2| A FUGA

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Na manhã seguinte acordei com o som irritante do que apostei ser meu alarme que sinceramente não me lembrava de ter ativado, porém assim que recuperei completamente a coinciência notei que era uma chamada junto de outras 20, todas do Sandro.

Quando botei os olhos nas horas entrei em modo flash para tomar um banho, arrumar uma roupa e logo sair aos tropeços do meu apartamento com a bolsa aberta, uma tosta na boca e os sapatos saindo do pé feito a Cinderela. Chamei o primeiro táxi que passava pela calçada, assim que me sentei e fui regulando a minha respiração descompassada, terminei o meu pequeno almoço bem pequeno e agarrei no celular dando de cara no mínimo com 30 mensagens do Sandro, Camilo, Adny e, também do meu cavalheiro misterioso dizendo bom dia.

Obviamente as mensagens dele foram as primeiras a receber a minha atenção para serem lidas, eram as mais delicadas e carinhosas dentre todas se formos ver. Quando ía a ver as mensagens de Camilo, para minha surpresa o meu admirador estava online e não tardou a responder.

Cavalheiro misterioso — Que bom que seu dia está bom. Não estaria no trabalho a estás horas? — por algum motivo aquilo me fez ruborizar intensamente e eu aparentemente falhei feita uma miserável ao tentar esconder isso do motorista que me olhava de soslaio pelo espelho retrovisor interno.

Sam — sim, talvez eu devesse já estar trabalhando, mas me atrasei e estou até com medo de ver as 9 mensagens do meu chefe.

Cavalheiro misterioso — haha, não esquenta Samzinha, o seu chefe é o tal de Camilo Buarque, certo? — eu havia contado para o meu belo admirador secreto sobre um pouco da minha vida. Talvez não tão pouco assim, porém eu não via tantos riscos nisso, pelo menos eu esperava que ele não fosse um serial Killer conhecendo a presa antes de atacar.

Sam — É ele mesmo, o Camilo pode ser um mandão rabugento quando quer e tornar o nosso dia completamente cansativo e massante é seu passa-tempo preferido quando está assim.

Cavalheiro misterioso — Sam, você confia em mim sem ao menos ter me visto uma única vez — lá está uma boa verdade — também pode confiar em mim quando digo que estará tudo bem. Você é uma ótima engenheira.

Afim de quinze minutos desci do táxi e não me demorei a cumprimentar a nova moça que estava sorridente na recepção e literalmente estava esmagando o botão do elevador que simplesmente decidiu que não iria descer nunca. Observei ele descer pelos andares número por número mais lento do que uma tartaruga e quando ele finalmente chegou eu não era a única na fila para o usar.

— Mulheres primeiro. — olhei por cima do ombro e não sei o que mais me fez corar naquele momento, se era pelo rosto totalmente calmo de Camilo ou pela companhia que estava ao seu lado.

— Bom dia senhores, como estão? — não sei porquê ainda me dou ao trabalho, aquele olhar que eu recebi transmitiu perfeitamente o recado. Estou feita.

— Um bom dia para si também, senhorita Borges, vejo que está atrasada para o trabalho.

— Sim, eu lamento
pelo transtorno, senhor, prometo que não se volta a acontecer. — me escorrei na parede espelhada num dos cantos do elevador enquanto Buarque sénior entrava e por fim o Buarque junior que apesar do esforço em esconder o descontentamento não parava de me olhar severamente.

Assim que o meu andar chegou saí a correr do elevador me despedindo com quase uma reverência a Buarque sénior e um novo pedido de desculpas pelo meu atraso. Pelos meus três anos em que trabalho na CKNCcorp não sei dizer quantas vezes eu já consegui não me atrasar, afinal esse era um pequeno problema que eu tinha com tudo o que quer que fosse. Eu me atrasava para quase tudo, eu até me atrasei por duas semanas ao nascer.

Adentrei para a sala e então soltei a respiração que não havia notado que tinha prendido durante o percurso nos corredores até aqui. Meus ombros também relaxaram da tensão presente no elevador. Camilo não me lançava olhares que facilmente me deixariam calma, mas deixando isso de lado agarrei nos meus apontamentos dos dias anteriores e também a grande cartolina que não faço ideia de como saiu da sala de projetos até a minha na noite anterior, não dei muita importância porque afinal de contas pouco realmente importava.

Ajeitei tudo da melhor forma que conseguia em meus braços e quando já estava para sair alguém bate na porta, em perfeitas circunstâncias, comecei a me perguntar como abriria a porta para sair dali com tudo aquilo nos braços. Precisaria agradecer ao belo anjo que me veio salvar numa situação dessas.

— Entre.

A porta soltou o som dos seus costumeiros chiados e a figura de Bianca apareceu, segundos depois já estava dentro da sala apoiada na mesma porta que abriu.

— Samantha Borges, a mulher com o poder de enlouquecer o chefinho bonito e bilhonario, estaria interessada em... — a ruiva que me olhava com certa empolgação fez uma pausa para reparar na situação de eu ajeitando as toneladas que carregava antes de continuar — nossa fuga ao trabalho?

— O que seria isso afinal?

— Como o nome diz, nós não vamos trabalhar e muito menos precisar de tudo isso que está literalmente te esmagando. Coitada da sua coluna.

— Vocês têm noção de que Buarque sénior está aqui certo? Quer dizer, esta é o prédio central da empresa mas ele não costuma trabalhar presencialmente faz muitos meses, ou isso ou está em viagem. O que poderia estar acontecendo?

Soltei o que trazia em mãos sobre a mesa sem cuidado algum jogando um copo descartável de café ao chão  quando me apoiei a mesma soltando um som de frustração pela boca, erguendo as sobrancelhas em uma mistura de frustração matinal e curiosidade.

— Não faça perguntas demais, pela primeira vez em já muito tempo não temos uma montanha de trabalhos e projetos encalhados um atrás do outro e como hoje simplesmente iríamos trabalhar naquele nenémzinho aí o Buarque filhinho nos deu o horário da manhã livre. — ela apontava descaradamente para os esboços e a planta em que eu me matei desenhando.

Abanei a cabeça em derrota, eu precisaria tomar um verdadeiro pequeno almoço. Saímos da sala para qual eu tive de voltar para pegar meu celular e minha bolsa, recebi uma mensagem assim que o peguei.

Achei que fosse o cavaleiro misterioso perguntando como eu estava tal como fazia sempre que podia estando livre de suas muitas responsabilidades, sem saber eu quais eram, mas, infelizmente não era.

NÚMERO DESCONHECIDO: Olá Samantha!
Vamos jogar?

—Mas que...

—Mas que

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