Haunt

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Hey, Boa noite.

A música titulo de hoje é Haunt, do Bastille.

Enjoy :)

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Normani olhou seu reflexo no espelho, mais uma vez.

O vestido preto e véu em rendas florais de mesma cor em sua cabeça davam a impressão de que ela estava indo até alguma espécie de velório. Ela aplicou o batom vermelho enquanto olhava seu rosto fixamente. Sabia muito bem o que estava prestes a fazer, e nenhum vestígio de remorso assombrava sua mente.

Ela pegou a bolsa e olhou para os lados apenas para garantir que estaria sozinha. E estava. Enfiou a mão direita cuidadosamente abaixo da cama, retirando a caixa pequena e discreta. Abriu e pegou o pequeno frasco contendo o líquido incolor, colocando-o na sua bolsa em seguida. Vestiu as luvas, também de rendas florais.

Eram cerca de 5:00 quando ela deixou o casarão. Os shows se encerraram às 4:00, e as meninas que resolviam não sair com nenhum cliente iam descansar, como naquele momento. Não foi difícil para Normani se esgueirar em meio as sombras e deixar o casarão sem ao menos ser notada.

Ela sabia exatamente que caminho tomar, praticamente decorado.

Normani sabia o que estava prestes a acontecer, ela havia planejado aquilo. Uma das características mais marcantes daquela mulher era ser tácita. Chegava a ser engraçado o quanto as pessoas não sabiam nada de si.

O único barulho ouvido naquelas ruas eram os pequeno galhos quebrados pelos saltos daquela mulher. Ela viu, em meio ao amanhecer a luxuosa igreja branca com detalhes em azul. As duas cúpulas sobre pendentes com tambor e lanterna poderiam ser vistas a metros por conta da altura. A igreja tinha um estilo que pendia ao gótico, e era realmente uma das construções mais bonitas de Detroit.

Normani sabia que ele estaria ali naquele momento. Ela entrou, podendo notar o teto com uma réplica da Capela Sistina e os vitrais com várias imagens de santos e anjos. As luzes estavam apagadas, e a igreja era iluminada apenas por velas.

Ela seguiu até o altar e fez o sinal da cruz antes de ajoelhar-se e recitar a oração que sabia de cor. O terço em sua mão era preto assim como o resto de suas roupas, e segurado de forma quase violenta.

- Amém.

- Normani?

Ela levantou a cabeça, vendo o homem robusto lhe encarar com um sorriso.

- Philip.

- É um prazer revê-la, querida. Faz tanto tempo desde a última vez...

Ela engoliu em seco.

- Sim, faz.

- Como vai?

- Bem, obrigada. Senti saudades daqui e resolvi fazer uma visita.

Ele assentiu, olhando-a fixamente. Normani quase sentiu nojo daquele olhar.

- Soube que é a dona daquele casarão...

- Sim.

Ele a observou.

- Conhece a história de Sodoma e Gomorra?

- Claro.

- Então deve saber bem o que eu quero dizer. Não se deve honrar e servir mais a criatura do que o senhor, ele é bendito eternamente, minha querida.

Normani engoliu em seco, tentando controlar o ímpeto de cortar a cabeça daquele homem fora.

- Desfaça-se daquilo. O senhor há de perdoar seus pecados.

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