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Me sinto nervosa. Eu estou á caminho da sorveteria. Em alguns passos, estarei lá.
Robby e eu nunca nos demos bem, e, todos sabem. Então, o que ele quer falar?
Será que aconteceu alguma coisa em casa?

É o que vou descobrir agora. Entrei na loja e já avistei o moreno. Me sentei em sua frente.

—O que te fez me chamar? - Perguntei.

—Eu sei que tem problemas com o pai, e eu também tenho. - Robby foi curto e direto. Eu fiquei confusa, mas o deixei continuar.

—Eu... - Ele respirou fundo. Eu senti que ele queria ser ajudado, assim como eu. Segurei em sua mão. Ele fechou os olhos, mas logo abriu.

—Ninguém nunca me entendeu. Meu pai, seu Sensei. Ele me deixou quando eu era uma criança. Minha mãe cuidou de mim sozinha, e olha...Foi uma droga. Mas ai o Daniel apareceu para mim e, ele foi o pai que eu nunca tive. - Ele desbafou.

—Quando eu precisei de ajuda, ninguém me ouviu. Então, eu te entendo. Eu sei pelo que você está passando. - Ele terminou de falar. Por alguns segundos eu quis chorar. Nossas histórias são tão parecidas.

—Meu pai nunca confiou em mim. Nós brigamos, eu explodo, ele explode, causa a maior confusão. Ele sempre quis que eu andasse na linha, mas não na minha, na dele. Ele queria que eu fosse perfeita, mas eu não consegui. Ele dizia "Por que você é assim?", "Eu tenho vergonha.", "Segue o exemplo da sua irmã!" E isso me deixava cada vez pior. - Falei.

—E foi no Johnny, que eu encontrei o pai que eu precisava ter. Ele me defendeu, me ajudou, me salvou. - Continuei.

—O que seu pai não fez por você, faz por mim. E o que o meu não fez por mim, faz por você. É engraçado o quanto somos parecidos. - Robby falou.

—Eu cresci vivenciando brigas. Meus pais costumavam a brigar todos os dias, por mim. Minha mãe odiava, e ainda odeia, como ele me trata. - Falei.

—Seu pai te ama, Cat. — Cat.

Ele ficou muito diferente depois que você saiu. E eu acredito que, apesar de tudo, você é a base dele. - Robby falou.

Eu não sei o que dizer. Não sei se eu choro ou me irrito. Se fico feliz ou se devo desconfiar disso.

—Eu preciso ir, tá tarde. - Falei. Na verdade, eu só quero e preciso sair daqui, logo!

—Acho melhor eu te levar, está muito tarde para você andar sozinha. - Robby disse. Ele pegou minha bolsa e me acompanhou. Nós fomos até o apartamento do Johnny.

Eu evitei explicações, logo entrei dentro da casa, mas escutei uma conversa do sensei, no celular.

—Daniel, eu recebi a garota de braços abertos e por mim, ela fica aqui o quanto quiser e precisar. Mas, você precisa fazer o seu papel de pai, e ela precisa de você. - Ele parecia nervoso.

—Eu não quero saber se ela te desobedeceu! Você é muito cabeça dura mesmo, em! Ela não aguentava mais ter tudo, toda a culpa em cima dela! Não, cara. Ela não vai sair daqui. Quando ela quiser ir, aí sim. Mas por enquanto, está tudo sob controle.

𝐃𝐚𝐝𝐝𝐲 𝐈𝐬𝐬𝐮𝐞𝐬 • Robby KeeneOnde histórias criam vida. Descubra agora