Elizabetth
A sala de reuniões pareceu se tornar mais fria conforme ela afastava uma parte da cortina para observar os jardins na parte de trás do castelo.
Seus olhos atentos observaram cada criado em seus afazeres, uns podando, outros regando ou prestando assistência, mas seus olhos se detiveram em uma esbelta mulher no meio do jardim. Era evidente que mesmo que não se lembrasse de muita coisa, seria de seu feitio tentar não demonstrar o quanto se preocupava com os olhares de reprovação e medo que eram lançados em sua direção. Foi por isso que assim que a vira naquele corredor, e as poucas palavras que trocaram até encontrar Jane, foram o suficiente para que ela entrasse nas mentes de cada ser vivo naquele palácio, e criasse uma nebulosa a fim de que não se lembrassem da verdadeira causa da última guerra.
Pelo menos por enquanto.
Não sabia por quanto tempo, afinal todos os dias se tornavam um pouco exaustivos pois precisava constantemente fazer uma varredura em suas mentes a fim de se certificar que o contato com as pessoas de fora dali não mudara algo.
-Ela realmente não se lembra. -constatou sua emissária se colocando ao seu lado.
Seus olhos encontraram os de Margot.
-Não sei até onde vai as memórias na mente de Emma agora, mas não diria que ela realmente não se lembra.
Margot estremeceu.
-Ela ainda consegue ser bem mais inteligente do que eu esperava para alguém que hibernara por mais de um ano.
Eliza ponderou. Um ano e meio havia se passado desde a guerra, se perguntou por um instante a partir de qual momento parara de contar os dias desde então.
-É o que vamos descobrir. -a rainha deu de ombros. -Emma não teve a primeira impressão de Ferryan que eu tive quando atravessei com ela da primeira vez -disse sentando-se na cabeceira da mesa, Margot se sentou na cadeira do lado esquerdo, encarando-a. -Nunca agiu em todos os anos em que esteve aqui como se realmente se sentisse em casa.
-Acha que Roosevelt seria a casa dela agora? -indagou a emissária, franzindo o cenho.
-Creio que em todos os lugares onde os olhos não veem além do físico. -ponderou calmamente, seu poder enfim dançou em uma das mãos, primeiro como chamas douradas, que se tornaram uma luz branca incandescente e cegante aos olhos, depois disso ela chamou a escuridão que entrou sorrateiramente pelos cantos da sala se arrastando pelo chão, indo até ela enquanto dançava, brincando na ponta de seus dedos, o aposento pareceu congelar naquele instante, o ar pareceu mais pesado, chamas vermelhas se misturaram com as sombras, ela encarou a emissária com seus olhos vermelhos, piscou, e então tudo desapareceu em menos de um segundo. -Enquanto preciso chamar as sombras, manipulá-las para mim, o poder de Emma é tão antigo e complexo que as sombras e a escuridão se curvam a ela.
-Pode sentir isso? -Margot estremeceu na cadeira, Eliza sentiu o cheiro do medo da emissária quando assentiu.
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Christopher entrou em seu escritório alguns minutos depois, jogando a página do jornal do que parecia ser um decreto espalhado pelas ruas do que ela percebeu imediatamente serem do norte.
Haviam os rostos dela, de Christopher e Edward estampados na folha.
Ela ergueu uma sobrancelha quando leu o enunciado, dizendo que os três eram procurados, suspeitos da conspiração com a tentativa de assassinato do rei na noite de seu baile de aniversário.
Ela largou a folha e encarou o general. Como se visse a pergunta estampada em seus olhos, respondeu:
-Ainda nenhum sinal de Edward, ninguém o viu depois do solstício, e ele ainda não retornou a Breackfost.
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O Rei e a Rainha das Sombras - livro 4
Fantasy"Dentro de um mundo em conflito entre reis e rainhas, ela poderia ser a salvação dele, ou ele será sua ruína." "Ela não se curvaria a ninguém. Ao invés de ter medo, ela se tornaria quem as pessoas temem."