Acordo a meio da noite confusa e desorientada. Não reconheço o lugar em que estava e assim que me sento sobre a cama macia sinto um onda de dor percorrer a cabeça.
Quando me recupero consideravelmente do desconforto olho ao redor e pela pouca luz me recordo de tudo o que tinha acontecido naquela noite.
— Meu Deus, eu estou no quarto de Camilo! — exclamei assustada.
Um relógio luxuoso preso a parede apontava as horas, 01: 34 para ser mais específica. Me arrasto para fora da cama apesar de sentir meu corpo protestar e desejar me jogar novamente e dormir por um dia inteiro.
O abajur luminária ao lado acende assim que passo a mão por lá em reflexo, iluminando o quarto clássico que pertence ao meu chefe, sim, eu poderia me considerar sortuda por algum motivo.
Já estive muitas vezes nesta mesma casa, maior parte delas para fazer trabalho remoto para Camilo que mesmo doente se recusava a ficar em repouso absoluto. Quando saio para o corredor muito bem iluminado sinto arrepios eriçar meus pelos em resposta ao choque térmico quando entrei em contato direto com o piso frio de mármore Bosch.
Segui com muita cautela pelo que me lembrava daqueles corredores e tive que conter um grito quando desci até a cozinha e encontrei Camilo sentado á mesa com um chávena de café em mãos, apreciando o gosto amargo sem açúcar da bebida, apostava. Me lembro de todas as vezes que tive que ser eu a preparar ela para ele quando ainda era só uma estagiária recém chegada a CKNCcorp, depois de ser a melhor no exame escrito de admissão.
— Acordou um pouco cedo demais. — constatou, sua voz mais rouca do que normalmente era.
Talvez ele também tivesse acabado de acordar.
— Não consigo voltar a dormir. — contei uma meia verdade.
Não costumo dormir profundamente em qualquer lugar. Até agora me surpreendi com o fato de ter passado uma noite inteira dormindo sem surtos ou ataques na casa de Henrique.
Pensando nele, fiquei de responder a uma chamada sua quando chegasse e agora eu mal sabia onde estava meu telefone.
— Prefere um chá ou vai me acompanhar com um café?
Me assusto com a pergunta do chefinho me livrando dos meus pensamentos. Quando procuro por ele sentado a mesa vejo que ele havia se levantado, estava perto da bancada virado de costas para mim, também estava com o torso desnudo e poxa, qual o problema dos homens em usar uma camiseta? Não matava ninguém, a menos que esse alguém seja eu.
Desviei os olhos tão rápido quanto os tinha levado até ele.
— Um chá por favor.
Me sentei de frente para onde ele estava e abracei meu corpo me dando conta do quão frio estava e novamente lá estava eu vestida de roupão e roupas íntimas em uma casa que não era minha.
Corei ao pensar nisso e Camilo pareceu confuso com esta reação minha quando deixou um pequeno tabuleiro com chá e biscoitos a minha frente.
— O que se passa? — indagou.
— O quê?
— O que foi aquilo mais cedo? — Ele exigiu e quase me engasgei com o líquido quente que me queimou a língua.
Ainda não Camilo, ainda não estou em condições de falar sobre isso.
— Aquilo o quê? — me fiz de desentendida e levei um biscoito a boca gostando do sabor de manteiga quando ele se derreteu suavemente na minha boca.
— Então vai ser assim?
Não respondi e continuamos assim em um silêncio que não era desconfortável até que fui pega no flagra olhando para Camilo por ele mesmo que olhava pela parede vidrada, a penumbra da madrugada que cobria o seu jardim, mal dei atenção para esse detalhe pois eu já sabia bem o quão estonteante era a mansão do meu chefe.
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AMOR AO SEU DISPÔR
Romance"No coração pulsante de Luxemburgo, um país encantador e cheio de história, Samantha Borges, uma engenheira resiliente com um passado traumático, encontra-se no centro de um intricado triângulo amoroso. Samantha é uma força inabalável, uma mulher qu...