29 - Stay

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[ Stay - Rihanna ]

POV NARRADOR

Mon esperava do lado de fora do hospital, encostada em seu Porsche preto, esperando pacientemente que Sam saísse do trabalho. Ela sabia que a conversa que teriam era inevitável e necessária. Quando viu Sam se aproximando, sentiu uma mistura de alívio e angústia. Era finalmente o momento de esclarecer tudo sobre seu passado.

"Oi, Sam." Mon começou, com um leve tremor na voz. "Eu pensei que poderíamos ir a algum lugar calmo, um restaurante, onde poderíamos ter privacidade para conversar."

Sam parou por um momento, observando Mon com cuidado. Seus olhos captaram a ansiedade e o medo nas feições da outra. "Prefiro que conversemos na minha casa. Lá teremos privacidade e estarei à vontade para isso."

Mon concordou, mas internamente sentiu uma pontada de angústia. Nunca imaginaria que um convite de Sam para sua casa pudesse lhe causar tanto medo. Ela abriu a porta do carro para Sam, que entrou em silêncio. Mon fechou a porta com um suspiro pesado e contornou o carro para assumir o volante.

Elas seguiram viagem em meio a um silêncio ensurdecedor e desconfortável. A tensão entre elas era palpável, cada respiração pesada, cada movimento carregado de incerteza. Mon tentava focar na estrada, mas os pensamentos tumultuosos faziam sua mente rodar.

"Eu senti sua falta." Mon deixou escapar, as palavras soando mais como um lamento do que uma confissão.

A declaração atingiu Sam como um golpe direto no peito. A médica sentiu uma dor aguda, como se as palavras de Mon tivessem a força de um tiro. Pensou nos efeitos fisiológicos de um tiro: a penetração rápida da bala, a dor inicial e depois o trauma subsequente, o sangue que escorria, a fraqueza que se seguia. E assim, a angústia e o sofrimento que vinha passando eram como uma ferida aberta que não parava de sangrar.

O pensamento de Sam voltou à realidade da situação. Estava dirigindo-se para uma conversa que poderia mudar tudo. Seus sentimentos estavam em conflito. Sabia que amava Mon, mas as revelações recentes haviam abalado sua confiança. Como confiar novamente em alguém que havia estado tão envolvida nas sombras do seu próprio tormento?

Ao chegarem à casa de Sam, o silêncio continuou a envolvê-las. Mon estacionou o carro e olhou para Sam, tentando decifrar seus pensamentos. Sam apenas assentiu, um gesto silencioso que indicava que estava pronta para enfrentar o que quer que viesse a seguir.

Sam entrou primeiro, pisando cansadamente na sala de estar. Jogou a bolsa e o casaco sobre uma poltrona sem se importar com a organização, mostrando claramente o peso do dia que carregava.

"Fique à vontade no sofá, Mon. Vou pegar uma taça de vinho na cozinha. Quer uma também?" Perguntou Sam, a voz cansada mas tentando soar gentil.

"Sim, por favor." Respondeu Mon, sentando-se no sofá, sentindo a suavidade do tecido contra a pele. Tentou se acomodar, mas a inquietação dentro dela a deixava tensa.

Dentro da casa, a familiaridade do ambiente não ofereceu o conforto habitual. Mon sentiu um nó na garganta ao se sentar no sofá. Sam caminhou até a cozinha, pegou duas taças de vinho e as colocou na mesa de centro.

Sam retornou poucos minutos depois, segurando dois copos de água. Entregou um a Mon e sentou-se na poltrona de frente para ela, observando-a atentamente. A luz suave da sala iluminava o rosto de Mon, revelando sua palidez e o cansaço evidente. Havia olheiras escuras sob seus olhos amendoados, que agora pareciam ainda mais profundos e tristes.

"Mon, você tem se alimentado? Tem dormido?" Perguntou Sam, a preocupação clara em sua voz.

Mon desviou o olhar, sabendo que Sam não gostaria nada da resposta. "Prefiro não responder a isso, Sam."

Ecos da TormentaOnde histórias criam vida. Descubra agora