Cap. 1 - Origins

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N/a: Gente, a fanfic toda é em flashback, menos, obviamente, o final, o prólogo era uma narração futura!

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     Camila's POV

- Kaki, o que vai acontecer com a cinderela? - Indagou Sofia enquanto assistíamos ao filme.

- Sofia, se eu te contar o final fica sem graça. - Eu fazia carinho em sua cabeça, que repousava sobre meu colo.

- Mas...

- Assista ao filme Sofia.

Ouvi o som da campainha, duas vezes. Provavelmente era Lauren, tínhamos combinado de estudar. Apesar de ainda estarmos no quarto dia de aula, os professores já tinham passado muita matéria. Lauren era muito inteligente mas simplesmente não se importava com a escola, embora lesse muitos livros, era muito raro que estudasse ou fizesse os deveres. Falei para Sofi que mais tarde terminaria de assistir o filme com ela e fui atender a porta.

- Ei, Camz. - O cabelo de Lauren estava preso em um coque. Ela usava um short jeans e uma regata com a estampa de uma banda. Típico.

- Ooi, Lo - ela entrou na sala e fomos direto para o meu quarto.

- O que vamos estudar? - Perguntou.

- Matemática

- Ah não, Camila, que saco - seu rosto de contorceu em desaprovação.

- Cala boca, Lern. - Dei um tapa fraco no seu ombro.

- Ai, Camila - gritou, como se eu a tivesse espancado. - Doeu, nossa

- Deixe de ser mesquinha, eu mal te encostei - ela continuou com a cara fechada, então decidi ceder, com Lauren era assim; se você a queria por perto tinha que, em grande parte do tempo, sucumbir a seus desejos. - Desculpa, Lo. - A abracei demoradamente acomodando minha cabeça entre seu ombro e pescoço.

Ela retribuiu o abraço do jeito que sempre fazia. Quente e firme. Senti meu coração palpitar ligeiramente por causa do contato. Eu poderia viver naquele abraço, mas tínhamos que estudar, a soltei e comecei a lhe explicar a matéria.

Na aula, a única coisa que Lauren não fazia era ouvir o professor. Estudamos por boas duas horas. O sol já iluminava o quarto com as cores fortes e avermelhadas que normalmente pintavam o horizonte ao entardecer quando meu pai adentrou o quarto, nos chamando para comer.

Minha mãe, que acabara de voltar do trabalho, e Sofi estavam na mesa nos esperando para jantar.

- Oi, Tia Sinu

- Oi, Lauren - falou, sorrindo gentilmente. Ela adorava Lauren, até porque não sabia da metade das coisas que essa fazia, ela não era exatamente um modelo a ser seguido.

- E aí, meninas, como está sendo o começo do ano letivo? Tem novatos?

- O professor já ta passando matéria, infelizmente. - Falou Lauren.

- E tem uma novata na nossa sala, sim. Chama Lucy.

- Que ótimo, e os menininhos? - Falou com aquela cara "maliciosa", de quem queria nos arrancar informações.

- Que meninos, mãe? Meu deus. - Meninos. Não tinha nenhum menino. Eu beijava com uma frequência considerável, mas era só ficar mesmo, porque eu não nutria sentimentos por nenhum.

- Estou só perguntando, minha filha. - Minha mãe falou com uma cara de "não fiz nada" fazendo Lauren rir.

Depois de comer assistimos o resto do filme Cinderela com Sofi. Em quinze minutos Sofia já havia dormido. Notando a situação, Lauren perguntou:

- O que você tem com o Harry, Camila?

- Ah... - Ri. Será que deveria contá-la? Não, apesar de ser minha melhor amiga, ela não tinha essa mesma relação com Harry; ele me pedira para fingir que ficávamos. Substituí, de propósito, a expressão divertida em meu rosto por uma confusa e pensativa. - Sei lá. Acho que não temos nada sério.

- Olha Camila, se você tá gostando dele. É... Eu não sei, mas ele tem um pouco de jeito de gay. Então, sei lá, vai que ele é gay e você gosta dele. Não vai ser muito bom. - Não consegui segurar o riso. Bem, ela estava certa, pelo menos em uma de suas afirmações. Mas eu, definitivamente, não estava gostando de Harry. - Por que você ta rindo?

- Lauren. Eu. Não. Estou. Apaixonada. Pelo. Harry.

- Que ótimo, porque tenho dúvidas construtivas em relação a sexualidade de seu amiguinho. Quer dizer, ele e aqueles amigos, andam sempre abraçados. Não sei não. Ai, não gosto de gays.

- Credo, Lauren. Você é homofóbica?

- Não, mas eu não gosto de gays.

- Ah é? E se eu for lésbica, o que você vai fazer? Vai passar a me ignorar? - Falei me aproximando do seu rosto como se fosse beijá-la, obviamente não iria, mas quando estava a centímetros de sua boca muita coisa passou por minha cabeça. Ela fez uma cara estranha, poderia dizer até hesitante, pela súbita proximidade de nossas bocas. Não pude deixar de transferir meu olhar para seus lábios. Estavam perto demais.

- Eca, Camila, sai - falou tirando-me de meu repentino estupor, comecei a rir.

- To brincando, Lern. Relaxa.

- Bom mesmo.

É claro que eu não ía beija-la, era só uma brincadeira, mas não pude evitar me sentir confusa. Não trocamos nem uma palavra. A tensão naquela sala era quase palpável. Eu tentava me manter concentrada no filme, mas as vezes, de canto de olho, olhava sua expressão, rígida, tentando ignorar minha presença.

Sua mãe chegou quando o filme estava no final. A levei até a porta e nos despedimos, não com a mesma intimidade de sempre, algo tinha mudado. Quando fechei a porta eu tive a estranha sensação de poder voltar a respirar.

Vendo que já eram dez horas da noite. Fui até a sala para carregar a Sofia, que ainda dormia, até seu quarto.

Ter o corpo da pequena inerte em meus braços me fez perceber o quanto ela tinha crescido. Ela já completara seis anos. Sofia era tudo para mim, apesar da nossa grande diferença de idade ela sempre teve uma presença muito importante na minha vida e acredito que eu na dela. A coloquei na cama, dando boa noite com um beijo suave em seu rosto.

Me deitei em minha cama já pronta para uma revigorante noite de sono em baixo das minhas cobertas. Mas antes que pudesse sucumbir ao cansaço que sentia, a expressão hesitante de Lauren me veio a mente. Ela me beijaria? Ela queria me beijar? Eu queria beija-la? Não. Não. Não. E foi com esses tempestuosos pensamentos que adormeci.

Sua silhueta era delineada na penumbra produzida pelas persianas da janela. Ela estava de costas para mim. O local estava escuro. A mulher virou o rosto, e pude perceber quem era a dona do corpo a minha frente. Lauren. A singular beleza de seu rosto poderia ser reconhecida mesmo com a pobreza de detalhes dos quais dispunha, as sombras brincavam em seu rosto.

- Camila - sussurrou, a voz rouca, tão fraca quanto o tênue fio de luz que ultrapassava as cortinas. Me aproximei.

Coloquei minha mãe em sua cintura e pressionei seu corpo contra a parede. A sensualidade da música que tocava no fundo me fez ansiar por mais contato. Forcei minha cabeça contra seu pescoço traçando uma linha de beijos até sua orelha, onde mordi devagar. Minha mão estava em sua coxa e pude sentir seus pelos se arrepiarem. Eu estava completamente tomada pela vontade. Continue beijando seu pescoço com intensidade. Os suspiros saíam de sua boca quase como gemidos. Ela se virou, ficando de frente para mim. O espaço entre nossos lábios era mínimo. Tudo que eu queria era que ele não existisse. Ela se aproximou ainda mais e...

Acordei suada e com a respiração completamente descompassada. Isso não estava acontecendo.

Não estava.

ConfusedOnde histórias criam vida. Descubra agora