26| NÃO É VISITA NENHUMA

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Depois do inconveniente no trajeto do aeroporto para a casa dos pais de Camilo não houve mudanças significativas na animidade entre o que Yola dizia e fazia que me afetava.

Por sorte ou azar do destino os pais de Camilo não estavam presentes quando chegamos e deixamos Yola até pouco antes do almoço por insistência dela. Fomos recebidos pela governanta da casa e também servidos por ela, depois do chá da manhã fui arrastada para conhecer o quarto da cassula da família.

Era vasto e muito bem arrumado tal como o restante da residência, a cama estava estendida com lençóis brancos e azuis celeste, com detalhes e bordados de flores em dourado. Um closet preso a parede perto da penteadeira, duas bancas a volta da cama, uma porta que dava para o banheiro com banheira, chuveiro e até a funcionalidade de hidromassagem. Uma grande janela refletia a zona noroeste da casa que se estendia em um vasto jardim de gardênia azul desabrochando.

— Você ficou incomodada com a minha pergunta? — durante o chá não tocamos no assunto e agora ela aproveitou que estamos sozinhas longe de Camilo que entrou em longas chamadas que eu bem aposto que lhe vão roubar a paciência muito rápido.

— Não fiquei nem um pouco. A não ser que me diga que tudo aquilo passou de uma aparente brincadeira e você estava mesmo se insinuando para cima de nós, nos pressionando quanto a nossa vida privada.

Respondi naturalmente sem realmente pensar muito nisso e gostei da forma como as palavras saiam calmas e compassivas da minha boca sem transparecer quaisquer acusações ou indignações, os remédios estavam fazendo seu trabalho finalmente. Yola também pareceu ponderar sobre isso e abriu um sorriso singelo ao voltar a olhar para mim.

— Me desculpe sinceramente, Samantha. — ela começou e me chamou para me sentar ao seu lado na cama — Acredite em mim quando digo que fiquei muito feliz em ver você com meu irmão. Como estavam de mão dadas e bem... Eu estou sempre entusiasmada a espera para conhecer minha cunhada e ter mais alguém que me entenda na família, eu me deixei levar, essa poderia ser a palavra. É bom ter outra mulher jovem por perto e nós só nos conhecemos á uma hora.

— Aposto que eu não entendo completamente o que você sente nem pelo que é passar sendo a única mulher jovem vivendo nesta mansão e, talvez nem queira vir a descobrir, mas eu fico feliz por nos darmos bem.

— Sim, eu também! — ela coloca uma das mãos por cima da minha e seu sorriso parece feliz e radiante no rosto — Talvez eu possa lhe contar algumas coisas para nos aproximarmos mais ainda e tu também contas-me algumas.

— Tudo bem, vamos a isso.

— Então, ouve uma certa vez em que eu e Camilo saímos...

Observei seus olhos se alastrarem com a alegria de me contar as peripécias que ela tinha vivido com o irmão e eu me detinha em fazer perguntas por cada vez que ela ficava pela metade e começava a contar algo totalmente novo e diferente do assunto anterior, dividia do seu divertimento e aos poucos nos jogamos sobre os lençóis macios da cama com as imensas gargalhadas que transbordavam para fora das nossas gargantas.

Mas em algum momento as risadas cessaram e o assunto foi se tornando mais sério e profundo, ela falava do irmão com admiração renovada e um brilho aconchegante nos olhos. Era nítido que ambos gostavam muito um do outro e pelo que Yola me contava, Camilo sempre fora uma espécie de irmão protetor que cuidava dela.

Nunca parei para pensar na forma como muitas das vezes era Camilo quem vinha ao meu resgate. Isso aconteceu muito particularmente no início da minha carreira na CKNCcorp quando eu mal era olhada pelos demais funcionários residentes. Camilo, desde o primeiro instante mostrou-se muito simpático e acessível para mim e nunca foi longe demais no quesito violações de privacidade ou direitos e eu lhe agradecia profundamente por isso.

AMOR AO SEU DISPÔROnde histórias criam vida. Descubra agora