Wolves

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Hey, boa noite

A música título de hoje é Wolves, do Kanye West.

Enjoy :)

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2010.

Beatrice fitou a pequena foto guardada seguramente entre os já velhos e empoeirados objetos restantes da sua antiga vida. As duas mulheres presentes naquela fotografia eram sua família, tudo o que possuía antes dele acabar com tudo, com toda a sua vida.

A promessa de uma vida melhor fora do seu país foi o atrativo pra uma armadilha que nunca pôde escapar. E agora não possuía nada, tudo tornara-se migalhas quando tentara fugir, uma única vez. Ele havia tirado toda a essência de si, toda a família, tudo. A culpa lhe assolava como uma nuvem negra que lhe perseguia em cada segundo dos seus dias.

- Você não deveria ser tão apegada ao passado, Beatrice.

Ouviu. Virou-se e encontrou Normani encostada sob a soleira da porta, lhe observando.

- Gostaria de não ser.

Normani suspirou,  sentando-se ao lado dela. Beatrice havia tido a vida destruída, assim como si. Forçada a sobreviver, forçada a buscar o ar onde só havia água. Talvez fosse ela a única pessoa capaz de lhe compreender.

- As vezes precisamos destruir o que está prestes a fazer o mesmo por nós.

Beatrice franziu o cenho.

- Como?

- Você sabe como, Beatrice.

A menina arregalou os olhos verdes, fitando a bela negra a sua frente.

- Normani, e-eu não posso fazer isso...

- O que impede você?

Normani questionou, vendo a bela menina abrir a boca. Entretanto, nenhum som saiu dali.

- Nada.

Ela sussurrou.

- Não há nada que ainda possamos perder, Beatrice.

Beatrice engoliu em seco, fitando o vazio.

- Eu só queria minha família de volta...

Normani segurou sua mão.

- Eu sei.

A bela negra fitou a pequena lágrima escorrer pelo rosto pálido como porcelana.

- A justiça não existe para pessoas como nós, querida. Se você a quer, busque-a por si mesma.

Beatrice assentiu, vendo a negra lhe sorrir levemente antes de sair da sala. Mais tarde, naquele dia, percebeu que pessoas como si realmente não tinham nada a perder. E Normani havia lhe ensinado isso da melhor maneira.

Viu o rosto de Camila contorcer-se em um desconforto inútil antes de desligar o celular em suas mãos.

- Philip Buchanan está morto.

2015.

- Nós realmente estamos fazendo um velório pra uma cabeça?

Dinah murmurou, antes de receber uma cotovelada leve de Dougie.

- Dinah, cale a boca!

Ele sussurrou. A igreja estava cheia, e o caixão a frente levava o que restara de Ally. Camila era amparada por Daniel, entretanto, seu olhar buscava o de Lauren a cada segundo. O gigantesco esquema de tráfico de drogas e humano foi descoberto a partir do momento que a polícia chegou ao local da morte de James. Mulheres foram libertadas e voltaram para as suas famílias, entretanto, a morena sabia que ainda estavam longe da origem de tudo aquilo. Havia mais.

DetroitOnde histórias criam vida. Descubra agora