Legacy • Jung Kook ▪︎ Apocalipse (02)

Humano

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● Capítulo Final ●

— Estou excitado! - ele disse, dando batidinhas na minha perna esquerda.

— Excitado? Como assim excitado? Ah.

— Eu sinto falta de fazer isso com você... 

— Eu também, agora se comporte.

Não passou nem três segundos e ele voltou a falar no meu ouvido.

— Você acha que ela vem?

— Ao que tudo indica ela é completamente maluca por você, então ela vem... - eu falava por experiência própria.

Nós estávamos como nos velhos tempos, os dois dentro de seu carro, observando pela janela o lugar em que o segurança costumava se encontrar com a sasaeng, a apenas um quarteirão da HYBE, tínhamos pouco tempo porquê em breve as pessoas sairiam para trabalhar e a rua deserta ficaria cheia de trauseuntes, com certeza não passaríamos desapercebidos.

— O que você fez para espantar elas aquele dia? - ele brincava com meu cabelo para passar o tempo.

— Fingi que tinha uma arma... - eu arrumei sua máscara, distraída — Não ficou uma para me enfrentar.

— Não ficou mesmo... olha. - ele apontou para o fim da rua, e eu virei o rosto.

— É ela.

A garota apareceu logo depois das seis da manhã, vestia um conjunto de certo modo até infantil com o rosto desenhado do maknae na camiseta, saia plissada, tênia e meias de cano alto, de longe apenas uma fã, de perto viciada em perseguir.

— Você tá bem, Galaxy? Você não precisa...

Jung Kook apertou minha perna com força ao vê-la, os dedos magros me pressionaram chamando minha atenção e eu virei para encará-lo.

— Eu quero. - o idol parecia acuado tal qual na noite do encontro dos dois no estacionamento, mas insistiu em ir comigo confrontá-la. — Só é.. estranho.

Talvez eu nunca entendesse porquê ele se sentia assim, o sentimento em si, eu não tinha ido tão longe como idol, não no nível de gerar obsessão em outras pessoas, de ter sua vida pessoal vigiada, de ouvir as pessoas dizerem em alto e bom som o que você tem que fazer. Não devia ser uma simples questão de privacidade, parecia mais uma espécie de temor que o fazia duvidar de si mesmo, o deixava vulnerável, impaciente, vacilante, um Jung Kook frágil que eu desconhecia, precisando encarar seu próprio demônio. 

— Tá tudo livre. - ele se certificou que ela estava desacompanhada conforme as instruções na mensagem que eu tinha passado e nós descemos do carro ao mesmo tempo.

Não estávamos longe, eu não usava nada para esconder meu rosto, meu vestido estava em frangalhos da noite anterior. Eu nem sabia se ela me reconheceria, ao que tudo indicava relendo as mensagens passadas, ela era escolhida apenas para pressionar psicologicamente o idol de maneira quase doentia, segui-lo, rondar sua casa, sua academia, mandar presentes aleatórios e intimidadores, incitar discussões na internet, postar imagens comprometedoras, era bem mais mental do que físico, por isso ele era tão afetado.

— O quê? - ela apertou os olhos conforme nos aproximávamos e não fugiu porquê viu ele logo atrás de mim. — Não... não pode ser...

— Você tem duas opções... - eu tinha zero intenções de prolongar aquilo, tinha ido longe demais. — E aproveite que eu estou boazinha hoje. - parei há poucos metros de distância e ele parou logo atrás, dessa vez devidamente coberto e com sua identidade protegida.