20| SÓ 5 MINUTOS

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— Ei, Henrique, você ainda não respondeu a minha pergunta.

Ele levantou uma sobrancelha e foi difícil não sorrir ao ver o quão bem lhe ficava andar pelas ruas sem a pose de macho Alfa que normalmente tomava conta de si. Poderia muito bem ser algo natural e eu apostava que ele não se dava conta a maioria das vezes de como parecia ser alguém sério com um olhar penetrante e uma expressão sisuda que o deixava mais atraente apesar de tudo.

— Que pergunta seria essa, senhorita Samantha? — ele falou, sua voz condizendo com o clima calmo da noite que começa a tomar conta do céu pintado a um roxo muito azulado quando chegamos a minha casa. Parece que afinal não haveria chuva para nós hoje.

— Você é mesmo Italiano?

— Ah, então era isso. — acenei em concordância mesmo que ele tivesse afirmado e não perguntado — Sim, eu sou italiano senhorita Samantha.

Ele me chamou por senhorita pela terceira vez naquele dia, foi impossível não corar ao constatar o quão bonito era ouvir o meu nome soar assim da sua boca e pela primeira vez desde que o conheci, notei o delicado sotaque escondido naquele inglês britânico muito suave.

— É fantástico. — elogiei, desviando os olhos dos dele que me encaravam como se pudessem ler-me a alma e saber o que pensava dele naquele momento. — Isso explica muita coisa, o fato do seu corpo não ser a única coisa deliciosa é uma delas.  Talvez um dia eu possa aprender um pouco de italiano. Poderia ser algo nosso misturar um pouco dos dois.

Ele assentiu pensativo e quando pensei que deveria despedir-me ele se aproximou de mim, dei um passo para trás e ao notar esta ação defensiva involuntária ele parou e me encarou sem que eu pudesse dizer o que ele tinha achado daquilo.

Eu não estava assustada, apenas um pouco confusa por termos tomado iniciativas diferentes e então um clima pesado e absurdo tomou o lugar da nossa conversa acalorada que foi capaz de me acalmar o stress desde que saímos do parque e deixamos Korey e Helena para trás. Os dois pareciam ser muito próximos, pois já era a terceira vez que me deparava com eles juntos, só que isso não vinha ao caso agora. Não interferiria no que nós tínhamos, não interferiria no que era meu e de Henrique e que estávamos construindo aos poucos com confiança e sinceridade. Eu notava isso dá parte dele, só esperava que eu estivesse retribuindo da mesma forma.

Por algum motivo naquele momento a imagem de Camilo me veio a mente e eu me desprezei por pensar em outra pessoa além daquela que estava comigo ali, bem na minha frente, se preocupando e cuidando de mim.

Foi automático. Não pensei muito quanto a isso e simplesmente me deixei agir.

Segurei as mãos de Henrique, reconhecendo a textura da sua pele e a aprovando, acariciei com toda a delicadeza que poderia ter o seu dorso, então me aproximei com passos suaves e me coloquei em pontas dos pés para poder chegar a sua altura, ou poderia dizer que realmente tentei porque ele se abaixou para que eu pudesse deixar um beijo demorado em seu bochecha com igual delicadeza. Foi impossível não sentir o seu aroma cítrico inundar as minhas narinas de forma embriagante e por um momento eu quis sentir mais daquele perfume.

Talvez eu devesse realmente ponderar a possibilidade de ele ter lido minha mente porque soltou as minhas mãos vagarosamente e me abraçou com uma gentileza de partir o coração. Ele não sabia de muito, não sabia de nada e eu não sei como, mas ele sabia que eu precisava daquele abraço para não me desmanchar em lágrimas no restante da noite. Eu precisava daquele contato para me aguentar firme por mais algum tempo e eu lhe era muito agradecida por aquilo.

— Obrigada. Muito obrigada, Henrique.

Ele intensificou o aperto de suas mãos em volta de mim, se acomodando nas minhas costas e cintura, ele aprofundou o abraço e mergulhou o rosto na curvatura do meu pescoço. Me arrepiei quando ele aspirou nececitadamente os meus cabelos e aquilo me proporcionou um calafrio muito longe de ser desagradável, coisa que eu achava ser impensável.

— Não me agradeça senhorita Samantha, por favor não me agradeça.

Assim, continuamos abraçados por longos minutos e eu me permiti abraçar o seu pescoço e descansar a cabeça no seu ombro, aproveitei cada segundo daquele abraço para me aquecer e confortar e mal nos afastamos senti falta de estar próxima a ele novamente que se preparava para me despedir.

— Se não se importar, irei ligar para si assim que estiver em casa para saber como está.

Ele propôs e eu prontamente aceitei, confirmando.

— Claro, eu também me preocuparia em saber se chegou bem a casa. Vá com cuidado, por favor. — pedi.

— Não se preocupe com isso senhorita Samantha, tomarei todas as precauções.

Eu sorri ao ouvir ele me chamar assim. Eu bem poderia me habituar a tamanho cavalheirismo.

Ele andou os primeiros passos em direção ao corredor e então se virou para mim , que o observava atenta, com um sorriso sugestivo nos lábios.

— Sobre aprender italiano, eu teria muito prazer em ensinar para você.

— Mesmo? Eu adoraria que fosse meu orientador.

— E assim você poderia me acompanhar a Espanha daqui a cinco meses, o que me diz?

O meu queixo caiu e se fosse um desenho animado ele estaria rolando pelo chão de certeza. Ele acabou de me convidar para ir com ele para Espanha se prontificando para ser meu professor particular. Se aquilo era só mais um sonho, eu não queira acordar.

— Sim, sim sim, sim, sim. Rsrsrs eu teria imenso prazer.

Ele retribuiu o meu entusiasmo e acenou tomando novamente rumo ao elevador. Continuei na porta de casa a vê-lo se afastar e quando ele já apertava o botão para chamar a grande caixa metálica, saí em disparada para alcança-lo só tendo atenção de fechar a porta e levar as chaves comigo.

— Henrique, espere... Espere por mim!

— Senhorita Samantha? — ele se virou atordoado provavelmente pelos meus gritos desnecessários. — o que se passa?

— Espere, em vou acompanhar você até ao sagão de entrada.

Quando o alcancei, parei para descansar com as mãos apoiadas nos joelhos e ele se acercou de mim com uma mão na minha lombar superior.

— Vamos lá, respire.

Ambos rimos daquilo e quando me recuperei o elevador chegou e juntos fomos até a entrada do prédio onde eu moro. Ele entrou para o carro e eu acenei o vendo partir me sentindo mal pois queria ter lhe dado outro abraço antes de o ver ir, mas ao tentar aceitar essa realidade e, dar as costas para voltar ao meu apartamento ouvi alguém chamar o meu nome me fazendo olha-lo.

— Samantha, aqui. Aqui Samantha, aqui.

Encontrei o dono da voz masculina e quando reconheci Sandro, eu sorri mais ainda ou até reconhecer quem estava acompanhado dele um carro a frente.

— Samantha, vamos lá, eu explico pelo caminho.

Fiquei confusa a princípio, mas corri para o elevador o mais rápido que podia sentindo a euforia tomar conta de mim.

— Só 5 minutos e eu já irei descer, vou pegar a minha bolsa.

Antes de ver o elevador fechar ainda ouvi os sons intencionais do motor potente da BMW do meu chefezinho bonitão, Camilo Buarque, ressoarem, me apressando talvez.

Antes de ver o elevador fechar ainda ouvi os sons intencionais do motor potente da BMW do meu chefezinho bonitão, Camilo Buarque, ressoarem, me apressando talvez

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