Foxy Girl

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Ela era gentil demais para estar nessa posição, mas talvez a vida seja um emaranhado de controvérsias, porquê ela dizia que eu era durona demais para comandar uma ONG, então aqui estávamos nós duas, de novo.

— Srta. Park. - olhos heterocromáticos, a pele mais bonita que eu já tinha visto, sempre bronzeada, mesmo que já morasse há algum tempo na Coreia.

— Dra. Taehwa... - eu sabia que não tinha pronunciado o nome corretamente - era o máximo que eu conseguia fazer com aquele emaranhado de letras do português, mas mesmo assim me curvei em respeito à sua farda.

— Tain... - ela quis me corrigir, mas era bondosa demais para isso também. — Deixa, vocês nunca conseguem dizer meu nome certo. Como você está? Como vai o idol?

A pessoa mais doce que eu já tinha conhecido, nunca levantava sua voz, parecia ter saído direto de um conto de fadas e se teletransportado para nossa realidade, era inventada eu tinha certeza, que alguém tinha a escrito para compor as histórias que se passam em florestas encantadas onde a protagonista é sempre tão bela que seduz até os passarinhos.

Me olhava com ternura, a cor de seus olhos mudando conforme a luz da janela do laboratório cintilava à três da tarde. Ela era tão bonita, tão única, que me fez esquecer a pergunta e eu a observei um pouco consternada, meio em transe por sua beleza. Tinha outra pessoa tão capaz de prender qualquer ser humano assim, somente outra, e o sobrenome dele também era Park.

Angel não era a única brasileira que eu conhecia.

A médica militar em minha frente usava sua farda branca característica, a bandeira do Brasil bem ao lado da Coréia em seu peito, mostrando orgulho por suas duas pátrias, seu dois nomes pomposos e bordados em meio à incontáveis insígnias de serviço prestado, talento, genialidade. E como uma floresta encantada - mas dessa vez em meio às chamas, seus cabelos enrolados caíam sobre os ombros em curvas grandes e bem desenhadas. A voluptuosidade de seus seios, a cor da sua pele, a largura de seu quadril, tudo tão bonito e único que sempre me emocionava de uma maneira nova quando eu à encontrava frente à frente.

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— Eu não vim falar dele, na verdade eu preciso de mais um favor. - ela retirou as luvas de análise e sorriu com sutileza.

Eu salvava todas as pessoas ao meu redor, mas ninguém sabia que ela era uma das pessoas que me salvava quando eu precisava.

— Tá tudo bem? Parece que você não dorme faz um tempo... - as mãos doces puxaram meu rosto e ela tocou a parte debaixo dos meus olhos conferindo minhas olheiras profundas de quatro noites sem dormir. 

Que mania de brasileiros têm de tocar na gente o tempo inteiro. Hajima.

— Tá.. tá.. - eu precisei afastar suas mãos do meu rosto. — Só muito trabalho, preciso falar com o seu protegido. - disse em tom baixo, estávamos em uma visita oficial ao exército, ela como militar e eu como convidada à um dos laboratórios de pesquisa da base coreana. 

A mulher brasileira de cabelos ruivos era um mini prodígio, estava na Coréia há poucos anos e prestava serviço voluntário na ONG, cuidando das crianças refugiadas e dos abrigados que eventualmente ficavam doentes. Tinha vindo para o país como convidada para trabalhar no laboratório de testes e patologias, de um dos centros médicos mais tecnológicos do mundo: o próprio exército coreano, para isso tinha passado por um longo treinamento militar aprendendo em termos exatos nossas regras e nossa cultura, por fim tinha virado uma White Tiger.

— Olha Yun-Hee.. a primeira vez tudo bem... eu consegui dar um jeito, mas agora é meio impossível... eu preciso saber... - ela estava relutante, seus olhos reluziram da mesma cor por um segundo completo e as sardas se intensificaram na ponta de seu nariz.

— Ele está lotado no 5° Batalhão, e sei que você trabalha lá. - eu tirei meu celular do bolso com as informações do mais velho.

— Às vezes eu esqueço como você pode ser preparada... me deixa pensar um pouco, o quanto você precisa chegar perto dele?

— O máximo que eu conseguir.

Ela arregalou os olhos, mas eu me mantive impasse. Eu precisava mesmo encontrar com o Seokjin frente a frente, nem que eu desse uma de Mulan e me vestisse inteira de homem. Angel tinha razão, toda essa loucura de me inserir de volta no meio do Bangtan tinha começado com ele e seu casamento. Ele tinha causado a primeira grande mudança na HYBE, a primeira grande quebra, ele tinha me ligado para salvar Yoongi, ele tinha me submergido de volta. Se ele tinha me arrastado para dentro, ele podia me tirar disso, mas infelizmente ele estava isolado cumprindo seu serviço militar.

— Uma coisa é você com toda a sua influência me trocar de posto, eu sou militar e médica, depois do incidente com a enfermeira eu ainda consigo ter acesso exclusivo à ele, mas outra coisa é levar você lá dentro até ele, já que não tem possibilidade dele sair. - eu podia ver que ela se esforçava para achar uma solução e enrolou um de seus cachos com o dedo mindinho, mas mantendo a postura de tenente naquela farda impecavelmente branca.

Eu devia minha vida à ela, mais que isso, eu devia a vida do próprio SeokJin à ela. Ela tinha suspeitado da enfermeira falsa lotada em seu batalhão, tinha me alertado que ele podia estar em perigo e que precisava de atenção dobrada dentro do exército. Quando eu finalmente consegui intervir com uma ordem judicial através da HYBE, ela assumiu totalmente os cuidados com ele, fazia seus exames, verificava sua saúde, e passou a monitorar todas as pessoas de sua área que chegavam perto dele. A enfermeira que entrou escondida e sem autorização no batalhão do idol quase levou todos nós à beira da loucura.

Eu sei que era demais o que eu fazia, talvez mais inconsequente do que a própria enfermeira em sua missão de chegar perto de Jin, mas eu precisava sobreviver ao furacão que Jung Kook tinha causado em mim de alguma maneira.

— Quando você quer... - alguns minutos pensando e ela achou uma solução plausível.

Ela era bondosa demais, inclusive comigo, nunca sabia dizer não e isso me fez sentir uma culpa imensa por colocá-la em risco assim.

— Amanhã?

— Nossa, deve ser mesmo grave. - mas ela não pestanejou, olhou meu corpo e de cima a baixo e assentiu com a cabeça.

Eu queria o mais rápido possível a permissão dele para sair da Coréia, desaparecer e esquecer o Jung Kook de uma vez.

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Legacy • Jung Kook ▪︎ Apocalipse (02)Onde histórias criam vida. Descubra agora