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Evelyn acordou em sobressalto, ao ouvir um berro a meio da noite. Pensou ter sido um sonho, e voltou a fechar os olhos. Porém os gemidos continuaram. Levantou-se e tentou achar de onde vinham. Foi dar até ao quarto, onde Ashton dormia... Espreitou pela porta, e viu-o sofrer entre os lençóis. Aproximou-se mais uns passos, a aí sim, concluiu que ele estava a passar por um pesadelo. E que pesadelo. Enquanto ele esperneava sobre a cama, Evelyn pôs-lhe a sua mão gélida sobre a sua testa húmida. O que surpreendentemente o acalmou instantaneamente.

– Pai - Gemeu ele, voltando à calma.

"Parece que o súper herói, às vezes também precisa que o salvem", pensou Evelyn, sorrindo.

[...]

Evelyn pestanejou várias vezes, ao deparar-se com a maior concentração de comida que alguma vez presenciou.

– Senta-te e toma o pequeno-almoço querida! O teu pai disse-me que adoras panquecas recheadas com mel - Disse Kellee, amavelmente - Depois eu levo-te a ti e ao Ashton ao Colégio sim?

– Claro, obrigada... - Respondeu Evelyn, agradecida.

– Vou só buscar o meu casaco lá acima - Era a Kellee a sair, e o Ashton ainda ensonado a entrar

Ele sentou-se na cadeira sem nada dizer, com um ar bastante abalado. Não parecia o mesmo rapaz sorridente do dia anterior. Por momentos, Evelyn teve receio de dizer algo que o pudesse irritar ou enervar logo pela manhã, mas não aguentou sem saber como estava depois da noite difícil que teve.

– Então? - Disse ela, numa iniciativa prática

– Então? - Respondeu ele, refazendo a mesma pergunta

– Pareces mal...

– Nada que um bom café não resolva - Lá estava o sorriso, que Evelyn já tinha saudades... Ou espécie. Mas ao pegar no café, deixou que a caneca derrubasse e o café caísse sobre o seu colo - Que estúpido que eu sou - Censurou-se, tentando limpar o seu uniforme

Evelyn quis mostrar-se prestável, pegando no pano mais próximo. Agachou-se e tentou limpar-lhe o sujo, situado exatamente perto da braguilha das calças. Um tanto acima. Seja como for, Kellee ao voltar à cozinha teve uma perspetiva completamente distorcida da realidade.

– Meninos? - Interrompeu Kellee

Evelyn levantou-se num ápice, e o Ashton levou a mão à nuca. O tal gesto nervoso.

– Mãe sujei-me!

– Claro filho, diz-me que te sujas-te diz-me! - Ironizou a mãe, pondo-lhe o braço sobre os ombros, direcionando-o para o carro. Evelyn foi atrás.

[...]

Assim que entraram para o carro, Kellee ligou a rádio, à qual estava a passar pela estação "Don't Stop the Music" da Rihanna. Ashton começou por agitar os pés num ritmo perfeitamente coordenado. Ritmo esse acabando por chegar a todas as partes constituintes do seu corpo. Evelyn, no banco de trás, tentava não rir das figuras do rapaz, mas estava a tornar-se impossível. Porém, depressa o seu riso foi substituído por um enorme ar de admiração assim que ouviu Ashton a cantar.

"Que voz" - surpreendeu-se ela.

– Vá Ashton, acalma as hormonas. Já chegámos - Disse Kellee, apontando para os portões do Colégio

Evelyn esperou que Ashton os atravessasse - Evelyn? Não vens? - Perguntou ele, observando-a no lado contrário da passadeira

– Vai, eu... Tenho de... Tenho de apertar os atacadores! - Disse ela, secamente

– Mas estás de botas...

– Vai Ashton! – Gritou

Ela apenas queria a todo o custo que nem a melhor amiga, nem o namorado, descobrissem que Ashton estava a habitar o mesmo teto que ela. Já não o vendo, seguiu então para as aulas. Mas antes, avistou Noah. Não esteve para o evitar mais, pois apesar de tudo, morria de saudades de estar com ele. Aproximou-se dele e do seu grupo de amigos Oliver, Ryan, Connor mais uma ninhada deles. Todos idiotas mulherengos.

– Noah? - Disse Evelyn, reprimindo sua voz trémula

– Malta já venho - Disse Noah, para o seu grupo, virando as atenções para Evelyn - Amor, desculpa por ontem, não sei o que me deu - Beijaram-se intensamente, acolhidos nos braços um do outro.

Enquanto Evelyn apoiava o queixo no ombro de Noah, vê o Ashton a vir na sua direção. Através de mímica labial, ela diz para se afastar. Mas este não percebe. Trava a meio, a tentar perceber o que ela lhe fica a tentar dizer.

– Amor o que se... - Evelyn cortou Noah voltando a abraça-lo

– Deixa-me ficar só mais um bocadinho assim contigo... "Idiota estou a dizer para não vires para aqui"... Quer dizer, gosto tanto de ti amor!

"Estou... a... fazer... Bolo?" Percebeu Ashton. Oliver, Ryan e Connor que presenciavam a situação, comentavam entre si

– Ela acabou de lhe dizer "Gosto muito de ti"... Ao americano! - Afirmou Oliver, chocado

– Porra, o rapaz está-lhe a dizer "Estou com saudades tuas"! - Acrescentou Ryan

– Wow, o Noah não vai gostar nada de saber - Riu-se Connor

– Cala-te oh! Dizes alguma coisa e eu escaldo-te! - Ameaçou Ryan

Ava apareceu a meio da cena, e foi a única a entender Evelyn, que lhe pediu para levar Ashton para longe. Esta percebeu que a amiga apenas lhe estava a aconselhar a ficar a sós com o rapaz.

– Ashton, já viste a escola por acaso? - Antes que este lhe pudesse responder, já estava a ser arrastado.

Evelyn bufou de alívio, afastando-se finalmente de Noah. Mas estava feliz, por ambos terem feito as pazes.

– Eve posso-te dizer uma coisa? - Perguntou Noah

– Claro, diz!

– Eu amo-te. Amo-te e amo-te de verdade. Amo-te como nunca amei ninguém, e se às vezes sou bruto, é porque tenho medo de te perder para alguém que te ame menos que eu! Sim porque... Procures onde procurares, nunca irás encontrar alguém que sinta por ti, o que eu guardo em mim. Achas que este Domingo podemos estar juntos? - Propôs

– Claro que... - A voz falhou-lhe assim que viu Ashton a ser torturado pela sua melhor amiga. Deu-lhe uma vontade imensa de rir à força toda

– O que foi? - Antes que Noah se virasse, Evelyn inclinou o seu olhar novamente para ela

– Sim eu quero muito estar contigo este domingo! - Disse ela, beijando-o novamente

[...]

Biologia, a aula favorita de Evelyn. Ao entrar na sala, o seu olhar correu todas as carteiras. Mas nenhuma delas ocupado pelo Ashton. "Bolas, mas agora também só pensas nele? Ele deve estar bem... Ou será que se perdeu pelos corredores? Pior... E se a Ava e ele ficaram a... Fogo!" Murmurou, sentando-se no seu lugar. A sua paranoia só teve fim, ao ver os dois entrarem sala a dentro. E bastante felizes da vida que eles estavam... Mesmo não percebendo, provocou-lhe uma certa falta de indiferença.

– Ashton? É o novo aluno não é? - Perguntou a professora. Nada simpática. Mas antes que ele pudesse responder interrompeu-o. Já era costume nunca o deixarem falar - Vá-se sentar ao lado da Evelyn. Sendo ela a melhor aluna a esta disciplina, pode ajudá-lo a recuperar a matéria que perdeu até agora! - Concluiu ela, de nariz empinando.

Lá se sentou ao lado dela, ainda com um sorriso enervante na cara. Evelyn fitava a troca de olhares entre ele e a melhor amiga. Não aguentando mais, deu-lhe um encontrão no braço.

– Hey? - Amofinou-se Ashton

– Onde estiveste? - Perguntou Evelyn, num tom autoritário

– Estive com a... - Hum - Cocou a nuca e hair-flip - Ashley?

– Ava! - Respingou - O que estiveram a fazer afinal?

– Estivemos só a falar porra. Porquê? Também não estiveste entretida com o teu namorado? Então pronto – Respondeu, pressionando repetitivamente a mola da caneta.

– Ouve, tu não a magoes.

"Não sou como o teu namorado", pensou para si mesmo, embora não tivesse nada com a Ava. Apenas estiveram a falar divertidamente.

[...]

Evelyn suspirou, resignada, enquanto esperava que Ashton e Ava acabassem de trocar números de telemóvel. Assim que ela virou costas, Ashton foi ao encontro de Evelyn.

– Finalmente, não era sem tempo! - Reclamou Evelyn, já no linear da sua impaciência

– O quê? Pensava que ias andando sem mim!

– Porque dizes isso? - Exclamou ela

– Porque de manhã não querias ser vista comigo. Ou pensas que eu não percebi? - Respondeu Ashton, à medida que se ia embora.

Evelyn ficou literalmente sem resposta. Chutou a seco, e seguiu atrás dele. A poucos metros de casa, Ashton decidiu falar-lhe.

– Porque não queres que saibam?

– Porque sou uma parva! - Disse sorrindo-lhe


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evelyn | irwinOnde histórias criam vida. Descubra agora