┈─ 𝟶𝟶6. O SILÊNCIO ENTRE AS CINZAS.

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O SILÊNCIO ENTRE AS CINZAS

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O SILÊNCIO ENTRE AS CINZAS.

O amanhecer chegou sem aviso, tingindo o céu com tons suaves de azul e dourado, como se o mundo não tivesse acabado horas antes. Mas para Yara, o sol não fazia diferença.

O bote deslizava lentamente pelas águas tranquilas, um contraste cruel com o caos que haviam deixado para trás. Zuko e Iroh remavam em silêncio, como se qualquer palavra fosse capaz de quebrar o frágil fio que mantinha Yara respirando.

Ela permanecia imóvel, deitada com a cabeça no colo de Zuko, os olhos fixos em algum ponto perdido do horizonte. Mas não enxergava nada. Nem sentia o balanço suave da embarcação, nem o frio da manhã que cortava sua pele, nem as mãos discretas de Zuko, que seguravam com cuidado a manta que havia colocado sobre ela para protegê-la da brisa.

Era como se já não estivesse mais ali.

A única coisa que ecoava dentro dela era o vazio deixado pela ausência de Yue.

Sua irmã.

Sua melhor metade.

E nos últimos momentos... ela não estava.

— Você não quer... — Zuko começou a falar, mas logo se calou. Não fazia ideia do que dizer. Nunca foi bom com palavras, muito menos em situações assim.

Yara piscou devagar, sem desviar o olhar do horizonte.

— Não vi meu pai... — murmurou, a voz baixa, rouca. — Nem meus amigos... nem... ela.

Zuko apertou os lábios. Não sabia se devia dizer algo, mas, estranhamente, sentia que precisava.

— Se você estivesse lá... não teria mudado nada.

Ela franziu levemente a testa, como se o comentário a despertasse um pouco.

— Mas eu deveria ter estado. Proteger Yue... era tudo o que eu tinha.

Zuko desviou o olhar, encarando a superfície da água, onde via seu próprio reflexo distorcido.

— Eu sei como é sentir que perdeu tudo.

Yara virou os olhos para ele, pela primeira vez desde que estavam no bote.

— E o que você fez?

Ele respirou fundo, encarando a linha do horizonte.

— Continuei... mesmo sem saber por quê.

Ela observou seu perfil iluminado pela luz fraca da manhã. Era estranho vê-lo assim, sem o olhar feroz e arrogante da batalha. Ele parecia cansado. Cansado de lutar, cansado de perder.

E, por um breve instante, Yara percebeu que, embora suas histórias fossem diferentes, havia algo de igual nos dois.

Ambos tinham sido criados para servir a um propósito.

𝐋𝐎𝐕𝐄 𝐓𝐇𝐄 𝐖𝐀𝐘 𝐘𝐎𝐔 𝐋𝐈𝐄, zukoOnde histórias criam vida. Descubra agora