Cap. 9 - My trivial desease

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Oioi, queria falar 3 coisas:

- escutem Seven Devils, Florence + The Machine. Podem dar play desde o começo.

- Criei uma playlist para a fanfic no spotify. Está no meu perfil (Luiza Catao) e o nome é o mesmo da fanfic

- Por último mas não menos importante: Muito obrigada a quem está lendo. Espero que estejam gostando.

Beijosssss

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Lauren's POV

As ondas espancavam as rochas no final do penhasco a minha frente. Uma brisa úmida e salgada vinda do mar batia em meu rosto. Eu não sabia onde estava, mas me sentia tão calma e segura que realmente não ligava para isso. Para minha surpresa, estava a noite, o céu era pintado por estrelas e a lua cheia iluminava parcialmente o lugar. Meus pés balançavam no ar, eu sentava perigosamente na ponta do rochedo. O barulho das ondas do mar batendo nas pedras era reconfortante. Olhei ao redor, não havia nada, ninguém. A vegetação de baixa estatura me permitia enxergar até muito longe. Mas eu tinha a estranha impressão de não estar sozinha. Olhei mas uma vez, nada. A lua não iluminava o lugar tão bem, e a sensação de estar sendo observada me amedrontava, mas, por deus, não tinha ninguém ali. Olhei pela última vez e me arrependi. Uma figura negra vinha correndo em minha direção. Não. Não. Eu estava em pânico. Puta que pariu. Levantei e a saí correndo pela borda do penhasco na maior velocidade que consegui alcançar. Eu parecia não correr tão rápido quanto desejava, meus pés não me obedeciam, eu corria muito devagar para a força que fazia. A figura se aproximava muito rapidamente. Eu estava com muito medo, muito. Eu tentava correr mais rápido, fazia o máximo de força com minha pernas, mas eu não conseguia, eu não corria mais rápido. A sensação de impotência me frustrava. A figura quase me alcançava, eu sabia bem quem era. Mas eu não desisti, continuei a correr, correr. O pavor que tomava conta de mim era indescritível. Eu corria, corria, mas a figura estava muito perto. Quando olhei para frente o chão não estava mais sob meus pés, eu caía...

Acordei suada, com a respiração pesada. De todos os pesadelos que eu tive essa semana este fora, de longe, o pior. O pânico ainda tomava conta do meu corpo. Depois do primeiro pesadelo que eu tive com Camila, eles se tornaram constantes. Eu praticamente evitava dormir, o medo que esses sonhos me causavam era inexplicável, dormir era uma tormenta. Eles eram sempre iguais, a figura escura sempre se aproximava e o terror passava a tomar conta do lugar. Eu não precisava nem ver o rosto da pessoa para saber que era Camila. Por que ela me causava tanto medo? Eu não entendia. Mas eu queria fazer isso parar. Decidi que procuraria um psicólogo, simplesmente não dava para acordar todos os dias morrendo de medo e suando.
Ao olhar para o lado quase soltei um grito. Camila estava ali. Me esqueci, eu estava na casa de Dinah. Lembrei de ontem a noite, "Você está perdida, Lauren", pensei. Olhei para o relógio do meu telefone que marcava 6:57 a.m. faltavam muitas horas para as meninas acordarem, mas eu preferia qualquer coisa do que arriscar ter mais um sonho daqueles. Me levantei da cama e fui para o banheiro lavar o rosto. Me olhei no espelho. A cena que se passara neste banheiro na noite passada veio à minha cabeça. Camila não era a única pessoa da qual eu sentia medo, eu sentia medo de mim mesma, da tempestade que acontecia em minha cabeça, da vontade, dos pensamentos, que eu tanto tentava evitar e nunca conseguia. Eu não sabia se Camila gostava de mim, ela passou a semana inteira fingindo que eu não existia, então provavelmente não. Às vezes eu sentia como se quisesse proteger a Camila de mim, mas ao mesmo tempo eu queria me expor para ela, passar o dia inteiro conversando e nunca deixá-la ir embora. "Para, para". Afastei aqueles pensamentos e fui para a sala de televisão, tinha que me distrair com alguma coisa.

Quando minha mãe me buscou na casa de Vero fiz um pedido a ela.

- Mãe, sabe aquele psicólogo que eu ia?

- Sim, filha, o Dr. Russel.

- Eu estava pensando... Será que eu podia voltar a me consultar com ele?

- Eu sempre te pedi para que voltasse, achei que fez bem para você. Mas você nunca aceitou, o que está acontecendo?

- Não sei, recentemente eu tenho tido uns sonhos esquisitos. Nada de mais. - menti, os pesadelos me preocupavam muito.

- Vou ligar para ele e marcar uma consulta, para terça a tarde, pode ser?

- Sim, brigada.

- Nada, filha.

Quando eu tinha 14 anos, o Dr. Russel me diagnosticou com Transtorno de Personalidade Boderline. Minha incapacidade de aceitar as regras e de ser controlada, minha bipolaridade, o comportamento destrutivo que eu adquiria quando exposta a frustração, indignação e minha dificuldade de conviver com a solidão, mesmo que parcialmente. Já fiz coisas inimagináveis, das quais eu realmente me arrependo, essas foram sempre colocadas em baixo do tapete por minha mãe e meu pai, que não queriam sujar seus nobres nomes. O Dr. Russel não era um psicólogo, como falei, mas sim um psiquiatra. Ele me receitou remédios que controlaram os sintomas de forma aceitável, e por um longo período de tempo parei de ver o médico. Às vezes, quando eu entrava em contato com sentimentos mais fortes os sintomas voltavam a se manifestar, a pessoa que eu considerava excepcional podia se tornar, de repente, a mais detestável sobre meu ponto de óptica.Minhas emoções eram completamente instáveis. Fazia um bom tempo que eu não perdia o controle. Mas eu acreditava que isso estava acontecendo neste exato momento.

- Lauren! Você tem noção do que você fez garota?? - meu pai praticamente urrava. Ele se aproximava cada vez mais de mim, impetuoso.

- Eu.... Eu ... Eu não queria fazer aquilo... Me deculpa. - eu estava assustada, não somente com a fúria do meu pai, mas também com o que eu havia feito.

- Isso é imperdoável! Você tem noção do que eu terei que fazer para esconder isso? Você tem noção do que isso pode causar a nossa família, a minha empresa e ao nosso dinheiro? Você é doente. Eu deveria mandar interna-la. - suas palavras me atingiam como pedras. Por que eu havia feito aquilo? Por que, Lauren? Meu pai me odiava, tinha vergonha de mim. Eu mesma tinha vergonha de mim, mas simplesmente não pude evitar...

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