Meu humor estava ótimo quando cheguei na sala segunda-feira. Lauren e eu estávamos super bem, e isso bastava para que minha felicidade. Eu tinha aceitado completamente que nutria sentimentos por ela depois de sexta. Mas, é claro, eu não podia e nem iria revela-los. Eu ponderava sobre o que sentia, não sabia se queria ou não, na maioria das vezes tudo que eu queria era me livrar de tudo isso, porque sabia que não era recíproco e. às vezes, Lauren me machucava profundamente sem nem perceber, mas também tinham as excessões na quais eu gostava, quando estavámos bem Lauren me fazia sentir como a pessoa mais feliz do mundo, e eu duvidava que outra pessoa pudesse fazer-me me sentir assim. Meu amor por ela era uma montanha russa, oscilava entre ódio e adoração, entre vontade e repressão, entre a mais profunda lágrima e o mais genuíno dos sorrisos, entre a segurança e o perigo, entre a certeza e as milhões de dúvidas, entre tê-la ou perdê-la, entre guardar ou expor, entre a entrega ou luta. Amar era complicado para mim, uma vez que eu amava eu me tornava frágil, completamente suscetível aos desejos do outro.
Sentei em meu lugar, e vi que Harry não estava atrás de mim. O procurei pela sala e vi que o vi conversando com Louis no fundo da sala. Como assim? Os dois sorriam em meio as palavras que trocavam.A aula não passou tão rápido quanto eu esperava. Mas, graças a deus, já era a hora do recreio. Quando eu sai da sala com as meninas vi um aviso no mural que me chamou atenção.
" Show de talentos, 02 de outubro.
Convidamos os alunos da Miami Beach High School a participar do show de talentos anual. Toda habilidade artística se expressar é apresentável. As inscrições pode ser feitas com a Sra. Delevingne na hora do recreio na sala de música. "Delevingne.
- Meninas, podem ir, eu tenho que resolver uma coisa antes.
- Ok. - falaram em coro.
Me dirigi até a sala de música na esperança de fazer minha inscrição e encontrar a Sra. Delevingne. Cantar era algo que eu realmente gostava, mas nunca tinha tido a oportunidade nem o interesse de fazer-lo em público, sem contar com reuniões de família ou coisas do tipo. Entrei na sala e vi uma mulher sentada atrás de uma mesa, seus olhos azuis... Mesmos olhos, mesmo sobrenome.
- Oi. - falei. - Sra. Delevingne? - a mulher voltou sua atenção para mim.
- Oi, meu bem, gostaria de fazer sua inscrição?
- Sim.
- O que você vai apresentar?
- Eu pretendo cantar, senhorita.
- Ah, sim. Qual é seu nome?
- Camila Cabello. - Ela anotou na folha e depois juntou as sobrancelhas como se forçasse para se lembrar de algo.
- Cabello. Seu nome não me é estranho. Você sempre estudou aqui?
- É... - era ela. - Eu... Não, senhora. - falei sem jeito.
- Você conhece minha filha? Cara.
Engoli seco. Eu conhecia sim, a conhecia muito bem, muita mais do que eu desejava.
- Cara? Não, senhora. Creio que esteja me confundindo com alguém. - menti.
- Eu juro que seu nome não me é estranho, seu rosto também não. Mas se você diz.
- Bem, eu tenho que ir. - falei, antes de me retirar apressadamente do recinto.
Cara. Fazia um tempo que não ouvia seu nome. Me dirigi ao banheiro, queria molhar um pouco o rosto. O que a mãe de Cara fazia ali? Não era como se ela morasse perto da escola.
O sorriso diabólico e maravilhoso da garota me veio a cabeça. Pelo que eu me lembro a mãe dela trabalhava em minha velha escola, Cara ainda estudava lá? Joguei água no meu rosto na intenção de afastar aqueles pensamentos. As gotas do líquido escorriam pelo meu rosto, estendi a mão e peguei o papel para secá-lo. Cara estava no meu passado e eu queria deixa-la lá. Mas sua mãe era tão parecida com a filha que não pude deixar de relembra-la.Suas mãos finas seguravam um cigarro e um copo de cerveja, a garota pegou minha mão e me arrastou para um lugar afastado do barulho da festa. Seu braço me puxava me dirigindo aos fundos da casa, onde havia uma floresta. O aglomerado de vegetação tornava a floresta sombria, devido a falta de iluminação. Ela chegou perto de um tronco, se apoiou e me puxando pra perto de si. Coloquei minhas mãos no tronco atrás dela, e aproximei meu rosto do seu. Mesmo sob a pouca luminosidade do lugar ela era a pessoa mais bonita que eu já vira. Quando já estava perto o suficiente, a garota deu um último trago no cigarro e o jogou no chão, amassando-o com os pés. Voltou seu rosto para mim e sorriu. Eu sabia que ela estava bêbada, que eu era só um brinquedo, mas eu não conseguia evitar, não conseguia. Finalmente ela se aproximou o suficiente para me beijar. O gosto de cigarro e cerveja irrompeu minha boca, eu odiava cigarro, odiava álcool mas em seus lábios, tudo era bom. A garota mais alta me beijava com carinho, enquanto suas mãos passeavam com calma por meu corpo. Seus beijos praticamente me drogavam, eu fugia para outra realidade, outros mundo. Trocamos de posição, ela me pressionava contra o tronco agora. O beijo continuava lento e cuidadoso. Suas unhas passaram por minhas costas, me fazendo arfar em meio ao beijo. Ficamos ali por um bom tempo, até que alguém nos chamou, uma voz masculina, a voz do namorado de Cara. Merda. A garota parou de me beijar de repente, e se afastou.
- Tenho que ir, Camilinha. Espere um pouco, para que ninguém desconfie. - falou se despedindo de mim com um selinho.
Não falei nada. Me magoava saber que eu me resumia a um brinquedo para ela. Quando ela era tudo para mim. Me sentei no chão encostada no tronco da árvore. Eu me odiava por ser tão trouxa, por ser tão manipulada e tão usada. Eu era praticamente o cachorrinho de Cara, mas isso mudaria. Sentada ali, eu tomei uma decisão que realmente mudou o rumo da minha vida. Ela seria meu cachorrinho. Apesar de eu ser só uma distração para a garota, eu era uma distração da qual ela tinha necessidade, seu namorado parecia não satisfazer-la, apesar de que esta jurava seu amor por ele. Mas as coisas mudariam, ela iria me valorizar, eu iria me valorizar.
O sinal do fim do recreio me tirou de meus devaneios. Eu me lembro muito bem, depois daquele dia eu, que era muito tímida e certinha, passei a beber, fumar e me tornei extrovertida, me tornei manipuladora e fiz muitas coisas das quais me arrependo mas que deixaram Cara a meus pés. A garota não aceitava perder. Sua vingança foi o motivo da minha mudança de escola. Esse era um capítulo da minha vida que eu pretendia apagar, eu era uma pessoa horrível e sofri consequências severas.
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Confused
Hayran KurguToda alegria é assim: já vem envolvida em um papelzinho fino de tristeza.