Capítulo Seis

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- Paciente Rosie Silvenclear, 15 anos. Chegou ao pronto socorro por volta das quatro horas da manhã com dores abdominais, azia e presença de sangue no vômito. Após realizada uma endoscopia. Foi encontrado sinais de inflamação na parede do estômago.

- E qual o tratamento indicado? - Dr. Marcel me perguntou. Olhei para paciente que estava pálida e parecia assustada. Durante os exames conversamos e ela disse estar nervosa por causa do teste de líder de torcida que estava se preparando, sendo o estresse uma das causas da gastrite.

Fazia um mês desde que eu comecei a estagiar no Hospital na ala de cirurgias, ficava freqüentemente no pronto socorro. Eu ainda não podia atender sozinha a nenhum cidadão, mas acompanhava o atendente - Dr. Marcel - especialista em cirurgia de emergência. Eu basicamente estava ficando em pé graças a vários copos de café e bebidas energéticas. Estava no meu turno há 44 horas e faltava apenas mais quatro horas para poder ser liberada.

- A paciente deve utilizar protetor gástrico para proteger o estômago da acidez e anti-inflamatórios para tratar a inflamação. E diminuir os treinos - Eu acrescentei a ultima parte dando uma piscada para a Rosie.

- Isso é tudo. Assim que terminar de tomar o soro, a enfermeira vai vim liberar a sua saída. - Dr. Marcel cumprimentou todos no ambiente e saiu da sala, comigo logo atrás dele. Assim que chegamos ao corredor ele se virou para mim. Ele era no máximo uns 2cm mais alto do que eu. Possuía uma abundante quantidade de cabelo castanho, o que era impressionante devido a idade que aparentava ter. - Melissa, o que já falei sobre acrescentar coisas no momento do diagnóstico?

- Desculpe Dr. Marcel, mas eu acho que a gastrite dela foi causada pelo estresse que ela está sofrendo por causa dos treinos. Então acredito que a ultima parte que acrescentei não estava totalmente fora do contexto. - Encolhi meus ombros.

- Na próxima vez, não quero uma palavra a mais! - Ele disse, me dando as costas.

- Ele estava pegando no seu pé de novo? - O Roger apareceu logo atrás de mim. Ele estava estagiando na ala de psiquiatria.

- Sim. Acho que ele não conseguiria dormir a noite sabendo que não gritou comigo durante o dia. - Eu disse revirando os olhos. - Vamos ao terraço tentar descansar um pouco.

Sempre que tínhamos um momento de calma em toda aquela correria do hospital, íamos ao terraço porque raramente tinha alguém lá. A temperatura em Los Angeles estava em média de 17º graus, o que fazia as pessoas fugirem do frio.

- Ei vocês, trouxeram para mim? - Emma se referia ao café que tínhamos pegado no caminho. Ela estava enrolada em cobertores que havíamos escondido ali, com o cabelo ruivo preso dentro de uma touca azul. Entreguei o café dela. Eu e Emma tínhamos pegado horas extras durante as ultimas semanas para podermos ter uma semana de folga no natal.

- Como foi o dia de vocês? - Perguntei, depois de uma golada.

- Cara, tem tanta gente doida naquele lugar que às vezes eu fico pensando se não seria melhor levar um exorcista. - Roger disse deitando sua cabeça no colo da Emma. Desde que minha amiga e Jhon começaram a namorar, Roger desistiu de ficar atrás dela, o que fez sua presença passar de suportável para agradável.

- Isso porque você trabalha na ala psiquiátrica. O que pensou que acharia por lá? - Estava com a cabeça jogada para trás sentindo o calor dos poucos raios solares.

- Eu adoraria ter algum maluco correndo pelo meu andar. Ultimamente só apareceu gente reclamando de queda de cabelo e acnes. Quero emoção, onde estão as pessoas com câncer de pele?

- Emma - Eu e Roger a repreendemos juntos.

- Okay, desculpe. Eu só queria um pouco de emoção.

- Adoraria dizer o contrário - Eu disse olhando meu Pager - Mas o dever me chama. Vejo vocês depois.

Sempre ao meu ladoOnde histórias criam vida. Descubra agora