23.

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POV.RORA

A espera estava me corroendo. Eu sabia que, como Nyx, Asa enfrentava perigos a cada missão, mas isso não tornava as coisas mais fáceis. Quanto mais o tempo passava, mais eu me imaginava em cenários impossíveis — e cada um mais perigoso que o anterior. Eu tentava me ocupar, ver algo na TV, ouvir música, até dei uma olhada rápida nas mensagens do grupo, mas nada conseguia tirar minha mente dela.

Quando o silêncio da sala foi interrompido por aquele súbito deslocamento de ar, quase pulei do sofá, assustada. Lá estava ela, no centro da sala, respirando com dificuldade, o rosto marcado por um leve cansaço. As mãos dela ainda estavam erguidas, como se ela estivesse em modo de defesa, mas, ao me ver, ela relaxou um pouco. No entanto, mesmo com a respiração pesada e o olhar de alívio, eu notei algo diferente. Ela parecia... machucada. Havia algo na maneira como ela segurava o ombro que me fez ter certeza disso.

— Asa! — Minha voz saiu mais alto do que eu pretendia, e eu corri até ela, o coração acelerado de preocupação e um certo alívio por vê-la ali, de pé.

— Rora... — Ela tentou me dar um sorriso, mas foi ofuscado por uma expressão de dor quando ela moveu o braço.

— O que aconteceu? Você se machucou? Eu já estava aqui me preocupando! Você sai sem avisar, não diz quando volta... — As palavras saíam sem parar, e, ao ver que ela estava realmente machucada, minha preocupação se transformou em uma mistura de frustração e alívio.

Ela respirou fundo, como se estivesse reunindo forças para me responder, mas eu já estava em ação. — Senta aí. Agora! — Apontei para o sofá com autoridade, e, embora ela tenha arqueado uma sobrancelha, ela obedeceu, com um olhar cansado e divertido.

— Amor, eu estou bem... — ela começou, mas eu a interrompi.

— Bem?! — Cruzei os braços, tentando controlar minha frustração, mas eu só conseguia olhar para o ombro machucado e o cansaço no rosto dela. — Você tem noção do susto que eu levei? E ainda diz que está bem? — Minha voz estava carregada de preocupação, e senti meus olhos começarem a arder. Ver ela ali, aparentemente inteira, mas visivelmente esgotada e machucada, mexia demais comigo. — Não quero nem saber, Asa. Você pode ser essa "Nyx" que enfrenta o mundo, mas aqui você é só... A minha Asa. E a minha Asa precisa se cuidar.

Ela me olhou por um longo momento, e, em vez de responder, apenas sorriu com suavidade, me puxando para perto com o braço que ainda estava livre. Me sentei ao lado dela, relutante, mas não resisti quando ela me puxou para um abraço, mesmo com o ferimento. Eu encostei a cabeça no ombro dela, sem conseguir esconder o alívio de tê-la ali.

— Desculpa, princesa. — Ela sussurrou, e pude sentir a sinceridade em sua voz. — Eu sei que me preocupo pouco com isso, mas... estar aqui com você me lembra do que é importante.

Soltei um suspiro, lutando contra o desejo de insistir em como ela deveria se cuidar mais. Afinal, o que realmente importava era que ela estava ali, e eu só queria que ela soubesse o quanto ela era importante para mim.

— Só... tenta me avisar, tudo bem? Eu preciso saber que você está segura. — Minha voz estava mais calma agora, mas ainda carregada de preocupação.

Ela assentiu, acariciando meu rosto suavemente. — Vou tentar me lembrar disso da próxima vez. Prometo.

Eu a encarei, avaliando sua expressão. Mesmo exausta, ela parecia genuinamente tranquila ali, comigo. Fiquei olhando para ela por um momento, e, por fim, me permiti sorrir, agora mais aliviada.

— Ok, mas agora você vai deixar eu cuidar desse seu ombro. Nem vem com desculpa — disse, levantando-me para buscar a caixa de primeiros socorros que eu sempre mantinha por perto.

Ela riu baixinho, e eu pude ouvir a leveza em sua risada, mesmo com o desconforto. — Acho que não tenho escolha, né?

— Exatamente — respondi, abrindo a caixa e pegando o que precisava para limpar o machucado.

Ela se manteve em silêncio enquanto eu trabalhava, o que era bem raro para ela, mas percebi que estava apenas absorvendo o momento, observando-me com um olhar que misturava carinho e admiração. Cada vez que passava o algodão suavemente pelo corte, ela fazia uma careta sutil, tentando disfarçar a dor. Eu sabia que ela sempre tentava não me preocupar, mas sabia também que meu papel aqui era cuidar dela, não importava o que ela dissesse.

POV.ASA

dela segurando os materiais de primeiros socorros. Meu olhar estava preso ao rosto dela, aos olhos cheios de ternura e dedicação, àquela expressão de cuidado que ela exibia apenas para mim. Um impulso suave começou a crescer em mim, a vontade de fazer o que meu coração estava me pedindo naquele momento.

Sem pensar muito, minha mão encontrou o pulso dela, interrompendo o movimento cuidadoso que ela fazia. Rora ergueu o olhar para mim, surpresa, com uma expressão confusa e curiosa. Eu a puxei para mais perto, sem dizer nada, deixando que meus olhos falassem por mim. Por um instante, ela parecia hesitar, tentando entender o que estava acontecendo, mas eu não lhe dei tempo para questionar.

Inclinei-me para a frente e capturei os lábios dela com os meus em um beijo calmo e suave, um beijo que dizia mais do que qualquer palavra. Não era só gratidão pelo que ela fazia por mim, era algo mais profundo, algo que eu sentia que nem precisava ser explicado. Era como se, naquele beijo, eu pudesse finalmente mostrar o quanto ela era especial para mim, o quanto eu me sentia sortuda por ter alguém como ela ao meu lado.

Ela relaxou instantaneamente contra mim, os ombros perdendo a tensão, e respondeu ao beijo com a mesma intensidade e doçura. Suas mãos, que antes estavam ocupadas com o curativo, agora se apoiavam levemente em meus ombros, enquanto o beijo se aprofundava, como se o tempo tivesse parado para nós duas. Eu podia sentir a emoção dela, o carinho e a preocupação mesclados com algo mais que era só nosso.

Quando nos separamos, fiquei apenas olhando para ela, absorvendo cada detalhe. Os olhos dela estavam um pouco mais brilhantes, e havia um sorriso suave no canto de sua boca, algo que parecia misturar surpresa e felicidade.

— Você não sabe o quanto isso significa para mim — murmurei, ainda com a mão segurando a dela, como se temesse que ela desaparecesse. — Rora, você me faz sentir tão... completa. Não importa o que eu enfrente lá fora, quando volto e estou com você, tudo faz sentido.

Ela sorriu, aquele sorriso tímido e doce que sempre fazia meu coração bater mais rápido. — Asa... — A voz dela era suave, e ela entrelaçou os dedos aos meus, apertando minha mão. — Eu sempre vou estar aqui para cuidar de você. Eu quero isso. Quero que você saiba que sempre pode contar comigo.

Fiquei em silêncio, apenas apreciando aquele momento, aquele olhar cheio de promessa e carinho. Inclinei-me para ela novamente, depositando um beijo suave em sua testa, como uma promessa silenciosa de que eu também estaria ali para ela, sempre que ela precisasse. Eu queria que ela soubesse, sem precisar de palavras, o quanto eu a amava, o quanto ela era o meu porto seguro.

— Acho que você me conhece melhor do que eu mesma — falei, com um sorriso, ainda sem soltar a mão dela. — Cada vez que volto para casa, percebo que a única coisa que me faz seguir em frente é saber que vou encontrar você aqui.

Whispers of Reality │RORASA.Onde histórias criam vida. Descubra agora