Man Down

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Bom dia!

A música título é Man Down, Rihanna.

Enjoy :)

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Lauren fitou o sangue em sua volta. Poderia sentir os respingos escorrendo por sua face e a enorme poça ao redor de si, no chão. Estava jogada ali, sentindo a respiração afoita, num desespero tão atípico que mal poderia ser externalizado da maneira correta.

O cenário ao seu redor era macabro. As paredes brancas daquela sala agora eram repletas de pequenas gotas avermelhadas que logo transformavam-se em rastros escorrendo lentamente, sem pressa alguma. A blusa branca que usava em nada lembrava a mesma que havia saído de casa horas antes. Estava encharcada, vermelha vívida.

Os olhos verdes tornavam-se cada vez mais desfocados, e a sua frente, uma Camila com a arma ainda empunhada. O corpo de Robert, inerte, jazia no chão de sua sala.

E o sangue dele, em si.

Camila sentiu a mandíbula trincada, a adrenalina corria seu corpo como se fosse injetada diretamente em seu peito. Tinha gosto ácido, metálico. De sangue.

Fitou Lauren jogada aos pés da mesa presidencial, repleta de tanto sangue que a morte parecia pairar sobre si também. Ela a fitava. Em choque. Algo que Camila não poderia mais sentir.

A morena sentiu seus braços sendo puxados rudemente, e tão presa ao momento, mal pôde perceber que Sarah algemava suas mãos. Tudo parecia acontecer em câmera lenta.

Camila manteve a mais perfeita calma enquanto era levada. Os gritos de "assassina" poderiam ser ouvidos em coro por todas as pessoas ali presentes. A morena teve sua face golpeada várias vezes, mas mal poderia dizer que sentia algo.

Não sentia absolutamente nada.

Pôde ver, ao longe, Normani fitando-lhe. Aparentemente ela também sabia toda a verdade sobre Robert, entretanto a morte parecia assolar qualquer um que tivesse aquela informação. Camila agora entendia o porquê de absolutamente tudo.

Mas em relação a Normani, milhões de perguntas incendiavam sua mente. Perguntas que não fazia ideia das respostas.

Foi jogada rudemente dentro do carro por Sarah, vendo pessoas baterem no vidro e ecoarem ainda mais aquela palavra. Demoraria até que todos soubessem a verdade, e não seria Camila a pessoa a conta-la.

- Sempre soube que era você.

Sarah murmurou, mal tendo a atenção da morena. Suspirou.

Camila sentia-se mais exposta que nunca, todo o país parecia assistir o escândalo da Jauregui's. Não poderia culpa-los. Era um show e tanto. A bela mulher foi jogava sob uma desconfortável cadeira, em um local totalmente desconhecido por si.

- Você foi presa em flagrante pelo assassinato de Robert Verdoux.

- Legítima defesa.

- Então você atravessar a cabeça de alguém friamente com uma bala tornou-se legítima defesa?

- Eu pratico tiro há anos. Não me culpe por ser talentosa no que faço.

Sarah inclinou-se levemente sob a mesa.

- Qual o seu envolvimento em tudo isso?

- Você já sabe. Matei Robert, o chefe da quadrilha.

- E por pouco não mata Lauren também.

Camila franziu o cenho.

- Você está louca? Eu nunca mataria Lauren!

- Não era o que a cena me mostrava.

- Sarah, entendo você querer me culpar por tudo isso, mas me acusar de algo assim é burrice! Eu nunca a mataria!

- Dê-me o porquê.

Camila praticamente rugiu.

- Porque eu a amo, sua estúpida!

Sarah sorriu lateramente.

Do outro lado do vidro, olhos azuis fitavam a cena.

- Isso é tudo, Camila. Você será encaminhada para sua cela depois daqui. Aproveite a estadia.

Sarah praticamente cuspiu antes de deixar a sala. Segundos depois, Camila era guiada até a cela, local onde ficaria por tempo indeterminado.

Suspirou, fitando as paredes desprovidas de tinta, e as grades a frente de si. Nunca poderia imaginar estar em um local como aquele, nem de longe.

Era a pessoa que empunhava a lei, e não que sofria por ela. Observou o belo homem se aproximando, enquanto ainda lavava o sangue seco em sua face.

- Camila.

- Daniel, como Lauren está? Ela está bem?

Camila questionou, afoita, vendo o belo homem engolir em seco e desviar o olhar.

- Ela está bem. Foi levada ao hospital apenas para alguns exames, mas está bem.

A morena suspirou, aliviada. Daniel colocou as mãos nos bolsos, observando-a.

- Há quanto tempo?

- Como?

Foi a vez de Daniel suspirar.

- Há quanto tempo você e ela estão juntas?

Camila abriu a boca, mas dali, nenhum som saía.

- Apenas me diga a verdade, Camila. Apenas uma vez em sua vida me diga a verdade.

A morena engoliu em seco.

- Há… anos. Desde antes casarmos.

Daniel trincou a mandíbula, os olhos marejados eram cruelmente controlados.

- Enquanto Megan ainda estava viva?

- Sim.

Ele assentiu, fitando-a.

- Você a ama.

A morena o encarou.

- Com todo o meu coração.

- Você me amou em algum momento? Como homem? Como marido?

Camila poderia ver que o homem a sua frente estava prestes a quebrar em qualquer momento. E sabia que aquele era o momento que deveria dizer tudo. Estava afogando-se em suas próprias mentiras, e precisava desesperadamente de ar.

- Não.

Ele assentiu. Aquilo era o suficiente. Suspirou, secando os olhos.

- Você será liberada amanhã, pela manhã. Sua passagem para Detroit já está comprada e será entregue a você quando sair.

Ele sussurrou, antes de ir.

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