21.

50 8 0
                                    

POV Asa

A manhã estava tranquila no escritório, algo raro nos últimos tempos. Eu finalmente podia me concentrar em alguns relatórios, sem pressa ou distração. Era como se, depois de tudo o que aconteceu na noite anterior, eu estivesse em paz, com uma clareza que há muito eu não sentia. Estava realmente leve, algo que minha vida entre missões e responsabilidades raramente me permitia sentir.

Mas, ao pensar em Rora, um sorriso me escapou. A lembrança da noite anterior ainda estava fresca, a intensidade dos sentimentos dela, o modo como ela disse cada palavra, como se eu fosse seu porto seguro. Era exatamente como eu sentia. Sabia que, a partir de agora, nossas vidas nunca mais seriam as mesmas.

Estava imersa nesses pensamentos quando a porta foi aberta suavemente. Levantei o olhar e a vi: Rora, parada na entrada, um leve sorriso, mas com um rubor que lhe subia o rosto ao ver que eu estava com meu pai ali na sala, revisando alguns documentos.

Ela hesitou por um momento, seus olhos saltando entre mim e ele, e percebi o quanto ela parecia nervosa. Meu pai notou sua presença e virou-se para encará-la, mas em vez de qualquer reprovação, ele ofereceu um sorriso tranquilo.

— Olá, Rora, entre. — Ele fez um gesto com a mão, indicando que ela se sentasse. — A Asa me falou bastante de você — acrescentou, e, embora houvesse uma gentileza em suas palavras, senti o toque sutil de um certo humor na maneira como ele disse isso.

Rora sorriu tímida, ainda claramente sem jeito, mas entrou e se sentou ao meu lado. Eu senti a necessidade de suavizar o clima, de deixar claro para o meu pai — e também para ela — que eu estava bem com tudo isso, que nada mais importava.

— Pai — falei, lançando um olhar firme e decidido para ele, como se fosse uma declaração final. — Quero que saiba que eu e Rora estamos juntas. De verdade. E isso é tudo o que importa para mim agora. Estamos namorando.

Meu pai assentiu lentamente, seus olhos passando de mim para Rora com uma expressão contemplativa. Eu sabia o quanto ele podia ser crítico em relação às minhas decisões, mas, naquele momento, ele apenas sorriu de volta, um sorriso sincero que me fez sentir uma leve onda de surpresa e, para ser honesta, um alívio enorme.

— Fico feliz por você, Asa — ele disse, e senti algo novo na sua voz, algo que não era comum. — Vocês são jovens, e todos precisam de alguém ao seu lado. Acho que finalmente estou entendendo isso. Só quero que saiba que estou aqui, e que confio em você, em quem você é.

Olhei para Rora, e a expressão dela de surpresa e felicidade era tão sincera que meu coração quase doeu de orgulho e carinho. Sem hesitar, segurei sua mão ali mesmo, entrelaçando nossos dedos, sabendo que não importava quem visse, ou onde estivéssemos. Ela era a pessoa com quem eu queria estar, e nada poderia mudar isso.

Meu pai se levantou, dizendo que precisava resolver algo na diretoria, e com um último olhar de apoio, nos deixou sozinhas. Assim que ele saiu, suspirei, soltando o ar que nem percebi estar segurando.

POV Rora

A sala ainda parecia girar levemente enquanto eu processava o que tinha acabado de acontecer. Asa, tão segura, tão firme, apenas... me assumiu para o pai dela, ali, na frente de nós dois, sem hesitação. Eu sabia que ela era corajosa — claro, ela era praticamente uma heroína todos os dias — mas ouvir aquilo em voz alta, assim, me pegou de surpresa de um jeito que não conseguia explicar.

Eu sempre imaginava que haveria algum tipo de resistência, alguma conversa complicada com o pai dela, talvez até uma série de discussões ou perguntas invasivas. Mas ele, com o olhar calmo e uma aceitação serena, deixou bem claro que entendia e apoiava nossa relação. E Asa... Asa me segurou na frente dele, dizendo que estávamos juntas, que eu era importante para ela, de um jeito que me fez sentir completamente segura. Ela havia me escolhido, sem medo, sem se importar com qualquer julgamento.

Quando seu pai saiu da sala e ela se virou para mim com aquele olhar — tão sereno e decidido, mas também cheio de carinho — eu me senti derreter. Era como se, pela primeira vez, eu realmente entendesse o quanto estávamos ligadas, o quanto éramos uma prioridade uma para a outra. Eu estava totalmente encantada.

— Asa... — comecei, tentando organizar as palavras que pareciam embaralhar na minha mente. — Eu... eu não esperava que você fosse dizer isso assim, tão... abertamente.

Ela sorriu, aquele sorriso meio travesso que sempre me tirava o fôlego.

— Por quê? — perguntou, puxando minha mão de leve. — Você achou que eu ia esconder algo assim? Rora, eu nunca esconderia você, não importa onde estivéssemos. Você é importante demais para isso.

Essas palavras simples me deixaram ainda mais emocionada, como se algo que estava ali, em algum lugar no fundo do meu coração, finalmente tivesse encontrado seu lugar. Eu sorri de volta, sentindo uma alegria tão profunda que quase não conseguia expressar. Só consegui sussurrar:

— Eu também sinto o mesmo, Asa. Sabe, você... você é a melhor coisa que já aconteceu comigo.

Asa inclinou-se e beijou minha testa, os lábios tocando minha pele com uma doçura que fez meu coração bater mais rápido. Fiquei ali, apenas sentindo o momento, o calor dela, a paz que era estar ao seu lado.

— Promete que vamos continuar assim? — perguntei, mais uma confissão do que uma pergunta.

Ela sorriu de novo e me apertou contra ela, como se quisesse assegurar que isso nunca mudaria.

— Prometo, meu amor. Isso é só o começo.

E eu sabia que era verdade. Ali, nos braços dela, eu me senti completamente segura e feliz. Sabia que enfrentaria qualquer coisa ao lado dela, e que, por mais inesperado que fosse o caminho, tínhamos algo forte, inquebrável. Ela era minha Asa, e eu, dela.

POV. NARRADOR

Durante o treino daquele dia, Rora se sentia como se estivesse flutuando. Mesmo nas rotinas mais puxadas, havia um brilho nos seus olhos que não passava despercebido. Ela estava tão imersa nos próprios pensamentos — principalmente nos momentos ao lado de Asa e no fato de que o relacionamento delas agora era oficial — que tudo ao redor parecia mais leve.

— Ué, Rora, por que tá sorrindo sozinha aí? — Chiquita comentou, arqueando uma sobrancelha com um sorriso malicioso. — Tá lembrando de alguém, é?

Rora piscou algumas vezes, voltando à realidade com um sorriso ainda maior. Não conseguiu evitar. — O que você tá falando, Chiquita? Só tô concentrada no treino!

Ruka deu um sorriso cúmplice e, aproximando-se de Rora, balançou a cabeça, divertida. — Aham, concentrada no treino. Sei. A gente não é boba, viu? Desde que entrou aqui, você tá com essa cara de apaixonada.

— Gente, para com isso! — Rora tentou protestar, mas seu rosto já estava vermelho. Ela sabia que era inútil negar; as meninas eram boas demais em pegar esses detalhes.

Ahyeon, que estava ajustando a altura do microfone próximo, lançou um olhar risonho para Rora, os olhos brilhando de curiosidade. — Olha, eu tô vendo que isso tem nome e sobrenome, e que as iniciais provavelmente são... quem sabe... Asa?

Rora soltou uma risada nervosa e desviou o olhar, tentando manter a compostura. Mas a verdade é que era difícil esconder. Desde que Asa a tinha pedido em namoro, tudo parecia diferente. Ela sentia que poderia enfrentar qualquer coisa, qualquer desafio.

— Ah, já era — Rami comentou com uma risada suave. — Esse olhar só pode ser por causa dela.

Chiquita se aproximou com um sorrisinho sapeca e cutucou Rora de leve. — Então, Rora, conta pra gente... Ela beija tão bem assim pra você ficar nesse estado?

Rora quase engasgou, mas acabou rindo, o rosto ainda mais vermelho. — Vocês são terríveis, sabia?

— Ah, não nega, então! — Ruka provocou, cruzando os braços e encarando Rora com um sorriso divertido. — Vê se eu tô errada.

Rora suspirou, balançando a cabeça. — Tá bom, tá bom! Eu tô... feliz, tá legal?

As meninas aplaudiram e soltaram risadas, uma misturando "A gente sabia!" com "Rora tá amando de verdade!". E Rora só conseguia rir junto, sentindo o coração bater mais leve e sabendo que, com Asa ao seu lado, aquele era só o começo de muitos momentos felizes.

Whispers of Reality │RORASA.Onde histórias criam vida. Descubra agora