Por agora

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— Para cima... você precisa levantar o cotovelo.

— Acho um absurdo você ainda saber atirar melhor do que eu... - entreguei a pistola de volta para Eun-woo vendo que nosso tempo tinha encerrado e olhos brasileiros piscavam para mim impacientes.

— Absurdo é uma base de tiro dentro de uma ONG! - Angel passou por ele com uma papelada sem fim. — Aqui o último relatório do mês, e a gente tem uma reunião já, já.

Eu nunca imaginei que sentiria falta da bagunça de Alyss, a brasileira era tão organizada que chegava a dividir post-its por cor e exigir de mim uma organização sistemática que nunca tive, mas eu não podia dizer que a ONG não tinha seu auge com ela ali.

— Relaxa, Angel... - eu recolhi minha jaqueta para cobrir as tatuagens e peguei a pasta de suas mãos. — São balas de festim.

— Mesmo assim, isso pode causar um acidente.

— Bom, a gente se vê depois, Yun-Hee. - Eun-woo se despediu de nós duas com um cumprimento da cabeça. — Angel.

— Eu não me acostumo ainda, com tantos homens bonitos que você conhece... - ela comentou enquanto nós andávamos de volta para minha sala e eu lia os documentos de investidores no caminho. — Outro dia eu sonhei com o Sagami, ele queria me entregar uma pasta com um documento secreto, mas Yoongi colocava fogo no cabelo dele antes dele conseguir.

— Ainda traumatizada, huh? - eu levantei uma sobrancelha, imaginando a perspectiva esdrúxula de Yoongi, bem mais baixo tentando colocar fogo em Sagami.

— Não é fácil esquecer aquela cena... ele anda ensaiando para o próximo show com o Jey e de repente eles tão lutando um contra o outro.... desculpe.

Duas semanas sem ver ou ouvir falar de Jung Kook, eu seguia o meu acordo com ele à risca, por isso a sala de tiro improvisada dentro da ONG para que eu continuasse meu treinamento, mas ouvir seu nome, ainda que fosse aquele maldito apelido perfeito que ela tinha dado para ele não foi como um tiro de festim.

Eu sentia, eu continuava sentindo. O tempo tinha passado, mas eu ainda sentia.

— Tudo bem... - tentei ser cordial e fingir que nada acontecia comigo, mas ela percebeu.

— Pra mim você não precisa mentir. - e passou na minha frente, vindo com aqueles olhos grandes direto nos meus. 

— Tá tudo bem mesmo. - eu insisti sendo um pouco rude e desviei dela alcançando a minha mesa, deixando a pasta em cima.

— AH! - ela deu um grito esganiçado no meio da sala. — Eu não sei qual é de vocês dois, não tá tudo bem para mim, não tá tudo bem...

— Angel... - e eu vi com meus próprios olhos o quanto isso tinha afetado todos eles.

— Não, nada de Angel... - ela largou tudo que segurava na cadeira mais próxima e veio dizer o que queria bem de frente para mim, o dedo indicador na ponta do meu nariz. — No meu país a gente resolve as coisas, aqui vocês ficam com esse estica-e-puxa...

Legacy • Jung Kook ▪︎ Apocalipse (02)Onde histórias criam vida. Descubra agora