. ── Charlie, você não deve dizer isso. Não somos... não deveríamos estar juntos assim.
Ele a puxou mais perto, pressionando o corpo dela contra o dele. ── E por que não? Você faz tudo parecer tão simples, Beatrice. Como se pudéssemos esquecer o mundo lá fora.
Mas o mundo lá fora estava se tornando cada vez mais sombrio. Nos últimos dias, a cidade parecia envolta em um manto de mistério e desespero. As investigações sobre as mortes inexplicáveis na pequena cidade não diminuíam, e Beatrice não conseguia evitar sentir que tudo estava ligado a Charlie. Sua presença a fascinava, mas ao mesmo tempo a assustava.
O telefone tocou, quebrando a tranquilidade do momento. Beatrice se levantou rapidamente, e Charlie a observou com um sorriso divertido, mas ela podia ver a preocupação em seus olhos. ── Você vai atender?
Ela balançou a cabeça, deslizando para fora da cama e puxando o hábito para cima. ── Pode ser importante.
Era a irmã Megan, chamando para informá-la que a detetive Lois havia solicitado sua presença na cena de um crime. Beatrice sentiu um frio na barriga. Ela tinha uma sensação estranha sobre isso, como se as peças do quebra-cabeça estivessem se juntando de maneira perigosa.
Fechando os olhos, ela se permitiu ser levada pela sensação do momento, pelas carícias de Charlie. O calor de seu corpo misturava-se com a segurança que ele parecia oferecer. Mas, ela se levantou, dizendo que precisava ir, uma parte dela se sentiu vazia.
