Duas semanas depois do espalhafatoso ocorrido do meu quase acidente eu já estava de volta ao trabalho, ou pelo menos estaria dentro em breve.
Ainda faltavam trinta minutos para as cinco da manhã quando acordei nesta segunda-feira e acho que depois de muito me interrogar, finalmente descobri o porquê desse dia não ser o preferido de muita gente.
Me arrastei para fora dos lençóis em meio a um bocejo e um esfregar de olhos, tateei com os pés e calcei as minhas pantufas depois de as encontrar, ergui o corpo me sentindo sonza e bastante tonta, só preferi ignorar este facto, de certeza em breve aquele mal estar passaria. Ele não era assim tão incomum.
As cortinas estavam fechadas e eu não liguei às luzes para caminhar até o banheiro.
Decidi finalmente me mudar e por isso eu e Eunice passamos o final de semana rodeando entre os bairros pela cidade, visitando várias residências e alguns apartamentos muito maiores que o meu eu venda definitiva tal como eu consegui este, por fim ficamos com algumas opções que daríamos mais crédito, mas nada ainda estava decidido, faltava por volta de vermos mais 8 para então tomarmos uma decisão. É claro que a opinião de minha melhor amiga valia muito mais que a minha em uma situação dessas. Mesmo que seja eu quem vai dar a última palavra, só será entre uma das opções finais que ela apresentar para mim.
Já no banheiro, enquanto ainda pensava na situação de mudança, lavei o rosto e fiz uma higiene matinal básica, esqueci de trazer a toalha para poder me banhar então regressei ao quarto para pegar, mas como eu acreditava ter demorado bastante no banheiro decidi que já podia mexer no celular e conferir as horas. Para a minha surpresa recebi uma ligação assim que o peguei.
— Ah, alô? — Perguntei depois de atender sem me preocupar em ver quem ligava.
— Alô! Samantha? Espero que não tenha lhe acordado tão cedo. — Sorri. Era Henrique!
— Oh, não não, eu já estava acordada mesmo, me levantei a pouco, então está tudo bem. — o acalmei. — Porquê uma ligação tão cedo?
— Eu sabia que poderia incomodá-la, mas é que eu fiquei animado para lhe contar sobre os avanços no projeto. — ele explicou.
— Oh, sério? Mal posso esperar, conta-me. — pedi, com um sorriso carregado no rosto cansado, me sentando na cama.
— Bom, ainda é muito cedo como você pode imaginar, na verdade, até sexta tivemos nossa última reunião corporativa avaliando as ideias iniciais para o projeto. — ele começou a disser e eu prestei atenção a cada palavra. — Por incrível que pareça consegui a proeza de fazer com que meu pai também participasse e avaliasse a proposta do projeto. Ele aprovou. Agora ele é oficialmente um projeto em andamento nas empresas e indústrias Monteiro's Eletronic. Tenho certeza que vai ser um trabalho puxado até podermos apresentar ele ao mundo de serviço, que projeto não é complexo afinal? Mas já me sinto muito orgulhoso a princípio.
— Eu também estou muito orgulhosa de você, Henrique. — elogiei sendo o mais sincera possível. Estava realmente feliz por Henrique confiar tanto em mim para me contar sobre o que poderá ser seu maior projeto de carreira, mesmo que eu não possa me considerar uma das suas grandes amizades. Ainda éramos muito recentemente, apesar das aparências e de uma suposta "aproximação repentina". — Fico muito feliz que você me conte sobre isso. Tenho a plena certeza que será o maior sucesso.
— Eu fico ainda mais feliz em saber que posso confiar em ti, senhorita Samantha. — confidenciou, me chamando de senhorita pela primeira vez no dia. Ele era tão educado. Aposto que das vezes que me chamava diretamente pelo nome eram as suas subtis tentativa de demostrar a nossa aprovação sem ser evasivo. — E por isso mesmo gostaria de lhe fazer um pedido, mas não aqui e agora. Quero que seja pessoalmente. Quando poderei lhe ver?
— Assim você me deixa curiosa. Que tal a minha hora de almoço? Eu lhe mando uma mensagem assim que puder.
— Muito bem, então ficarei aguardando.
— Até mais tarde. — quase me despedi mas tornei a ligação logo em seguida — E, Henrique?
— Sim, senhorita Samantha?
— Toma cuidado por favor. As ruas de Luxemburgo não são uma pista de corridas da Fórmula1. — o repreendi com uma voz não tão severa. — Não se usa o celular enquanto se dirige.
A esta altura já tinha me levanto de novo e já estava de frente ao espelho reparando na borbulha enorme no meu queixo e uma toalha sobre o ombro esquerdo.
Percebi que ele ficou sem graça com a minha repreensão. Eu podia ouvir claramente a redução do ruído pela chamada quando ele foi diminuindo a velocidade do seu carro. Era um esportivo SUV, próprio para corridas também, eu acho, não que eu entenda muito do assunto, mas isso não lhe dava o direito de sair em disparada colocando a vida em perigo mal o dia nasceu.
— Muito obrigada senhorita, perdão por fazê-la se preocupar. Prometo que não passarei da velocidade outra vez e não vou descumprir o regulamento de condução.
— Certo, vou confiar em ti, até. — e então desliguei. — Olá amiguinha, tinha que ser logo hoje? — falei, né dirigindo ao inchaço dolorido no meu queixo. — Vou lhe chamar Petúnia enquanto estiver comigo, provavelmente eu me descudei na skincare algum desses dias. Agora vamos lá começar o dia como deve ser.
(...)
Segunda-feira
05:27 min.
Algures na cidade de Luxemburgo— Alô?
— Alô uma ova. Eu estou ligando a mais de trinta minutos.
— Perdão, eu estava dormindo.
— Ah, não posso acreditar, quanta imbecilidade. — resmungou. — Me dê uma boa notícia para melhorar o meu dia que você acabou destruindo.
— Está tudo pronto. Todas as partes do plano já foram postas em posição e ele pode ser começado a qualquer momento.
— Já não era sem tempo. — disse em arrogância. — E a minha presa?
— Está sob extrema vigilância tal como foi orientado. Está tudo correndo do jeito planejado.
— Perfeito. Quero que tudo continue do jeito que está. Não ousem se desleixar em momento algum ou eu posso lhe prometer que não lhe sairá barato, nem a ti nem ao seus homens. Eu juro. Mantenha-me em contacto.
A voz carregada de escárnio desligou logo em seguida sem dar tempo do homem de voz grave respondesse do outro lado. O mesmo, depois de receber as orientações, se levantou e foi até a sala de câmeras que fora montada observando que a presa a que se referiam estava nos conformes para agradar ao seu contratante.
— Não sei se essa mulher tem muita sorte ou muito, muito azar. Mas o que me importa é que o dinheiro está sempre caindo na conta. Não é nada pessoal, Samantha Borges!
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AMOR AO SEU DISPÔR
Romance"No coração pulsante de Luxemburgo, um país encantador e cheio de história, Samantha Borges, uma engenheira resiliente com um passado traumático, encontra-se no centro de um intricado triângulo amoroso. Samantha é uma força inabalável, uma mulher qu...