Capítulo 15

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Olhei para Seth, incrédula, sem entender como ele havia subido tão rápido até o meu quarto. Parecia que não tinha feito esforço algum.

— Como você conseguiu subir até aqui tão rápido?

— Pela árvore.

— Você faz isso sempre?

— Não, na verdade essa é a primeira vez.

— Tem certeza? Será que você não fica por aí invadindo a casa das pessoas? — digo em tom de zombaria.

— O que você acha?

— Acho que não devo mais deixar minha janela aberta. Vai que você invade meu quarto e... faz alguma coisa comigo — afirmo de maneira brincalhona.

Seth se aproximou até nossos rostos ficarem muito próximos. Senti seu peito colado ao meu, e ele sussurrou:

— Mas se eu entrasse no seu quarto à noite... eu nunca faria nada que você não quisesse.

Naquele instante, senti nossos corações pulsando juntos. Minha boca secou.

Eu não conseguia me afastar ou desviar os olhos dos dele. Ele se inclinava cada vez mais, seu rosto chegando perto do meu. Suas mãos pousaram na minha cintura com delicadeza, seus lábios hesitantes estavam a milímetros dos meus. Fechei os olhos, esperando o momento mágico em que nossos lábios finalmente se encontrariam.

Mas então, ouvimos batidas na porta. Seth se afastou num salto.

— Alisson?

Era minha mãe. Seth correu e se escondeu no banheiro.

— Oi, mãe! — digo abrindo a porta rapidamente.

— Por que demorou tanto para abrir?

— Eu estava no banheiro!

— Trouxe seu remédio e um copo d'água. Toma e vai descansar, tá?

Engoli o remédio o mais rápido possível.

— Você deve estar mal mesmo, está até ofegante, minha filha!

— Sim, mas com o remédio vou melhorar logo. Já estou indo me deitar, só vou trocar de roupa.

— Está bem. Eu e seu pai vamos ver um filme. Qualquer coisa, é só descer. Boa noite, querida!

— Boa noite, mãe. Dá um beijo no papai por mim e bom filme para vocês dois.

Ela me deu um beijo na testa e saiu, encostando a porta. Assim que ouvi seus passos se afastarem, fechei a porta com a chave.

— A barra está limpa?

— Está sim, pode sair! O susto já passou.

Seth saiu do banheiro e sentou na minha cama. Sentei ao seu lado. Ele comentou:

— Que susto! Achei que sua mãe fosse me pegar aqui.

— Eu também! Mas agora me diz... o que realmente veio fazer aqui?

— Queria te ver. Você disse que quase não conversamos e que não queria se despedir de mim daquele jeito... então vim aqui pra você se despedir da maneira que realmente quer.

— Na verdade, queria te pedir desculpas. Sua primeira vez no cinema foi um desastre — e tudo por minha culpa… e do Zack também. Somos amigos desde crianças, ele tem esse jeito protetor de irmão. Às vezes sufoca.

— Irmão? Pelo que vi, ele é apaixonado por você.

— É impossível haver algo entre a gente.

— E por quê?

— Porque eu nunca o vi dessa maneira. Para mim, ele sempre será um ótimo amigo.

— E eu?

— Com você é diferente. Quando estou com você... ou quando penso em você... sinto algo que nunca senti por ninguém, Seth.

— Posso dizer o mesmo. O que sinto por você, tenho certeza que nunca sentirei por mais ninguém em toda minha vida.

Deitei minha cabeça em seu ombro e continuei:

— Esperei tanto por esse momento. Esses dois dias sem te ver, sem ouvir sua voz, pareceram uma eternidade. Por favor, não suma.

— Eu não vou. Eu prometo.

— Tudo aconteceu tão rápido... desde o dia na praia, não consigo parar de pensar em você.

— Para mim foi mais rápido ainda. Antes mesmo de você me ver... eu já te amava. Antes do dia em que você levou aquela cesta de muffins.

— Isso é impossível! Não tem como você ter se apaixonado antes disso, foi naquele dia que te vi de verdade pela primeira vez.

— Eu te amei antes mesmo disso...

Levantei a cabeça de seu ombro e olhei fundo nos olhos dele, querendo entender cada palavra.

— Eu te amei desde a primeira vez que te vi. Desde o instante em que olhei nos seus olhos. Antes mesmo de você saber quem eu era. Eu nunca vou esquecer seus olhos azuis.

Fiquei sem palavras, apenas o encarando. Aquilo me pegou de surpresa, e então perguntei:

— Quando foi que você me viu pela primeira vez, sem que eu tenha notado? Estava andando na rua? É que eu sou meio desligada mesmo...

Seth riu, claramente achando graça das minhas perguntas.

— Não... — respondeu com um sorriso misterioso.

— Acho melhor eu ir agora, pra você descansar — disse ele, voltando ao assunto.

— Já vai?

— Sim, mas amanhã a gente se vê. Eu prometo, tá bom?

— Tá bom. Até amanhã.

— Até... — ele me deu um beijo na testa e, num salto ágil, pulou a janela de volta para a rua.

Fui ao banheiro trocar de roupa, coloquei meu pijama, e ao deitar na cama, senti como se tivesse acordado de um sonho. Não conseguia acreditar que aquela noite realmente havia acontecido.

Depois do desastre no cinema com o Zack... ver Seth entrando pela minha janela... ter coragem de me declarar... parecia tudo tão irreal. Tão perfeito.

Virei de lado, ainda sentindo o quase beijo. Conseguia lembrar de cada sensação: minha respiração acelerada, o silêncio que realçava os batimentos do meu coração, o calor que emanava do corpo de Seth, a vulnerabilidade que me invadiu quando ele me tocou... e a certeza profunda: eu amo Seth.

Ajustei meu travesseiro, me enrolei nas cobertas e fechei os olhos com um sorriso nos lábios. Dormi com o coração aquecido, sabendo que o coração de Seth era meu — assim como o meu era dele. E torcendo para que o amanhã chegasse logo.

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