Onde Júlia consegue um estágio na Supernova, mas um certo japa tatuado se torna seu maior desafio.
"De canto, não quero destacar, ganho que cê já ficou na minha. Mas um moleque bom como eu, é muito bom de ler entrelinhas"
Julia Kaminari era uma garo...
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O estúdio estava mais movimentado do que o normal. Entre gravações, discussões de arranjos e os ensaios intermináveis, minha cabeça parecia estar no limite. E, para piorar, lá estava ele: Nicolas.
Ele estava sentado em um canto, conversando animadamente com Veigh. Era surreal ver como ele parecia se encaixar tão facilmente ali. Veigh gargalhava alto de alguma piada, e até Madu, que não gostava dele desde o ensino médio, sorria. Parecia que Nicolas estava conquistando todo mundo — menos eu, é claro.
Eu sabia exatamente o que ele estava fazendo. Ele era um mestre em entrar sorrateiramente na vida das pessoas, encontrando maneiras de parecer irresistivelmente simpático. Mas eu não seria enganada de novo.
Enquanto me concentrava no meu roteiro de vídeos para gravar e no planejamento da gravação do novo clipe dos meninos, senti uma presença ao meu lado. Levantei o olhar e dei de cara com Ghard. Ele cruzou os braços e lançou um olhar fulminante para Nicolas.
— Ele tá tão confortável, né? Nem parece que saiu de um passado tóxico pra te deixar mal. — A voz de Ghard estava carregada de sarcasmo.
— Ele tá aqui a trabalho, Gu. — Suspirei, já cansada daquele assunto. — Não vou deixar isso me afetar.
Ghard arqueou uma sobrancelha. — E tá funcionando? Porque, sinceramente, você parece tensa toda vez que ele aparece.
Olhei para Nicolas e Veigh mais uma vez. Era como se Nicolas sentisse meu olhar, porque ele me encarou e deu um sorriso de lado antes de voltar a falar com Veigh. Fingi não perceber e voltei minha atenção para Ghard.
— Estou lidando com isso do meu jeito. Não quero problemas.
— É, mas ele parece querer. — Ghard abaixou o tom de voz, se inclinando na minha direção. — Ju, eu tô vendo o jogo dele, e não vou ficar quieto se ele tentar fazer qualquer coisa com você.
Havia algo no jeito que ele disse aquilo, uma intensidade que fez meu coração acelerar. Mas antes que eu pudesse responder, Nagali apareceu para interromper.
— Júlia, Nicolas, posso falar com vocês dois?
Ghard estreitou os olhos, mas não disse nada. Nicolas atravessou o estúdio com aquele sorriso despretensioso de sempre, me seguindo até a sala de reuniões.
Nagali estava empolgado enquanto explicava a proposta. Ele queria gravar uma campanha promocional envolvendo várias colaborações dentro da gravadora e achava que eu e Nicolas éramos a escolha perfeita.
— Escolhi vocês dois porque os dois produzem conteúdos incríveis de outfit nas redes sociais. — Ele começou, os olhos brilhando de entusiasmo. — E, como ambos são lançamentos da Supernova, o público quer ver vocês juntos.
Franzi a testa, sem entender. — Mas eu não sou artista. Por que eu estaria nesse tipo de projeto?
Nagali sorriu de canto, como se já estivesse esperando a pergunta. — Você pode não ser artista, mas desde que entrou aqui, roubou a cena. Mesmo sem cantar, já ganhou o coração dos fãs. Todo mundo quer saber quem é Julia Kaminari.
