Capitulo 26 - O fim

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Alguns dias depois eu estava sentada na janela olhando para aquela árvore... A nossa árvore. A caneca com chocolate quente fumegava deixando o cheiro doce entrar em minhas narinas. Hoje o dia estava frio, uma coisa incomum para uma cidade litorânea como essa, mas o mundo anda louco, tudo está fora do lugar.

Ainda é cedo, faz pouco tempo que o dia amanheceu e eu já estou nessa janela a horas. Ouvi a porta ser aberta de leve e pequenos passos quase silenciosos se aproximarem de onde eu estava. Arrumei o casaco ao meu redor e a toca por extinto.

- Como você está ? - mamãe perguntou-me se apoiando na beirada da janela com o olhar fixo em algum lugar distante dali.

Eu dei de ombros e soprei o líquido marrom.

- Estou viva não é? Já está ótimo. - dei uma golada pequena e encostei a cabeça na beirada de madeira.

- Sentimos sua falta minha filha. Você não sai mais conosco, não conversa, não fica jogada no sofá vendo séries. Nicole você precisa viver, existe vida pós amor!- ela me olhava seria, até irritada posso dizer.

- Eu não saio porque estou sofrendo, não saio porque não quero! Eu quero ficar só, quero sofrer do meu jeito. Não estou em depressão, não parei de comer, não me isolei do mundo. Eu só quero ficar sozinha as vezes! Enzo passa horas aqui comigo, você também mamãe... Mas dói! Dói tudo, todo lugar. Cada pedacinho de mim sente falta dele.

Héctor não voltou, eu não fui atrás. Depois que que a Sra. Coben me contou que ele tinha ido embora sai transtornada da casa deles sem rumo, estacionei o carro em uma estrada qualquer e chorei encostada ao volante, chorei de raiva, saudades e mágoa. Eu queria entrar no próximo voo pra Nova York e encontrá-lo. Mas eu não podia, não posso!

Ele precisa de tempo, eu preciso de tempo. Talvez nosso amor não foi feito para ser eterno para os outros, mas sim para nós. Independente de estarmos juntos ou não.

Os dias sem passaram lentamente, eu olhava o celular a todo minuto, esperava uma mensagem, ligação, um snap ou até sinal de fumaça. Mas não veio, nada chegou.
Em uma noite após um acesso de fúria e de beber quase meia garrafa de algum licor de Rich eu me joguei na cama e liguei para ele.

Chamou...

Chamou...

Chamou...

- Nicole ? - a sua voz estava rouca e surpresa. Eu suspirei e comecei a chorar só de ouvi-lo.

- Eu te odeio! Odeio... Odeio você Héctor ...- eu sussurrava baixinho enquanto enxugava as lágrimas da minha bochecha.

- Você tá bêbeda? Nicole! Você está bem?

- Cala a boca!- eu gritei- Você me abandonou, sei que não acreditei em você, sei que estava falando a verdade. Mas precisava ir embora? Precisava levar meu coração junto?- eu estava novamente sussurrando.

Ele permaneceu calado por segundos que pareceram anos.

- Eu preciso de um tempo! Eu te amo, amo você mais que tudo nesse mundo, amo você até enquanto me chama de idiota em meio às lágrimas. Mas certas coisas não podem mudar, agora prometa pra mim que vai se cuidar, prometa para mim Nicole! Prometa que não vai me esperar!

- VOCÊ É UM IDIOTA!- eu gritei - Eu te amo, me segurei pra não ir atrás de você eu queria te pedir perdão, eu quero que volte para mim Héctor! Como quer que eu siga em frente ? Como quer que eu não te espere ?Não pense só em você seu egoísta !- perdi a voz e fechei as mãos com tanta força que o sangue não circulou por ela até eu abrir novamente. - Por favor...

Operação PrincesaOnde histórias criam vida. Descubra agora