Cap. 6 - My biggest fear

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Lauren's POV

Fui acordada pelos raios de sol que invadiam o quarto de Vero. Olhei para cima e vi que a garota ainda estava adormecida, provavelmente acordaria com uma dor de cabeça insuportável já que tinha bebido muito mais do que devia na noite passada. Minha memórias sobre a festa de ontem me assombravam. Eu tinha beijado uma garota. Camila provavelmente nem se lembrava, visto que estava ainda mais bêbada que Veronica. Eu não queria admitir, mas realmente foi muito bom, Camila sabia misturar agressividade com delicadeza muito bem. Será que ela já havia beijado outras mulheres? Ou melhor, será que ela gostava de mulheres? Na verdade, isso não me interessava. Mesmo que tivesse sido bom, mesmo que eu ansiasse por uma segunda vez, mesmo que minha cabeça estivesse uma confusão e mesmo que Camila ligasse. Era ináceitavel para mim. Além de que, eu não me apegava as pessoas e nem costumava ficar com alguém mais de uma vez. Eu simplesmente descartava os meninos com quem ficava. Seus sentimentos nunca me importaram, eram seus, não meus. Não sabia como agiria em relação a Camila, que era uma de minhas melhores amigas. Mas, infelizmente, eu tinha quase certeza de que ela não gostava de mim. Na verdade essa era a dúvida que tomava conta da minha cabeça aquela manhã. Ela gostava de mim? Decidi, mais uma vez, parar de pensar nisso, como já disse, eu não ligava.

Odeio acordar na casa das pessoas quando elas ainda estão dormindo. Enquanto eu esperava Veronica acordar coloquei minha playlist da Lana Del Rey para tocar nos fones de ouvido, coisa que eu sempre fazia quando precisava de pensar, suas voz me acalmava como nenhuma outra. Escutei duas músicas antes que o som fosse interrompido pelas notificações de mensagens no What's App. Virei o visor de modo que me permitisse ler as mensagens:

Jack G: Oi, gatinha. Bom dia.

Jack G: Gostou de ontem?

Lá vem. Além de Camila, eu havia ficado com Jack. Como já disse não gostava de ficar com uma pessoa duas vezes, mas talvez o garoto pudesse ser uma excessão para espairecer minhas ideias. Decidi que responderia depois, afinal eu não era assim tão fácil. Olhei para Vero e vi que ela começava a acordar.

- Bom dia, flor do dia! - Falei me jogando na cama por cima dela para que acordasse.

- Sai, Lauren, vai se fuder! - Continuei em cima dela, adorava irrita-la.

- Sua cabeça tá doendo?

- Sim, muito. Sai de cima de mim, sua baleia. - Dessa vez voltei para a cama de baixo.

- Falei para não beber tanto.

- Desde quando você virou responsável, Jauregui?

- Desde sempre, quando que eu bebi para cair igual você fez ontem? - dei uma pausava e percebi que isso já acontecera muitas vezes.- NÃO ME RESPONDA! - Rimos.

- Lauren, quem você pegou ontem?

- O jack. - É claro que eu nunca falaria que fiquei com Camila, e esperava que ela fizesse o mesmo. - E você?

- E... Eu - Ela pensava se falaria ou não, me dando mais certeza de quem se tratava.

- Ah Veronica, para ne? Eu te conheço a mil anos, você sabe tudo sobre mim. - Menti.

- A Lucy. - Falou em um sussurro quase inaudível. Ela estava totalmente sem graça.

- Aaaaaaahhh, que lindinhass. - Veronica sorriu se soltando mais. Podia ver em cada gesto seu que estava apaixonada, eu a conhecia mais do que conhecia a mim mesma. - Como foi?

- Para, Lauren, não foi nada demais também.

- Me conta como foi então, nunca beijei uma mulher pra saber. - As mentiras saíam da minha boca com uma naturalidade inacreditável. Eu era uma ótima mentirosa.

- Ah... - Ela olhou para o chão e mordeu os lábios, como se estivesse lembrando do beijo. Dava até dó ver o quão apaixonada a garota estava.

- Gente do céu! Que feitiço Lucy pôs em você? Nunca te vi assim.

- Eu também não sei.

Ri muito de sua cara de desespero. Meu telefone tocou e ouvi a voz da minha mãe do outro lado da linha.

- Oi, Filha, já posso te buscar? Seu pai chegou.

- Ai que ótimo. - falei ironicamente. - Já pode me buscar sim.

- Ok, em 10 minutos tô ai. Beijos.

- Beijos. - desliguei.

- Meu pai ta em casa, vai chover. - falei com Veronica.

- Realmente.

- Minha mãe vai chegar em dez minutos, vou arrumar minhas coisas.

- Ei. - falou tocando meu ombro com carinho. - Tenta não brigar com seu pai, nunca faz bem para você.

- Vou fazer meu máximo. - lhe lancei um sorriso fraco. Eu amava muito Veronica. Sinceramente, eu não seria ninguém sem ela. Juntei minhas coisas que estavam espalhadas pelo quarto e as coloquei na dentro de minha mochila.

Quando cheguei em casa fui direto para o meu quarto. Nem olhei para a cara do meu pai, não queria brigar com ninguém e o simples fato de olhar para aquela cara cínica e rídicula de Mike já me causava uma raiva incontrolável. Peguei o livro que repousava ao lado de minha cama, Os assassinatos da rua Morgue, de Edgar Allan Poe. Certamente um de meus autores preferidos, os livros de mistério e mortes eram os que mais gostava. Li durante um bom tempo. Não pude evitar pensar na noite passada. Não sei se queria que tivesse acontecido ou não, a sensação que tomava conta de mim era de puro prazer quando as lembranças sobre o beijo se passavam por minha cabeça. Camila fazia tudo tão bem, como se tivesse uma vasta experiência no ramo. E sua boca era tão macia, tão boa de beijar. Seus movimentos me causavam a sensação de não poder responder mais por mim. Não. Para. Eu tinha que parar. Parar. Queria que tudo isso parasse acabasse, parecia um pesadelo do qual não eu nunca poderia acordar. Que ódio.

    Passei o resto do dia em meu quarto, para evitar qualquer contato com meu pai, só saí de meu recinto para comer.

    A grama fazia cócegas por meu corpo. O delicioso cheiro de jasmin entrava por minhas narinas. O ambiente tinha cores fortes e alegres. O sol esquentava as partes expostas da minha pele. Eu estava deitada em um gramado, um pouco à frente encontrava-se uma floresta, responsável pela brisa úmida e fria que aliviava o calor do sol, tornando o clima extremamente agradável. A felicidade era quase palpável no ambiente. Eu sorria sem motivo algum, queria ficar ali para sempre, era como se estivesse sobre o efeito de drogas pesadas.
    Súbitamente, nuvens negras preencheram o céu, impedindo que o sol se infiltrasse entre elas. O meu sorriso se desfez quando percebi que uma silhueta esbelta e jovial saia do escuro da floresta. Um pânico tomou o lugar da felicidade de segundos atrás. As cores alegres davam lugar a cores escuras, ao passo que a figura vinda da floresta se aproximava. Eu não sabia o porquê, mas um medo indescritível se apossava do meu corpo. A pessoa estava cada vez mais perto. Reconheci seu rosto. E como se fosse possível, meu medo aumentou. Mexas de seus compridos cabelos castanhos caíam sobre seus olhos, da mesma cor. O rosto com fortes e belos traços latinos de Camila expunha uma expressão sombria e profunda. Agora eu sabia o motivo do meu medo. O cheiro de jasmin desapareceu, as cócegas causadas pela grama se tornaram incomodas e qualquer vestígio de felicidade que existia no lugar desapareceu. Era ela, eu tinha medo dela.

- Meu deus. - Foi tudo que saíu da minha boca. Eu estava aliviada por acordar, foi, sem dúvidas, o pior pesadelo da minha vida.


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