17| LONGA HISTÓRIA

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{Samantha Borges}

Ouvi o som da porta e saí as pressas do banheiro para ver quem era, embora eu já suspeitasse que fosse Henrique. Havia acabado de me banhar e só estava terminando de me arrumar de frente ao espelho. Agora com o cabelo bem mais apresentável.

Ao passar pela sala tive um pequeno desgosto ao ver algumas coisas fora do lugar.

Sem poder continuar, parei no final do corredor me perguntando mentalmente se eu deveria arrumar, decidi que sim, afinal eram apenas algumas almofadas e decorações que deveriam voltar para onde pertenciam. No fim da contas, Camilo me auxiliou em deixar tudo em ordem quanto possível na noite anterior.

Passei um ambientador com aroma a lavanda e automaticamente me lembrei de Lúcia e mamãe. Elas eram perdidamente apaixonadas por lavanda e eu tinha de admitir que não desgostava. A situação já começava a mudar de cara e até que eu já conseguia respirar melhor mesmo sem ter tomado os remédios.

'Tim Dom Tim Dom' ouvi o som da campainha novamente e me lembrei que havia alguém esperando para ser atendido á porta. Me olhei uma última vez ao espelho, estranhando com a minha preocupação voluntária crescente quanto a aparência recentemente e então abri a porta, já com um pequeno sorriso no rosto.

— Bom dia. Desculpe a demora.

— Muito bom dia, Samantha. Não se desculpe, a casa é sua. Posso?

— Claro!

Dei passagem para ele e o ajudei segurando o que ele trazia para que ele pudesse tirar o casaco e pendurar junto aos outros, onde já não se encontrava o que ele havia me emprestado na noite do hospital.

Não tinha quaisquer pretenção de devolvê-lo afinal.

Senti um arrepio na espinha ao pensar naquilo e logo desviei a minha atenção quando Henrique chamou por mim.

— Como está se sentindo agora? Espero não ter lhe feito esperar demais.

Maneei a cabeça em negação e indiquei que fôssemos a sala então ele tomou as sacolas consideravelmente pesadas de mim e eu permaneci com o que pareciam ser os meus medicamentos.

— É claro que não. Eu havia acabado de acordar, como espera que eu o fosse receber sem ao menos cuidar de mim?! — brinquei.

Ele concordou e eu indiquei a mesa onde ele deixou metade do que trazia.

— Eu sei que deve estar com fome e talvez ainda não tomou nada de pequeno almoço então eu gostaria de preparar algo para você comer, se me permitir invadir sua cozinha por algumas horas.

Vi a expressão de naturalidade de Henrique se mesclar com um tom icónico e eu tive vontade de rir sem graça. Ele sabia cozinhar e estava se disponibilizando para cozinhar para mim, logo na primeira vez que visitava minha casa.

Admito que estou me sentindo um pouco mimada nos últimos tempos e que ter o conhecido pode ter sido a minha maior sorte. Acho que não foi a toa ter sofrido o que sofri para a realização daquele baile afinal.

Acenei que sim com a cabeça e o acompanhei até a cozinha ainda sem conseguir dizer uma palavra. Me dei conta que andava com as sacolas de remédios de um lado para o outro então as coloquei por cima da bancada quando me sentei e fiquei observando Henrique retirar produtos de pastelaria de uma das sacolas que estavam consigo.

— Ela é toda sua.

Me lembrei de agradecer.

— Obrigada por ter comprado os remédios para mim. Talvez agora você tenha perguntas para me fazer. — ele parou o que fazia por alguns momentos e olhou de forma compreensível para mim — Não me importo de respondê-las, então não há problemas.

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