12| A GRANDE NOTÍCIA

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— Hum... Admito que não estou certa disso, enfim...

Estávamos sentados em um banco de jardim, apreciando a movimentação da avenida daquela tarde; Depois de termos saído, Korey me explicou o motivo de ter finalmente voltado para Luxemburgo depois de ter passado tantos anos na Coreia.

Seu pai era um homem rígido e de princípios firmes, por causa disso queria que ele se casasse logo com uma mulher coreana e lhe desse netos. Obviamente, Korey não tinha qualquer candidata em mente e para evitar que seu pai lhe amarrasse á um casamento por contrato, ele teve que tomar a dianteira nos negócios de família, e a sua grande cartada seria a expansão para outros países da Europa.

— Eu sei que pode ser demais pedir isso a você, mas, se em 12 meses eu não tiver algo concreto em que me basear, pode ser que eu me submeta as vontades do meu pai.

— Não há nada como fazer as coisas por vontade própria e quem lhe diz isso sou eu, alguém que está sempre em dúvida do que fazer ou não fazer. Tudo o que eu não entendo é em como eu lhe posso ajudar?

— Para passar os negócios para outros lugares o principal sempre será a estabilidade e quando falamos nisso estamos nos referindo a uma referência exata.

— A um local específico.

— Isso mesmo, e como você trabalha para uma das melhores empresas nesse ramo pensei que com a sua ajuda seria mais fácil conseguir os serviços.

Okay. Ele tinha um ponto e tudo que eu poderia fazer é sorrir e tomar mais um gole no meu expresso meio amargo. O céu estava lindo como se fosse uma pintura brilhante com tons de vermelho e laranja aparecendo no horizonte e só respondi depois de longos segundos olhando para ele.

Já era hora de estar em casa se eu não quisesse me atrasar para a minha medicação e para o meu lindo combinado.

— Ainda não tenho certeza como espera que eu faça isso e muito menos onde aquela mulher, — gesticulei pensando na modelo exibicionista que deixamos na loja do outro lado — entra nessa história toda, sinceramente eu nem quero, mas agora o que eu preciso é realmente voltar para casa.

— Entendo. Eu poderia levar você, apenas...

— Oh, não, não não. Não te preocupes com isso. Olha, já vejo um táxi vindo na nossa direção.

Acenei e o motorista parou bem no nosso lado da calçada, entrei e abaixei as janelas quando me lembrei de algo.

— Korey? — Chamei e ele olhou para mim — há alguém que certamente vais gostar de ver, eu te mando o número mais tarde, por mensagem.

Ele acenou em concordância e assim o carro partiu e a primeira coisa que fiz foi agradecer e correr para dentro do prédio.

— Ihhh Vá lá...

Subi para meu apartamento e tomei um dos banhos mais rápidos que já tomei. Bebi os remédios e me pus a preparar o jantar lembrando que hoje haveria um convidado a mais para acompanhar eu e Eunice a noite.

(...)

Não posso dizer que sou a melhor cozinheira que conheço, na verdade até podemos levar em conta que eu e a cozinha não somos grandes amigas, no entanto isto teria que servir.

Preparei legumes estudados, frango assado com batatas fritas e molho branco, salada de maionese com azeitonas, arroz de ervas, uma salada simples e para a sobremesa tudo o que pude fazer foi um pudim de três leites.

Para quem disse que não gostava de cozinhar eu me esforcei bastante para um jantar para apenas três pessoas, mas quem pode me julgar? Não é sempre que se pode ter um jantar com o seu chefe e de certeza esse precisava ser o melhor jantar que Camilo tem em muito tempo, para que não recuse o que tenho para lhe pedir.

Olhando para a mesa posta a minha satisfação não poderia ter sido maior por ter mudado a minha loiça para uma porcelana linda e talhada aos detalhes, comprei um grande conjunto de 100 peças em um aplicativo já contando com a entrega. Levou o seu tempo para chegar, de dois a três meses e agora finalmente tinha aparecido a oportunidade perfeita para as usar.

Quando falei com Korey faltava pouco para as três da tarde e agora eu tinha pouco mais que uma hora até às 8 para me preparar. Saí correndo de volta para a cozinha e me pus a lavar toda a loiça que usei para preparar o jantar, não foi pouca, mas eu terminei e sem perder tempo me coloquei debaixo do chuveiro.

Não era para ser um jantar formal então corri para o banheiro querendo aproveitar todos os momentos e tomei um dos banhos mais rápidos da minha vida, quando saí me deparei com meu celular tocando, a princípio pensei que fosse Eunice desmarcando, afinal eu sabia que ela também poderia ter um compromisso importante, mas no fim de tudo era Lúcia me ligando.

— Alô?

— Alô uma ova, eu estou ligando a mais de 30 minutos. O que diabos estaria fazendo para não me atender a chamada?

Caminhei até a cama e me sentei consciente de que provavelmente teria que ouvir um monte de reclamações de Lúcia depois, não queria ter que dar-lhe explicações sobre o jantar. Por vezes ela conseguia agir como a irmã mais velha protetora.

Suspirei olhando para as horas no relógio preso a parede e quase tive um sobressalto pensando que o meu banho não havia sido assim tão curto.

— Lúcia, eu sei que você ainda tem grande parte desse sermão para me dar, só que agora eu preciso que você vá direto ao ponto, tenho um encontro muito importante em menos de meia hora.

Bati o pé sobre o tapete vermelho a espera que assim ela dissesse o motivo de ter ligado insistentemente quando conferi que haviam no mínimo 5 notificações de chamadas perdidas dela na tela do meu telefone.

— Hum... Bom, eu queria que você soubesse que papai saiu ainda hoje do hospital. A mamãe me disse que vocês mantiveram contato, mas acredito que ainda não saiba, acabei passando o restante do dia com eles e agora estou voltando para casa.

— Tudo bem, obrigada por ter pegado eles lá. Eu prometo que falo com eles ainda hoje.

— Eu sei disso, mas, eu queria que você também estivesse presente para ter ouvido a grande notícia.

O som da voz da minha irmã veio do outro lado com um tom de risada e eu não resisti em sorrir também, pensando nela gesticulando de forma teatral antes da revelação da tal 'grande notícia '. Me levantei e andei apressadamente para o meu armário e eu achei que teria um derrame aí mesmo mexendo entre todas as minhas roupas que, naquele momento conseguiam parecer todas desapropriadas.

Me abaixei para pegar o meu celular entre dedos trémulos e uma expressão engraçada e chocada quando ele caiu pelo meu susto.

— O-o quê? — indaguei só para ter certeza que tinha ouvido certo — o que você disse, Lúcia?

— Saman...Sam..ma...nt... Samantha...o... Te ... go.

— Lúcia? Está tudo bem?

A ligação foi interrompida abruptamente e eu fiquei longos momentos espetada ao pé do armário com o celular ainda na orelha, tentando entender o que tinha acontecido. Mas não tive muito tempo para ficar aí entorpecida pois o som da companhia me trouxe de volta a realidade.

 Mas não tive muito tempo para ficar aí entorpecida pois o som da companhia me trouxe de volta a realidade

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