Whispers of Reality │RORASA.

20.

POV Rora

O esconderijo de Asa sempre me parecia tão imponente, tão cheio de memórias de batalhas, estratégias e momentos em que ela salvava o mundo, sem ninguém nunca saber de verdade. Mas naquele momento, ele estava prestes a se transformar em algo muito mais significativo para nós duas.

Enquanto Asa estava em missão, eu tinha passado a tarde inteira ajeitando o local, tentando fazer tudo parecer especial sem que ela suspeitasse de nada. Não era fácil esconder algo de Asa, ainda mais com o jeito atencioso e calculista dela, mas eu tinha que tentar. Queria que esse momento fosse perfeito, algo que ela jamais esqueceria.

Velas discretas iluminavam o ambiente, enquanto algumas das nossas fotos — que eu havia cuidadosamente recuperado do celular e impresso — estavam espalhadas em molduras. Não muitas, apenas o suficiente para lembrar dos momentos simples que compartilhamos, longe do caos das nossas vidas. Sobre a mesa, havia um pequeno bilhete escrito à mão, mas eu sabia que as palavras verdadeiras viriam na hora certa, cara a cara.

Quando a porta do esconderijo se abriu, meu coração disparou. Asa entrou com o andar calmo de sempre, mas eu percebia o leve cansaço nos olhos dela. Ela parecia surpresa ao ver o lugar decorado, seus olhos passando rapidamente pelas luzes e fotos, como se tentasse entender o que estava acontecendo. Antes que ela pudesse falar, dei um passo à frente, meu coração batendo mais rápido do que eu jamais imaginaria.

— Rora...? — A confusão estava evidente na sua voz, mas havia também uma doçura que eu sempre reconhecia. Ela tinha acabado de voltar de uma missão difícil, mas ainda assim, era o tipo de pessoa que colocava os outros em primeiro lugar. Ela sempre fazia isso. E era por isso que eu a amava tanto.

Tomei fôlego. Era agora ou nunca. Eu nunca me considerei alguém boa com palavras, mas para Asa... eu faria qualquer coisa.

— Asa — comecei, minha voz mais suave do que eu esperava. — Eu sei que sua vida é uma montanha-russa de perigos, lutas, responsabilidades... e que, em meio a tudo isso, nós duas encontramos um jeito de nos conectar. Eu nunca pensei que seria possível me sentir tão... completa ao lado de alguém. Mas você... você é diferente.

Asa deu um passo mais perto, seus olhos fixos nos meus. Havia uma mistura de surpresa e expectativa ali, mas também algo mais profundo, como se ela estivesse tentando entender o que eu estava fazendo.

— Eu sei que você tem o mundo inteiro nas suas costas. Sei que, como Nyx, você carrega o peso de proteger pessoas que nem sequer sabem que você existe. E, como Asa, você é essa pessoa maravilhosa que cuida de quem ama, mesmo que isso signifique se sacrificar... e isso me fez perceber uma coisa.

Eu respirei fundo, sentindo a emoção subir pela minha garganta. Era difícil manter a calma quando tudo que eu queria era abraçá-la e nunca mais soltar.

— Você me ensinou que o amor não precisa ser uma batalha ou uma missão impossível. O amor pode ser o lugar seguro no meio de toda a tempestade... e é isso que você é para mim. Meu lugar seguro. — Minhas mãos começaram a tremer levemente, mas eu continuei, minha voz ficando mais firme. — Eu sei que as coisas não são simples, e que há tanto que nós não podemos controlar. Mas o que eu sei com certeza é que... eu quero estar com você, Asa. De verdade. Quero enfrentar o que vier ao seu lado. Não só como Rora e Nyx, mas... como nós. Quero ser sua em todos os sentidos possíveis.

Asa parecia congelada por um momento, seus olhos brilhando de uma forma que me fazia perder o fôlego. Eu nunca tinha visto aquela mistura de emoções tão claramente antes — surpresa, admiração, e talvez até um pouco de medo. Mas também havia algo mais profundo... algo que eu sabia que ela estava sentindo tanto quanto eu.