Uma Faísca de Esperança

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A manhã estava ensolarada, com o céu limpo e uma leve brisa que parecia carregar a promessa de um dia mais leve. James Potter desceu as escadas com um olhar resoluto. Ao encontrar Emma na cozinha, ele anunciou:

— Vou tirar o dia de folga. Quero passar um tempo com o Lyan e tentar... tentar encontrar algo que o conecte de volta com quem ele era.

Emma parou o que estava fazendo e olhou para o marido, emocionada. Aproximou-se devagar, abraçando-o com força.

— Você é o melhor homem que eu poderia ter escolhido para ser pai dos meus filhos — sussurrou ela, as lágrimas escorrendo silenciosamente.

James a segurou com firmeza, um sorriso discreto nos lábios. — Vamos trazer o nosso menino de volta, Emma. Nem que seja um passo de cada vez.

Logo depois, James chamou Rachel e Lyan para o passeio. Lyan desceu as escadas parecendo curioso, embora ainda inseguro. Ele estava fascinado por como tudo parecia tão diferente do que ele se lembrava: a decoração da casa, as fotos nas paredes, até mesmo o cheiro de café que antes passava despercebido.

— Para onde vamos, pai? — perguntou Lyan, ainda se acostumando à dinâmica familiar que parecia tão distante para ele.

— Vamos dar uma volta, filho. Confie em mim — respondeu James, piscando para Rachel, que parecia compreender o plano do pai.

Eles saíram de casa, e a viagem foi tranquila, com James contando pequenas histórias sobre Lyan, tentando encontrar algo que pudesse trazer alguma fagulha de reconhecimento.

Ao chegar ao estádio, Lyan franziu a testa, sentindo um incômodo indefinido. O enorme campo de grama parecia intimidador. Ele olhou ao redor, reconhecendo vagamente as arquibancadas, mas sem entender por quê.

— Este lugar parece... importante, mas eu não sei o motivo — disse ele, a voz carregada de confusão.

— É aqui que você brilhou, Lyan — explicou James, colocando uma mão firme no ombro do filho. — Foi nesse campo que você mostrou ao mundo o que pode fazer.

Lyan sentiu o peso das palavras do pai, mas aquilo não fazia sentido para ele. Enquanto caminhava pelo gramado, flashes confusos começaram a surgir. Ele não conseguia distingui-los, mas havia uma mistura de euforia e ansiedade que o deixava inquieto.

— Eu não sei se quero estar aqui — murmurou, segurando a cabeça.

— Tudo bem, filho. Vamos com calma — tranquilizou James, guiando-o de volta à saída.

Enquanto saíam, algumas pessoas no estádio reconheceram Lyan. Torcedores se aproximaram, pedindo autógrafos e tirando fotos. Lyan ficou visivelmente desconfortável, recuando e olhando para James em busca de apoio.

— Por que essas pessoas estão agindo assim? Eu não sou... especial — disse ele, sem entender a admiração.

James sorriu, embora seu coração apertasse. — Elas veem algo em você, Lyan. Algo que você talvez tenha esquecido, mas que ainda está aí dentro.

Na saída, ao passarem por um parque próximo, James percebeu um grupo de crianças jogando futebol. Um garoto menor, com roupas gastas, estava afastado, tentando controlar a bola sozinho. Algo naquele garoto chamou a atenção de Lyan. Ele parou e ficou observando por um momento, até que, sem dizer nada, caminhou até o garoto.

— Ei, você precisa manter o pé mais firme. Assim — disse Lyan, demonstrando instintivamente como controlar a bola.

O garoto olhou para ele com admiração, tentando imitar seus movimentos. Lyan sorriu, pela primeira vez em dias, e passou alguns minutos ensinando o garoto algumas dicas.

James e Rachel observaram de longe, surpresos e emocionados. Rachel sussurrou para o pai:

— Ele ainda tem isso, não é? Mesmo sem as memórias... ele ainda é o Lyan.

James assentiu, sentindo uma pontada de esperança.

Quando voltaram ao carro, Lyan parecia mais tranquilo, embora ainda carregasse dúvidas. No caminho de volta para casa, ele olhou para James e perguntou:

— Pai, o que significa ser eu mesmo se eu não consigo lembrar quem eu sou?

James respirou fundo antes de responder:

— Você não é só o que lembra, Lyan. Você é o que faz, o que sente, o que acredita. Suas memórias podem estar escondidas agora, mas sua essência ainda está aqui. E nós vamos te ajudar a reencontrá-la.

Enquanto o carro seguia pela estrada, o sol começava a se pôr, tingindo o céu de tons alaranjados. Era um pequeno passo, mas naquele dia, uma faísca de esperança havia sido reacendida.

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