Não

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🌷 𓂃 conteúdo adulto e explícito.

Eu queria muito sentir alguma coisa de novo e eu finalmente sentia.

— Deixa os sapatos.

Sentia cada parte dele dentro de mim, pulsar, latejar, entrar e sair. Sentia cada parte minha responder, dilatar, apertá-lo e envolvê-lo. Eu gemia tanto quanto ele, sem me importar com o altura dos sons ou o local, aliás isso não era mesmo algo que nos importávamos, desde o começo.

A posição desconfortável, meio de pé no banheiro, entre a parede lateral e a porta, não impediu a penetração profunda e violenta e se manteve assim por um tempo, enquanto os dois estavam focados no prazer, na saudade que nossos corpos sentiam, na vontade reprimida por semanas sem nenhum contato. As tatuagens mais uma vez se misturando uma à outra, o peitoral dele aquecendo meus seios, sua cintura apoiando uma das minhas pernas e nossas bocas se encontrando sempre que podiam, relembrando o mesmo gosto, o mesmo cheiro, o mesmo tesão que compartilhávamos. 

Tudo era igual.

Até que ele afastou o rosto por um segundo de perto de mim e quis me olhar direto nos olhos, as jabuticabas pretas arregaladas deixando o prazer para revelar uma dor escondida, enquanto ele ainda me penetrava, o movimento rápido sendo trocado pelo lento, gostoso, cheio de um sentimento verdadeiro que tinha sido esquecido apenas por um lapso de tempo, de repente a estocada violenta, virou um carinho longo, leve, provocando meu orgasmo bem devagar.

Diga, por favor, diga.

Eu o olhava de volta procurando uma resposta. Eu não podia implorar por isso, não para ser amada. Seus olhos cheios de pontos brilhantes me deixavam saber que ainda estava ali dentro dele, mas ele precisava dizer, só dizer que ainda me queria, que ainda me amava.

Diga.

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Meu olhos o encaravam com dor e desejo ao mesmo tempo, tanto que ele me soltou por um instante e acariciou meus cabelos curtos, os dedos desceram pelo meu rosto e enxugaram uma única lágrima que, eu nem tinha percebido que caía, mas ela tinha escapado enquanto fazíamos amor devagar, de olhos fixos um no outro.

Ele pôs o rosto em meu ombro e me deixou entender perfeitamente porquê recaídas são tão simples de acontecerem, o membro duro sabia o jeito único de me dar prazer, conhecia cada pedaço meu como um mapa desenhado por ele mesmo, procurava os pontos sem esforço só para assegurar que eu sempre seria sua e que ele sempre me conheceria mais que qualquer outro.

Foi impossível não fechar os olhos, seria doloroso demais encará-lo, então eu me deixei levar única e simplesmente pelo que meu corpo sentia e buscava, e como um choque de realidade, logo depois do orgasmo a razão voltou tanto a mim quanto à ele; de que tínhamos feito a pior coisa que poderíamos fazer a essa altura da separação. 

Jung Kook me deixou de pé com cuidado, e aquele maldito silêncio entre nós dois imperou mais uma vez enquanto suas mãos deixavam meu corpo lentamente como se ele não quisesse me soltar, e agora era como se dois estranhos que não se conhecessem tivessem sua primeira transa, mas cada um seguiria seu caminho solitário.

O maknae me deu minha calça do chão primeiro, e eu virei de costas para me vestir, passando para a área do lavatório, e deixando o local apertado.

— Você quer.. conversar? - ele perguntou docemente.

Aqui. Aqui minha mente plausível e superdotada funcionou a mil e eu me recordei do que eu realmente tinha vindo fazer essa noite. Que deveria ter acontecido horas atrás, se eu não fosse tão perdidamente apaixonada por ele.

— Claro. - fui irônica como toda ex. — Você vai me dizer porquê não estamos juntos? - e direta finalmente.

Essa pergunta devia ter sido feita na primeira noite, no mesmo momento que ele me fez entrar em seu apartamento e depois me fez sair perdida e sozinha, mas não é assim que as coisas são: primeiro o choque da realidade paralisa você, meses depois você pensa na resposta que teria sido perfeita para a ocasião. Bom, não importando o tempo, agora era a hora da resposta.

Ele ficou tão surpreso com a rapidez que despejei as palavras que arregalou os olhos e procurou qualquer coisa para dizer o mais rápido possível, embolando as palavras.

— Aish.. Ah... a gente podia conversar sobre outra coisa, não sei... sei lá.

QUÊ?

— Eu quero saber porquê você terminou comigo! - me descontrolei levemente, sentindo minhas têmporas corarem.

Os socos na porta alertaram que tínhamos pouco tempo, com certeza interditar o banheiro falsamente não ia durar mais do que uma única transa. Eu vesti o corset de qualquer jeito e aguardei minha resposta. O maknae franziu a testa e vestiu seu moletom, jogando os cabelos para trás.

— Nós não vamos conversar sobre isso. - o semblante sério mudou na mesma hora como se fosse um absurdo minha pergunta.

— Se você não vai me dizer porquê não estamos mais juntos, nós não temos nada para conversar.  - devia ser assim o fim do mundo: confuso e caótico, tanto quanto era a minha vida agora, sem sentido nenhum. 

Uma algazarra de pessoas fazia barulho perto da porta principal do banheiro, batendo e solicitando entrada, ao mesmo tempo eu e o maknae vestimos nossas máscaras, quem sabe em outra história agora nós seríamos parceiros novamente em um resgate, mas não nessa. Nessa, cada um tinha seus próprios planos.

— Yun-Hee a gente não precisa se odiar... não é assim que eu imaginava que... 

E era como?

— Pare de me seguir e me vigiar Jung Kook, eu não sou mais responsabilidade sua. - eu aproximei meu rosto do seu com toda a coragem que ainda me restava, mesmo que minutos atrás eu estivesse me entregando para ele.

— E você fica por aí arriscando sua vida... eu vou só deixar isso acontecer?

— Vai. Você escolheu me deixar ir, então vai me deixar fazer o que eu quiser.

Em qual história eu achei que não seria ele a pessoa a me acompanhar e me vigiar de perto? Eu ensinei ele exatamente tudo que eu sabia, eu mostrei como fazer e ele sabia fazer melhor que eu ainda. Porém minha mente estava ainda mais confusa: ele não me queria, mas se preocupava comigo, não me dava um motivo, mas queria conversar. 

Mas que porra!

— Já chega vocês dois, para fora, OS DOIS! -  o segurança finalmente derrubou a porta e começou a gritar, sob vaias e comentários da plateia. 

— Pare de me seguir. - eu repeti direto para Jung Kook com veemência, deixando o banheiro.

— Não. - foi o que ouvi ele dizer. 

ꕀ ꕀ ꕀ ꕀ ꕀ ꕀ

Legacy • Jung Kook ▪︎ Apocalipse (02)Onde histórias criam vida. Descubra agora