Quando acordei a primeira coisa que vi foi um buquê de rosas sobre a banca ao pé da cama, estava sozinha ou eu pensei que estive até o corpo de alguém perfeitamente engravatado entrar para a sala com um copo de café em mãos, uma delas descansando dentro do bolso. Vai que esta era uma mania que ele tinha.
— Por quanto tempo eu dormi?
— Três horas e meia. — ele respondeu, levando o copo a boca calmamente sem tirar os olhos de mim que me remexia na cama — O Buarque teve de sair a trabalho e a sua amiga disse que voltaria mais tarde para passar a noite contigo.
— E você? — indaguei fazendo-o elevar uma sobrancelha em interrogação — e você, porquê está no quarto de hospital de uma mulher que conheceu a tão pouco tempo?
— Que tipo de relevância isso tem? — ele se sentou de frente para a cama esquecendo o café que tomava perto das flores que ele mesmo havia trago — como está se sentindo afinal?
Olhei para o homem arrumado a minha frente sem conseguir dizer uma palavra sequer. Diferente do como foi durante a gala agora eu poderia parar e apreciar os traços detalhados e maduros do seu rosto, o nariz afilado dando um ar extrema autoridade, ombros largos e rígidos, talvez pelo cansaço, uma postura firme e decidida ainda assim leve e relaxada pela forma como se inclinava na cadeira, cotovelos apoiados aos joelhos, de certeza ele não perdia um dia de academia, pois cada parte de seu corpo se complementava a outra e nem mesmo o terno vermelho carmesim escondia as excelentes divisões dos músculos.
— Tenho a sensação de que meus olhos ainda não deixaram a minha cara. — disse ele usando de ironia.
— Ah, eu me assustaria se isso não fosse verdade. Haha.
Ele sorriu enquanto não tirava os olhos de mim, aquele silêncio começou a ficar estranho, não desconfortável, o que já era de se admirar, mas era estranho.
— E quanto a você? — perguntei novamente, minha voz mais firme dessa vez. — Por que está aqui?
Ele pareceu ponderar por um momento, seus olhos percorrendo meu rosto antes de finalmente responder.
— Eu estou aqui porque me preocupo com você, Samantha. — ele disse, seu tom de voz suave. — Independentemente do pouco tempo que nos conhecemos.
Fiquei em silêncio por um momento, surpresa com sua resposta. Ele tinha uma expressão séria no rosto, como se estivesse falando a mais pura verdade. E de alguma forma, eu acreditei nele.
— Obrigada — murmurei, meus olhos encontrando os dele. — Eu aprecio isso.
Ele assentiu, um pequeno sorriso aparecendo em seu rosto.
— Eu sei que você está passando por um momento difícil agora, Samantha. — aquele tom suave sempre presente — Mas eu quero que você saiba que você não está sozinha. Eu estou aqui para você.
E naquele momento, eu soube que ele estava falando a verdade. E mesmo que fosse estranho, mesmo que não fizesse sentido, eu estava grata por ele estar ali. Porque naquele momento, eu precisava dele mais do que nunca.
Confiante, senti a necessidade de falar com ele sobre o ocorrido de dois dias atrás, que me levou até ao hospital.
— Henrique Monteiro... — pronunciei seu nome como se estivesse pensando nele a tempos — sobre isso, eu...
Uma enfermeira entrou para o quarto destruindo a perfeita atmosfera que havia surgido para eu falar com alguém sobre aquilo. Alguém que me quisesse ao menos ouvir. Para falar de algo que eu não queria dizer.
(...)
Ela fez alguma vistoria em mim e pelos vistos eu já estava muito melhor em relação a noite de ontem quando pude permanecer acordada, sem desmaios.
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AMOR AO SEU DISPÔR
Romance"No coração pulsante de Luxemburgo, um país encantador e cheio de história, Samantha Borges, uma engenheira resiliente com um passado traumático, encontra-se no centro de um intricado triângulo amoroso. Samantha é uma força inabalável, uma mulher qu...