Operação Princesa

Bônus- Duas mil Leituras

Narrado por Liss.

Eu estava na sala assistindo um seriado qualquer, talvez eu estivesse muito ansiosa para prestar atenção em qualquer coisas, a qualquer momento ele virá me buscar e eu estou com o coração na mão, porque hoje eu pretendia dar um jeito nessa fatídica situação.

Eu estava quase pegando no sono quando ouço a buzina do carro. Dou um salto e arrumo o cabelo no espelho que fica próximo a porta.
Tranco a casa e abro o portão para vê-lo com um sorriso de orelha a orelha me olhando.

- Olá.- digo quando entro no carro.

Ele nem me responde, segura meu rosto entre as mãos e me beija como sempre costuma fazer quando estamos juntos.

- Ah Murillo...

- Boa tarde minha flor favorita.

A uns dois meses eu me encontrava as escondidas com Murillo, sempre fomos amigos e não achamos nada de mais nos envolvemos.

- Aonde vamos?- indaguei

- Ao aniversário do Vitinho, ele é meu primo e está fazendo dez anos hoje.

- Sua família vai está lá Murillo,  por que você não me avisou? 

- Tem vergonha de está comigo Liss? - Ele me olhou e pude perceber que ele estava ansioso pela resposta.

- Não! Claro que não. Eu até já conheço sua mãe, é uma mulher muito legal. Mas é que é estranho tá no meio de toda sua família.- abaixo a cabeça e fito minhas mãos.

- Relaxa, eles apenas vão te encher de perguntas, mas não mordem.

Eu ri do seu modo de dizer e foquei na estrada.
Ele parou o carro em uma casa tradicional e pude ver crianças correndo pelo gramado que ficava em frente a varanda.

- Vamos?- ele pergunta e entrelaça seus dedos nos meus.

- Vamos.

Ele me conduz até os fundos da casa aonde tem um piscina, uma mesa com o bolo e doces, e uma família toda reunida que fala ao mesmo tempo.

- Olha o Muh aí. Fala filhão!

- Fala pai.- eles se abraçam e dão tapinhas nas costas um do outro.

- Como você tá? E você vive sumido agora, tô de olho moleque, te liga.

Te liga? Tiozinho da gíria mano.

- Tô de boa pai, ih sai daê coroa.- eles riem e o pai dele parece me notar. Ele olha para nossas mãos dadas e olha pra mim com um sorriso.

- Cadê a educação que eu te dei Murillo, por que ainda não me apresentou a menina?

E enfim ele lembrou que eu estava ali.

- Ah é mesmo - ele coçou a nuca. - Pai essa é Liss. Minha amiga.

E o eu levei um golpe. Apenas o primeiro golpe.

- Prazer Liss, que amiga bonita hein? Me passa seu número gatinha? - Eles caem na risada e eu dou uma risada sem graça. E quando ele se cansa de rir fita o meu nariz e diz. - Olha que legal cara, quando eu tinha sua idade eu usava um piencerg desse.

- Sério? Cara eu ia adorar ver meus pais com um desses.

Papo vai papo vem e Murillo me levou pra ir entragar com ele o presente  do Vitinho.

- Ei pivete, parabéns. Olha o que eu trouxe para você, o skate maneiro que você queria.

- Caraca Muh, valeu, valeu mesmo.

- Liss? Eu vou lá dentro rapidinho e já volto aqui tá?

- Tudo bem.

Ele saiu e o tal Vitinho sumiu também e qual a conclusão disso? Eu fiquei sozinha lá com cara de besta. Teria ficado se uma loira não tivesse aparecido.

- Oi?

-Oi!

- Você é namorada do Muh?

-Err... Não, eu sou amiga dele.

- Ah claro.- ela riu.- Namorada é a loira peituda que veio jantar aqui semana passada.

Golpe dois.

Posso apostar que se a Nicole estivesse aqui estaria xingando essa velha de venenosa.

- Não é do meu interesse quem janta ou deixa de jantar aqui.

- Que mal educada, bem que meu sobrinho poderia te dar um pouco de educaç...

-Titia? Vejo que se deram bem.- Murillo apareceu atrás dela.

- Muito bem!- digo e lanço um olhar frio para a mulher.

- Eu estou saindo, tchauzinho "pombinhos".

- Eu quero ir embora Muh, posso pegar um táxi...

- Nem pensar! Vamos, eu vou levar você para um passeio.

O resto do caminho que seja lá pra onde for eu passei calada, eu tava com raiva dele, vontade de muquia-lo, por ter uma piranha loira e eu só está servindo de otária.  Não que eu não soubesse da existência dela.

Descemos na praia e ele pegou na minha mão.

- O que aconteceu meu amor?- suspirei fundo

- Não aconteceu nada.

Saímos em rumo a areia, eu continuava calada e fui surpreendida por Murillo que me encostou em uma das grades árvores e me beijou com urgência. Eu enlaçei os braços em seu pescoço e correspondi o beijo com a mesma intensidade.  E com os olhos bem fechados para evitar que as lágrimas que se acumularam caíssem, eu não queria que ele soubesse que era provavelmente a última vez que nos beijariamos.

Estávamos deitados na areia olhando o começo da noite chegar e eu não conseguia ficar tranquilha. Não era pra mim essa vida de estepe.

-Chega! Chega Murillo, quem eu estou enganando? Eu não consigo conviver com isso.

- O que Liss? Do que está falando?

Eu levantei e sentei limpando a areia das minhas roupas.

- De mim, de você, da loira, dessa vida. Eu não quero que você me assuma como sua namorada, eu apenas queria que você não fizesse tanta questão de esconder isso.- joguei os braços pra cima e deixei cair.- Eu só queria ter meu espaço ai- Apontei em rumo do seu coração. - Eu me sinto transtornada em saber que sou seu passa tempo que a loira que estuda contigo é praticamente tua namorada, e eu sei  não  tenho direito algum de contestar isso porque não sou nada sua, mas eu te peço, continua levando ela pro cinema, pra praia e pra jantar com a sua família. Porque pra substituta aqui, já deu!- eu segurei o choro mais um soluço escapou.

Murillo abriu e fechou a boca várias vezes seguidas, não sabia o que dizer, e nem devia porque tudo aquilo era verdade.

- Eu sinto muito Liss - ele segurou meu rosto e passou o polegar pelo lábio inferior.- Eu gosto de você,  gosto mesmo, por favor não faz isso.

Eu fechei os olhos e senti a dor,  eu nunca tinha sentido isso antes mais o que falavam sobre tal era verdade.

- Eu também sinto muito Murillo
- Tirei sua mão do meu rosto.- Mas pra mim se não é pra somar, que suma!

Eu levantei, peguei minha mochila e sai andando. Não queria saber se ele estava me chamando,não queria saber se fui precipitada demais, não queria saber se foi exagerado por conta de não termos nada. Eu só queria saber de virar uma bola e chorar, chorar por tudo que estava acontecendo e por essa convulsão de sentimentos que ocorria aqui dentro de mim.

Eu só queria isso e ponto.