O Acidente

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A manhã no Estádio da Cidade era vibrante e cheia de expectativa. O Provo United estava prestes a enfrentar o Salt Lake City em uma das partidas mais aguardadas da temporada. O clima estava claro, o campo bem cuidado, e a torcida, já nas arquibancadas, começava a criar uma onda de emoção. Lyan Potter, no entanto, estava bem antes de todos na área externa do estádio. Ele queria absorver cada momento daquelas horas finais antes da partida que poderia mudar sua vida.

Ele caminhava de um lado para o outro, respirando fundo, tentando se preparar mentalmente. A pressão estava nos ombros dele, mas ele não poderia deixar isso transparecer. Sabia que o jogo de hoje não era apenas uma disputa de futebol — era a chance de sua vida.

Com os fones de ouvido no pescoço, Lyan parou por um momento e olhou ao redor. O som da torcida ainda não havia tomado conta do ambiente, mas ele podia sentir a vibração no ar. A tensão era palpável, mas ele respirou fundo, tentando se manter calmo.

"Lívia vai estar aqui, e isso me dá força," ele pensou consigo mesmo, sentindo seu coração acelerar só de imaginar o sorriso dela. O amor e a confiança que compartilhavam vinham se tornando sua maior motivação.

Antes de entrar em campo, Lyan subiu para a arquibancada para encontrar a garota que ele amava e seus amigos. Quando chegou perto deles, seus olhos se iluminaram ao ver Lívia no meio do grupo. Ela estava radiante, com o sorriso que ele tanto adorava, e os olhos cheios de orgulho e apoio. Ela o viu e seus olhos se encontraram instantaneamente. O tempo parecia desacelerar enquanto ele subia a escada até ela.

"Lívia!" Lyan exclamou, indo direto para ela, não se importando com as centenas de olhares ao redor. Ele a abraçou forte. O calor do abraço era reconfortante, e ele não queria soltar.

"Eu te amo," ele disse baixinho, sentindo o peso daquelas palavras e o momento. "Sempre vou te amar, não importa o que aconteça aqui. Este jogo não é só sobre o time. É sobre nós também."

Lívia sorriu e beijou a bochecha dele, sentindo o amor e a intensidade nas palavras. Ela sabia que ele estava nervoso, e o gesto dela foi uma forma de garantir que ele estivesse tranquilo.

"Eu sei, Lyan. E eu sempre estarei aqui. Vai dar tudo certo." Ela acariciou o rosto dele, tentando transmitir toda a confiança e apoio que ele tanto precisava.

Enquanto Lyan ficava com sua namorada, seus amigos, e sua família, seus rivais, Luke e Jasper, não estavam sentados longe dele. Ambos trocavam olhares cúmplices enquanto se preparavam para dar a última "ajuda" para garantir que Lyan não fosse o melhor jogador daquele dia.

Quando o jogo ainda estava para começar, eles usaram uma oportunidade para colocar chapas de ferro nas chuteiras de Lyan, disfarçando-as para que ele não percebesse. O peso extra não apenas afetaria sua performance, mas poderia ser perigosíssimo. Eles sabiam o quanto ele era bom, e estavam dispostos a fazer de tudo para vê-lo cair.

Enquanto isso, Lyan estava ocupado com as palavras de um empresário que se aproximou do grupo. O homem se apresentou como alguém que tinha o poder de levar Lyan aos maiores times do mundo, o melhor futebol que ele poderia sonhar. Ele lhe disse que sua performance naquela partida seria decisiva.

"Você tem o potencial para ser um dos maiores, Lyan," disse o empresário com um sorriso confiante. "Basta mostrar o que você é capaz hoje, e a oportunidade vai surgir. O time dos seus sonhos está esperando."

Lyan sentiu a pressão aumentar, mas também o fogo da determinação acender dentro de si. Ele não podia deixar essa oportunidade passar. Ele olhou para Lívia mais uma vez, sentindo uma onda de amor e motivação.

Finalmente, o jogo começou, e Lyan se alinhou com seus companheiros de time. Desde o apito inicial, o campo parecia mais vasto e o peso nas suas chuteiras mais forte do que nunca. Cada passo que dava parecia mais difícil do que o anterior. Ele percebeu que estava com mais dificuldade para se mover, mas acreditou que fosse apenas o nervosismo.

"Tudo bem, eu consigo. Só preciso me concentrar." Ele murmurou para si mesmo, mas a sensação de peso continuava a incomodá-lo. Quando tentou controlar a bola, ela escapou de seus pés. Lyan se atrapalhou, tropeçando um pouco, o que fez os rivais rirem dele.

"Olhem, o grande Lyan Potter está com dificuldade, como isso é patético," Jasper zombou, rindo junto com Luke e Pearl, que estava assistindo de perto.

Lyan sentiu a humilhação começar a se infiltrar em sua mente. Mas ele não podia se deixar abalar. Ele respirou fundo e se recompôs, focando sua mente no jogo. Seu corpo estava começando a se adaptar ao peso, e sua confiança voltou a crescer.

Com o ritmo do jogo, ele começou a mostrar sua verdadeira habilidade. Driblava com precisão, passava a bola com confiança, e, finalmente, os gols começaram a sair. O primeiro foi uma linda finalização no canto direito do goleiro, a segunda foi um cabeceio preciso após um cruzamento perfeito de seu companheiro, e a terceira veio em um chute de fora da área que fez o estádio explodir de alegria.

A torcida gritou seu nome, mas o clima estava mudando rapidamente. A chuva começou a cair, uma tempestade súbita que fazia o campo ficar mais escorregadio e perigoso. O som da chuva contra o campo misturava-se com o barulho das palmas e gritos da torcida, enquanto os jogadores se adaptavam ao novo cenário.

No entanto, algo estava muito errado para os rivais de Lyan. Eles sabiam do peso nas chuteiras e viram os raios caindo ao redor do estádio. Luke e Jasper trocavam olhares, indecisos, enquanto Pearl, que já havia feito o que queria, deu de ombros.

"Não, ele merece isso," Pearl disse, sorrindo de forma cruel. "Ele sempre se acha o melhor. Vamos ver se ele consegue lidar com isso."

O árbitro sinalizou para o próximo pênalti, e a tensão no ar foi ainda mais palpável. Lyan estava no centro do campo, os gritos da torcida enchendo seus ouvidos. A chuva caía forte, mas ele não podia pensar em mais nada além de fazer o gol. Ele tinha que provar para si mesmo e para todos que ele era digno dessa chance.

Enquanto se preparava para bater o pênalti, o céu foi rasgado por um estrondo. Um raio caiu tão próximo do campo que a terra vibrou. O som foi ensurdecedor, e Lyan sentiu o impacto em seu corpo. Em um segundo, ele se sentiu completamente atordoado e, antes que pudesse reagir, o choque percorreu sua espinha, e tudo escureceu.

"Lyan!" gritou Lívia da arquibancada, desesperada ao ver o corpo dele cair ao chão.

A ambulância entrou no campo, e os médicos rapidamente se aproximaram de Lyan, começando a fazer os primeiros socorros. A chuva agora caía mais forte, mas ninguém parecia se importar com o tempo. Todos estavam voltados para Lyan, que estava desacordado.

Lívia, seus amigos e os pais de Lyan estavam correndo para o campo, os corações acelerados, com os olhos fixos no corpo do jovem jogador que não se mexia.

Lívia chegou ao lado de Lyan, com lágrimas escorrendo pela face, desesperada, segurando sua mão com força.

"Lyan... por favor, acorde!" Ela sussurrou, sem saber o que mais fazer. Ela não podia perder a pessoa que mais amava.

O estádio estava em silêncio, e o som da ambulância sendo levada ao fundo foi o único barulho a preencher o vazio.

Os amigos de Lyan e seus pais estavam ao lado de Lívia, todos compartilhando o mesmo medo e ansiedade. Mas havia algo mais, algo inexplicável e profundo que os unia naquele momento: a esperança de que ele superasse, de que aquele jogo, aquele raio, não fosse o fim para ele.

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