Prólogo

1.8K 119 35
                                    

                           (Futuro)

É engraçado o quanto nos sentimos impotentes quando amamos. Eu não podia fazer nada, não podia - e não queria - mudar o quê acontecera e o quê eu sentia. Era como suicídio, sentir algo que te mata por dentro e que, de alguma forma, ainda te da esperança. É como um recinto escuro, de pé-direito alto e uma luz imaculada no teto, inatingível. Uma lágrima corria por minha bochechas enquanto eu via ficar para trás o prédios altos da cidade e, com eles, meu sorriso verdadeiro e, inevitavelmente, um pedaço de mim mesma. No mesmo ponto que começou, terminava. O meu coração fazia milhões de perguntas, em uma contradição inevitável, ele mesmo as respondia. Não havia escolha, nunca houve. Eu mergulhei - meio a contragosto - nos meus sentimentos como se mergulha no oceano escuro e profundo, as águas frias e turvas te envolvem, você sente um alívio, mas teme o que aquela escuridão esconde, eu, despreparada, só afundava mais e mais, mal conseguia ver a luz do sol. Tão exagero, naturalmente, só resultava em sofrimento, primeiramente, repugnante, mas, agora, era um sofrimento embasado, eu tinha um motivo e valia a pena senti-lo.

ConfusedOnde histórias criam vida. Descubra agora