Sam e Dean chegaram em poucos minutos com Kevin, graças ao "bebezinho" de Dean. Saíram rapidamente do impala, seguidos pelo jovem profeta.
Adentraram o Esconderijo. Kevin adiantou-se, rumando para uma sala em que costumava trabalhar desvendando rituais e enigmas, informando aos irmãos Winchester que iria pegar os acessórios que proporcionariam grande vantagem naquela guerra insana.
- Sam, tem algo que possamos usar na guerra além das bugigangas do nerd ali? – Perguntou Dean.
- Tem...tem sim. Um pergaminho enoquiano e um sabre talvez... – Respondeu o irmão indiferente.
- Certo. Ta tudo bem?
- Sim. E com você? – Falou ele, visivelmente não dando importância ao irmão.
- Ok, Sam. Que porra que tá acontecendo? – Dean foi direto. Sam estava distante, ele sabia. Não falou nada no carro, mesmo levando em conta o pouco tempo que ficaram lá dentro durante o trajeto. Mas não era de hoje. Toda vez olhava feio e não disfarçava seu desconforto quando Dean estava com Castiel ou quando saia em missão com o Anjo. – O momento de falar é agora.
- O quê?
- Não se faça de tonto, Sammy. Eu já percebi faz tempo.
Sam gelou. Era a hora de falar, ele sentia aquilo também. Não poderia mais esconder nada de seu irmão. Devia isso a ele. Além do mais, eram amigos e confidentes.
- Eu sei que você não gosta que eu fique perto do Cas. Desembucha logo, Sammy. O que ta pegando?
Sam riu amargamente. Ao mesmo tempo em que um peso saiu na mesma velocidade que adentrou seu peito.
Aquilo irritou Dean ainda mais.
- Calma, calma. – Falou Sam em gesto conciliatório, percebendo o semblante do irmão. – Ok, Dean -Pigarreou - Vamos conversar. Eu sei sobre você e Castiel.
- Ok e daí?
Sam não sabia o que falar. Abriu e fechou a boca, porém nenhum som foi emitido. Foi pego de surpresa. Esperava um surto de Dean. Alguma desculpa esfarrapada, assim como quando ele fazia quando via algum pornô asiático ou quando saía no meio da madrugada em missões sozinho. Ou até quando saía com alguma garota para se divertir.
Mas aquilo tratava-se de algo mais profundo do que sentimentos momentâneos, como Sam logo pôde perceber, mas sua mente ainda não compreendia. Como Dean poderia...?
- O quê...Mas Dean...
- Sam. Entenda uma coisa: Eu amo Castiel. Não me venha com rótulos, em ser gay, bi, tri ou coisa do tipo. É isso e pronto. Eu não sei lidar com essas coisas, não sei explicar.. Minha vida sempre foi caçar monstros, matar, tomar umas cervejas, mulheres, enfim...A coisa de sempre da família envolvida. E você junto.
"Essas coisas sociais e pessoais, eu faltei nas aulas e nossos pais não tiveram tempo de me explicar como funciona, tá legal? O que eu sei é o que eu sinto, beleza? Então vê se para com essa hostilidade pro lado do Cas porque ele tá tão confuso quanto eu. O que a gente sabe é que queremos ficar juntos e isso que importa".
Sam enrubesceu. Sentiu-se um monstro. Por tanto tempo repugnava as atitudes de Dean. Mas ele sabia que o irmão mais velho deveria ter sofrido muito todo esse tempo. Sofrido calado, assim como ele estava sofrendo. Diferente dele, de fato Dean não tivera as oportunidades acadêmicas e sociais de Sam. Pelo fato de ser o mais velho, o Hunter teve de acompanhar o pai nas missões, nem que fosse dormindo nos motéis baratos para cuidar de Sam, esperando o pai voltar, saber-se-ia quando. Ou organizar as armas e acessórios do pai.
Dean, mais do que ninguém tinha todo o direito de ser feliz. Sam não poderia, não tinha o direito de julgar o irmão. Até porque Sam também estava confuso com aquele turbilhão de emoções, sentimentos e desejos com Gabriel. Desconhecia seus sentimentos e não tinha coragem para falar com alguém sobre essas coisas. Ao invés de buscar alguma solução, dava seus sumiços com Arcanjo e ainda tratava o irmão mais velho com descaso após suas necessidades serem supridas. Sam tinha consciência também que Gabriel não era nenhum tolo, nenhum brinquedo sexual. Ele teve vontade de chorar, de sumir dali. De acabar logo com aquela guerra e simplesmente ir embora.
Mas as coisas nem sempre são como queremos. Sam sabia disso. Já sentira na pele seus sonhos desvanecerem de seus dedos, sumirem pelo ar como fumaça de cigarro várias vezes. Mas aquele era um trago ainda mais amargo que o destino lhe pregara. Ele deveria fazer algo. Mas estava impotente. Sentia-se fraco. Envergonhado pela sua atitude com a pessoa que mais amava no mundo.
- Sam?
- Me...Me desculpe Dean...Eu...Eu... – Sam soluçava. Não conseguia segurar as lágrimas. Seu corpo tremia.
- Hey. Relaxa, ta legal? – Dean abraçou o irmão. Sam desabou. Há muito estava sofrendo calado. Seu peito doía. Estava arrependido de todo aquele preconceito que carregava, e que naquele momento toda aquela torrente de sentimentos eram finalmente externados através de seu choro. Pela primeira vez não tinha palavras nem teorias para explicar o porquê estava agindo daquele jeito. Dean somente sentia as coisas. E ao modo dele buscava resolver e deixar todos felizes. Diferente de Sam, que procurava respostas sagazes em suas complicadas teorias, Deam agia. Sem pensar, algumas vezes. Mas ele se lançava. Sam escondia-se atrás dos fatos, do exato. E algumas vezes ele se prejudicava por isso. Aquela era a razão principal pela qual precisava do irmão. Sua única família. Talvez fosse isso. Medo de ver-se sozinho no mundo sem ninguém. Como fora egoísta! Como fora idiota! Sabia que Dean estaria sempre para ele. Como estava naquele momento.
Ciúmes de irmão. Não importa a idade que tenhamos. Sempre vamos ter ciúmes, nem que seja pouco de nossos familiares. Mas a verdade é que queremos sempre o bem de nossa família e amigos.
- Me perdoa Dean. – Falou Sam limpando as lágrimas, tentando ainda se recuperar daquele momento de fragilidade.
- Não precisa pedir perdão, cara. Vamos logo ajudar o Kevin e sair daqui.
- Ok. Mas antes preciso te contar uma coisa...
Um grito seguido de um estampido interrompeu o diálogo que iniciar-se-ia.
- Merda.
Ambos correram em direção ao grito. Kevin estava em apuros mais uma vez.
"Ô moleque pra se meter em confusão...."
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'Inabalável' - Destiel Br
Romance*******ATENÇÃO******* *******YAOI FANFIC******* "Castiel e Dean precisavam abrir o jogo, mostrar as cartas. Não poderiam mais conviver com aquele forte sentimento. Amor, amizade...Não sabiam exatamente o que era... Mas que era necessário fazer algo...