Maria Eduarda Sulivan/Madu
Na manhã seguinte, Julia mal havia acordado e já levou um susto com o som de alguém batendo na porta com pressa. Ainda esfregando os olhos, abriu e viu Maria Eduarda — ou Madu, como sempre a chamava — parada ali com um sorriso maroto e o celular em mãos.
Assim que Julia abriu a porta, Madu entrou falando alto:
— Não acredito! Você me manda aquele áudio gigante com essas novidades e quer que eu fique calma? Amiga, isso é de surtar! — ela dizia enquanto já tirava o casaco e jogava a bolsa no sofá.
— Madu, pelo amor... — Julia sussurrou, meio desesperada, lembrando do horário — São seis e meia da manhã, maluca! Vai acordar a vizinhança toda.
— E como você espera que eu não grite com tudo isso? Você está vivendo uma fanfic, mulher! Primeiro dia na Supernova, carona com o Ghard, ele curtindo uma mensagem antiga sua... — Madu a olhava com os olhos brilhando, divertindo-se como uma criança assistindo um filme muito bom.
Julia tentou segurar um sorriso, mas logo o desmanchou:
— Olha, não cria expectativas, ele só me ofereceu a carona pra não me deixar na rua àquela hora. Dá pra ver que ele me evita.
Madu revirou os olhos e começou a rir:
— Até parece, amiga! Só o fato dele ter oferecido a carona já é um sinal!
—Você é tão iludida quanto eu! — Kaminari disse pegando o pão e a servindo um copo de suco.
— Pois é, olha quem fala. Cresceu, saiu de casa e ainda não faz café, que decepção em. Tá Tão ruim morar longe de você, já estou com saudades — Madu disse, fingindo drama e se aproximando para um abraço.
— Saudade também, amiga — Julia retribuiu, mas logo tentou se soltar, rindo. — Tá bom, tá bom, chega de toque físico, sem toque físico!
Julia não era lá um talento na cozinha, mas sabia se virar com um café da manhã completo: ovos, suco, e seu famoso misto quente na chapa, sua especialidade. As duas se sentaram, compartilhando histórias e risadas enquanto comiam.
— Ah, você precisa dar um jeito nessa casa. Ainda parece um cativeiro — Madu zombou, observando o ambiente meio vazio.
Julia revirou os olhos, já acostumada com as críticas da amiga:
— Vou decorar, tá? Só não tive tempo ainda.
Depois de mais alguns minutos de conversa animada, Madu olhou para Julia com uma expressão curiosa:
— E a gente falou tanto dos meninos, mas e o trabalho? Como foi? Você gostou de verdade?
Julia assentiu, animada:
— Muito, Maria! É bem puxado, claro, mas o ambiente é incrível. Ontem trabalhei poucas horas, mas o horário é flexível, então posso passar o dia no estúdio ou fora, depende da tarefa. Já vi que vou aprender demais lá, e a estrutura é incrível. Até ganhei um tablet de trabalho, acredita?
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Ghard - Entrelinhas
Roman d'amourOnde Júlia consegue um estágio na Supernova, mas um certo japa tatuado se torna seu maior desafio. "De canto, não quero destacar, ganho que cê já ficou na minha. Mas um moleque bom como eu, é muito bom de ler entrelinhas" Julia Kaminari era uma garo...