Duas semanas. Estou presa neste maldito lugar há duas semanas, contando cada segundo, sentindo minha raiva por Cassius e Declan crescer como uma chama incontrolável. A cada dia que passa, é como se algo dentro de mim se partisse um pouco mais.
Matilde vem todos os dias, me servindo refeições que mal consigo tocar, trazendo notícias escassas sobre minha tia Marie, mas nada do que ela diz consegue aliviar o vazio crescente.
Quinze dias. Quinze malditos dias sem os ver, sem uma única palavra. O silêncio deles é uma tortura, um lembrete cruel de como fui ingênua, de como fui estúpida ao acreditar que poderia ter algo além da dor ao lado desses homens. Como pude pensar que haveria felicidade ao lado de alguém como eles? Não têm coração. Nunca tiveram.
Minhas lágrimas secaram nos primeiros dias, mas a frustração continua a borbulhar dentro de mim. Passei tanto tempo achando que poderia ser livre, que poderia viver fora das garras desses monstros, e agora estou aqui, de novo, presa. Marionete de homens sem escrúpulos.
Saí do banho, tentando ignorar o cansaço que pesa sobre mim. Escovo meus cabelos mecanicamente, mas cada movimento só reforça minha frustração. Deitei-me na cama, encarando o teto, perdida no desespero de mais um dia aprisionada.
O ranger da porta me arrancou dos meus pensamentos sombrios. Virei a cabeça lentamente e encontrei Carly parada na entrada, com aquele maldito sorriso de satisfação que fez o ódio dentro de mim borbulhar como lava prestes a explodir. Meu estômago se contorceu, o enjoo que me acompanhava desde ontem agora parecia insuportável.
— Parece que voltou às suas origens, Sra. Lion. — O desdém em sua voz era tão afiado quanto uma faca, cada palavra gotejava veneno, me corroendo por dentro.
A irritação provocada pelo som da sua voz fez meu corpo inteiro reagir. A náusea subiu forte, mas o que me consumia ainda mais era o ódio, que pulsava em minhas veias como uma corrente incontrolável.
— Saia daqui! — rosnei, com a voz grave e carregada de ameaça. Senti meus músculos tensionarem, cada parte de mim preparada para atacar. — Ou vou contar ao seu chefe.
Carly soltou uma risada seca, cruel, que ecoou pelas paredes e me perfurou como se fossem punhaladas. Ela parecia se alimentar da minha fraqueza, cada risada um lembrete da sua crueldade.
— Você ainda não entendeu? Acabou. Os senhores Lion não têm mais interesse em você. — Suas palavras eram lâminas afiadas, e a maneira como assoprava as unhas e limpava o jaleco apenas reforçava o desprezo em sua voz. — Está aqui há semanas, e nenhum deles se deu ao trabalho de aparecer.
Minha respiração acelerou, o peito queimava com uma mistura insuportável de ódio e humilhação. O sangue martelava nas minhas têmporas, fazendo cada batida de meu coração soar como uma bomba prestes a explodir. Por fora, minha voz soou firme, mas por dentro, desmoronava em pedaços.
— Pouco me importa. Agora saia daqui! — ordenei, tentando manter a dureza, embora os escombros da minha dignidade estejam espalhados pelo chão.
Carly me observou com um sorriso vitorioso. Ela sabia o impacto que suas palavras tinham.
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Refém dos Leões
RomanceEla deseja, acima de tudo, a liberdade. Eles só querem vingança pela morte precoce de sua esposa. Rosalie Sinclair, determinada a fugir dos abusos de seu tio, vê em seu casamento com Hugo Dubois, um magnata poderoso, uma possível saída. No entanto...