Onde Júlia consegue um estágio na Supernova, mas um certo japa tatuado se torna seu maior desafio.
"De canto, não quero destacar, ganho que cê já ficou na minha. Mas um moleque bom como eu, é muito bom de ler entrelinhas"
Julia Kaminari era uma garo...
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POV Júlia Kaminari:
O corredor da gravadora parecia mais longo naquela manhã. Cada passo ecoava nos meus ouvidos como se o silêncio ao meu redor fosse um protesto pela decisão que eu já tinha tomado. As paredes, repletas de quadros e pôsteres das campanhas que de certa forma eu tinha ajudado a construir, pareciam me observar com desdém, como se me acusassem de estar desistindo. Mas eu não estava. Não de mim.
Com a pasta de documentos apertada contra o peito, respirei fundo antes de entrar na sala de reunião. Era uma manhã tranquila, mas a tensão nos meus ombros fazia parecer que havia uma tempestade prestes a desabar.
Nagali estava sentado à mesa, junto com outros dois gerentes de projeto. Quando entrei, eles me lançaram um olhar confuso, talvez tentando decifrar por que eu parecia tão resoluta. Eu não tinha avisado que pediria demissão. Não seria um aviso prévio comum; eu precisava que eles entendessem que aquilo não era só sobre mim.
— Júlia — começou Nagali, com um sorriso diplomático que, até então, me parecia genuíno. Hoje, era só mais uma máscara. — Você está aqui cedo. Temos algo marcado?
— Não exatamente — respondi, tentando manter a voz firme. — Quero conversar com vocês sobre minha saída.
A expressão dele mudou na mesma hora. Um misto de surpresa e cautela cruzou seu rosto. Ele apoiou os cotovelos na mesa, inclinando-se levemente.
— Sua saída? O que você quer dizer?
— Eu vou deixar a gravadora. Não posso continuar trabalhando em um lugar onde o esforço e a dedicação não são suficientes para impedir que me prejudiquem — comecei, sentindo o peso de cada palavra. — Eu sempre acreditei no potencial desse lugar, mas o que aconteceu nas últimas semanas mostrou que... talvez eu esteja no lugar errado.
Houve um silêncio pesado. Os outros gerentes trocaram olhares, enquanto Nagali parecia buscar as palavras certas.
— Júlia, entendo que você esteja magoada, mas precisamos conversar sobre isso. O que aconteceu foi um erro de comunicação, uma coisa que fugiu ao controle.
Ergui uma sobrancelha, cruzando os braços.
— Um erro de comunicação? O vazamento de um vídeo que destruiu minha confiança e prejudicou minha imagem não é "erro de comunicação". É uma falta de respeito, ainda mais qnd foi algo planejado por pessoas da própria gravadora.
— Eu sinto muito por isso — ele disse, mas o tom não convenceu. — Mas sair agora pode ser precipitado. Sua carreira está em ascensão, Júlia. Você tem muito a ganhar aqui.
Balancei a cabeça.
— Minha carreira está em ascensão porque eu trabalhei para isso, não porque vocês me deram de presente. E, se for para continuar lutando, quero fazer isso em um lugar que me respeite, não onde eu preciso me defender o tempo todo.
