Sempre ao meu lado

Capítulo Dois

Antes mesmo de ler a placa onde estava escrito meu nome - Melissa Santiago - reconheci o Brandon. O que não era difícil, já que com seus 194cm se destacava em meio a multidão. Meu novo irmão tinha um porte atlético devido aos anos no time de futebol americano do colégio, o cabelo loiro liso batia um pouco acima dos ombros. Usava um óculos de grau quadrado estilo geek e uma boina - sim, boina – acessório que eu acreditava ser popular no seu curso de cinema. Atrás dele pude ver um casal. A mulher tinha o cabelo liso e loiro assim como o filho, provavelmente com a mesma altura que eu. O homem, que também usava óculos, tinha o cabelo castanho escuro e era tão alto quanto o filho.

- Bem vinda, querida – a senhora Caroline Johnson me puxou para um abraço apertado, o que me surpreendeu bastante, pois tinha ouvido falar que os americanos não são muito carinhosos.

- Eu nem posso acreditar que finalmente estou conhecendo vocês. Em Los Angeles! – Eu dizia enquanto apertava a mão do Senhor Antony. – Mal consegui dormir durante o vôo. Ou na ultima semana. Nem lembro qual a última vez que dormi de verdade.

- Nossa, você fala! – O Brandon disse enquanto me puxava para um abraço assim como sua mãe. Eu corei. – Eu quis dizer, você fala muito bem a nossa língua.

Eu me senti lisonjeada com o elogio porque fiquei meses estudando inglês por conta própria, assistindo vídeos na internet e de vez em quando pedindo ajuda a alguns professores da universidade que haviam feito seu doutorado no exterior. E o esforço deu resultado, é como se eles falassem português comigo.

Eles pegaram minha mala com as poucas coisas que trouxe, mas que na verdade era meio que tudo que eu tinha. Não sabia basicamente nada de carros, mas quando vi o quanto o deles era enorme, tive certeza que era um dos mais caros no Brasil.

Durante o caminho para a casa eu ficava maravilhada com a cidade, como era tudo lindo e mágico nela. Estava louca para conhecer logo a UCLA, onde eu estudaria. Assim como todos os pontos turísticos que meus colegas haviam me contado e que o Brandon prometeu me levar.

- Mel, é verdade que você não tem carteira de motorista? - O Sr. Johnson perguntou enquanto dirigia.

- Sim. No Brasil só podemos tirar aos dezoito anos, mas como ninguém na minha família tem carro não achei que seria necessário. – O Sr. Johnson fez uma cara de surpreso, mas não disse nada.

- Tínhamos pensado em alugar um carro para você – Sra. Johnson falou se virando pra mim do banco da frente – Mas como isso não será possível, o Brandon pode ser seu motorista até resolvermos essa situação.

Eles foram me contando um pouco mais sobre suas vidas. Caroline era uma chef, dona de uma rede de restaurantes na cidade. Antony era destaque na firma de publicidade em que trabalhava. O Brandon me contava animadamente sobre os projetos que planejava fazer, começando pelo seu primeiro comercial que estava sendo feito com a ajuda de seu pai. Chegamos então em uma rua onde todas as casas davam para a praia.

- Não brinca! Vocês moram de frente para o mar? - Eu disse enquanto tentava não botar minha cabeça pra fora da janela como um cachorro.

Eles pararam em frente a uma casa enorme, maior do que qualquer uma a qual eu já tivesse ido. Brandon fez questão de carregar a mala. Meu estomago estava embrulhando de ansiedade para conhecer a casa onde ficaria nos próximos anos, apesar de ter certeza de que já amava aquele lugar antes mesmo de entrar. Assim que abri a porta ouvi certo murmurinho e de repente percebi as pessoas que estavam espalhadas pela enorme sala.

- Surpresa!

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- Ramon, é a terceira mensagem que eu deixo. Os Johnson fizeram uma festa para minha chegada e eu queria muito que você viesse pra conhecê-los. Onde você está?