Hey, boa noite.
A música título de hoje é Prey, do The Neighbourhood.
Enjoy :)
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Camila engoliu em seco ao ouvir aquela pergunta. Era quase como ter suas próprias mentiras atiradas em sua face com tanto peso que beiravam a violência.
Mentiras. Sim, mentiras.
Camila não diria onde estava, com quem estava ou o que estava fazendo. Não completamente. Ela mais uma vez mentiria porque havia se habituado a aquilo, sua vida era uma completa teia de farsas e mentiras.
- Dinah. Eu saí do trabalho e fui até a casa de Dinah.
Daniel franziu o cenho.
- Não lembro de ter visto você sair daqui com calça de moletom.
Camila suspirou e sorriu brevemente.
- Tivemos um pequeno acidente na cozinha, querido. Você sabe o quão ruim Dinah pode ser...
Disse, com tanta veracidade que não havia espaços para desconfianças. Daniel assentiu, a expressão sendo suavizada.
- Me desculpe pelo tom, tive um dia horrível e pensei que não chegaria mais para o nosso jantar.
Camila manteve o sorriso leve enquanto caminhava até seu marido e acariciava a face tão bela quanto a de um próprio Adônis.
- Eu estou aqui, não estou? Só preciso... vestir outra coisa.
Daniel sorriu levemente enquanto beijava a mão da esposa.
- Você está maravilhosa. Venha.
Disse, antes de puxar a cadeira para Camila e sentar-se a sua frente. Jantaram em silêncio, mas aquilo já era habitual. Daniel não era de muitas palavras durante as refeições, e Camila tampouco.
Daniel terminou primeiro e observou atentamente a esposa comer a salada de rúcula, tomate, azeite e queijo brie. Chegava a ser estranho que depois de tantos anos ela ainda mantesse a mesma beleza quase infantil, apesar de ser uma mulher absolutamente charmosa e elegante. Eram como várias nuances.
E todas amadas por si.
Suspirou enquanto esperava a esposa terminar de comer.
- Como foi o seu dia?
Questionou, vendo Camila depositar delicadamente o garfo de prata sob o prato agora vazio.
- Como todos os outros. Fui até o escritório, cuidei de toda a parte administrativa que você detesta e... fui para a casa de Dinah. Inclusive, preciso que me leve até o escritório amanhã. Meu carro ficou lá.
Daniel franziu o cenho.
- Por que?
Camila limpou a boca com o guardanapo perfeitamente branco.
- Ela queria conversar.
Respondeu, simplesmente.
- Certo.
Daniel disse, enquanto afrouxava a gravata. Camila o observou por alguns segundos antes de levantar-se e seguir até seu marido, sentando em seu colo lateralmente.
- Me conte se dia, querido...
Ela pediu, com a boca próxima do ouvido de Daniel, vendo cada um dos pêlos dele se arrepiarem.
- Apenas... negócios...
Ele disse, entre suspiros, ainda com os olhos fechados.
- Acho que depois de um dia tão difícil, você talvez queira ouvir o que eu tenho a dizer...
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Detroit
ActionPoder. Cinco letras, uma obsessão. Em um lugar onde o pecado é rotina, onde tudo tem um preço, há aqueles que fariam tudo para obtê-lo. Os fins podem justificar os meios, mas os meios poderiam justificar os fins? Essa era a pergunta em questão.