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Enquanto que a inquietação invadia a noite de Evelyn,  Ashton saltava sobre a nuvem mais alta e mergulhava o oceano mais fundo. "Parece um anjo", pensou ela, com ele mesmo a seu lado, dormindo pela paz e inundado pelo luar. Soltou um pequeno riso ao ver-lhe o pé fora do cobertor. Para rapaz, tinha uns pés bastante femininos. Evelyn olhou atentamente o rosto dele, parecia tão concentrado em dormir... Como se estivesse a escoar tudo aquilo que estava mal. Evelyn arrepiou-se com a serenidade dele. Aninhou-se junto ao seu corpo quente e pousou a cabeça suavemente sobre o peito do Americano. Nada tinha a temer. Ela deslizou a mão até ao colar e apertou firmemente a concha.

- Como eu te adoro - Murmurou Evelyn entre suspiros sonolentos

- Eu também - Sussurrou ele, mas de olhos fechados. O que a confundiu imenso

- Estás acordado? - Perguntou ela, levantando a cabeça para olhá-lo com mais atenção

- Hm - Abriu um olho de cada vez - Não, tu é que estás à alucinar - Riu-se, levantando-se aos tombos da cama dela

- Fica! - Pediu Evelyn, puxando-o de novo até si

Com o puxão, Ashton caiu de costas sobre ela. Olharam-se intensamente e não resistiram em avançar com um beijo

- Nem penses - Disse afastando os lábios dos dela - Tens de descansar ainda estás muito fraca ainda - Acrescentou, coçando o cabelo. Ao tempo que Evelyn não lhe via esse tique estranho.

Sorrindo ela levantou-se para o agarrar com mais firmeza. Não queria que ele fosse, caso acontecesse aí sim, iria sentir-se fraca. Debruçou-se até ao pescoço de Ashton, que ainda sentado na berma da cama, tentava a todo o custo reprimir o seu desejo pela rapariga que muito o espicaçava. Mas ela não parou por ali. Chegou-se as mãos ao limite da T-Shirt, retirando-lha assim. Colaram bocas sem conseguir controlar o fervor do momento. Ashton também queria sentir o corpo de Evelyn roçar no seu, já completamente encharcado de um suor escaldante. Ela caiu nele, ele caiu nela. Ambos bailavam obscenamente entre os lençóis como se aquele desejo se jamais viesse a esgotar. Muito pelo contrário, quanto mais enrolados mais se queriam. Havia ali algo carnal, uma vontade imensa de se envolverem... Mas isso partiu desde o primeiro momento em que se cruzaram. No entanto algo escorreu na mente de Ashton. "Eu lhe posso fazer isto"... Uma preocupação nunca antes tida com nenhuma outra rapariga.

- Amor a sério, tens de descansar - Disfarçou ele, saindo-lhe disparado do quarto à medida que apanhava as roupas espalhadas no chão

Evelyn ainda pensou ir ter com ele, mas estava tão aluada... O seu coração parecia querer saltar! Nunca lhe tinha sentindo o corpo tão... Tão ardente, tão próximo. Provavelmente próximo já o sentiu, mas, não assim. Foi diferente. Riu-se sem sentindo à medida que abanicava a mão no sentindo de provocar a si própria um vento agradável, dado aos calores com que estava. Pois bem, retornou ao seu estado normal e fechou os olhos cansados.

Com a luz da manhã, veio uma sexta-feira e com ela o ultimo dia de Aulas! Evelyn não se podia sentir mais contentada, afinal de contas, as férias de Natal eram sem dúvidas as suas preferidas. Correu até à janela, e deu pequenos saltinhos assim que viu neve cair do outro lado do vidro. Saiu disparada do quarto com destino à cama do Ashton que ainda dormia pesado. Saltou-lhe para cima, sem pensar duas vezes.

- Caraças. - Disse Ashton com dente na língua

- Bom dia - Saudou Evelyn pulando-lhe freneticamente – Acorda!

- Vai à merda Evelyn, só podes estar a gozar comigo. - O típico mau humormatinal de Ashton em força, que só provocava em Evelyn um riso infindável - Vaiembora, quero dormir mais um bocado

- Não hoje é o musical da Lauren - Gritou-lhe Evelyn em tom bastante agudo -Acorda sapo!

- Sapo? Porque é que me chamas-te sapo? É a borbulha não é? - Pôs a mão sobre oqueixo - Voltou não foi?

- Qual... Qual borbulha? - Inquiriu Evelyn, estremecendo o olho direito

- O quê? - Reagiu ele - Nada, mas quem é que falou em borbulhas

- Tu és tão estranho, definitivamente esta foi a primeira e a ultima vez que tevim acordar - Murmurou Evelyn, estranha ao comportamento do Americano que nemos olhos conseguia manter abertos - Despacha-te! - Gritou-lhe outra vez

Ashton explodiu e pegou-a pela cintura. Rodopiou Evelyn até deixá-la tonta e seseguida deitou-a no chão ao tempo que lhe fazia cocegas. Acabaram aacarinhar-se entre beijinhos e caricias provocantes.

- Meninos? - Anunciou-se Kellee, que espreitava embasbacada por uma nesga daporta

- Mãe? - Reagiu Ashton, saindo de cima de Evelyn deixando finalmente a raparigarespirar - Estávamos a... Bem ela, ela teve um ataque de cólicas! Foi isso,então eu estava a...

- Esquece Ashton Irwin, já usas-te essa desculpa - Interrompeu Kellee, quesabia bem o tipo de filho que tinha. Ou seja, já teve a infelicidade de oapanhar em momentos bem mais perturbadores - Só vinha dar os bons dias, masvejo que a Evelyn se antecipou! - Sorriu - Fico feliz por vocês - Fechou aporta então

- Cólicas? - Inquiriu Evelyn perante a falta de originalidade do Americano -Podias dizer que estávamos só a namorar!

- Mas já te consideras minha namorada é? - Ripostou Ashton, voltando preguiçosopara a cama

- A questão é, consideras-te meu namorado? - Piscou-lhe o olho e saiu

- Caramba e o que é que ela quis dizer com isto? É cedo, daqui a um bocadopenso nisso - Afundou a cabeça na almofada no preciso momento em que odespertador deu sinal. Mau humor em três, dois, um...

[...]

"A questão é, consideras-te meu namorado?",Refletia Ashton que caminhava de mãos dadas com Evelyn em direção do Colégio.Afinal de contas, o que era "namorar"exatamente? Estar preso a uma pessoa? Uma lei? Uma regra? Uma obrigação? Porquenão era nada disso que Ashton sentia cada vez que estava com Evelyn. Muito pelocontrário, sentia-se livre e feliz como nunca antes. Um sentimento deprioridade superior a todas as suas forças. Ou talvez ele estivesse preso aela, mas porque vontade própria. Uma lei? Lei da atracão só se for. Uma regra?Amar sem medida. Uma obrigação? Felicidade e bem-estar acima de tudo. Pormomento tudo começou a fazer sentido para o Americano. Olhou a sua namorada... Afinalquem havia de dizer que uma rapariga tão simples e modesta seria a tal aarrebatá-lo? A única coisa que Evelyn exigia dele era fidelidade e sentimento.Nada de estilo, beleza ou estatuto social. Ashton queria-lhe tanto bem, queduvidava que a sua paixão pudesse não ser suficiente para nunca a fazer perderaquele sorriso. Era o seu mais que tudo, a sua princesa, protegida talvez. Daínão ter tido coragem para prosseguir o que ficou interrompido pela noite. Aosolhos dele, Evelyn não era o tipo de rapariga que precisasse de algo tãofísico. Queria acima de tudo manter-lhe aquela pureza e simplicidade, mesmo queisso significasse conter as suas hormonas agitadas por muito tempo.

- Pára! - Disse Evelyn incomodada com o olhar de Ashton vidrado nela - Agora eué que pergunto se tenho alguma borbulha...

- Não é uma borbulha que tens... - Assegurou ele

- É o quê?

- Perfeição! - Assim que Ashton o disse, Evelyn corou perante o elogiougalanteador

Ele chegou-se a ele para lhe dar um beijo suave e generoso no rosto, que o fezsaborear cada segundo. Que delírio!

[...]

Assim que entraram íntimos, todos os olhares se deslocaram com eles. Raparigasinvejosas. Rapazes com vontade de troçar. Toda a gente no Colégio parou o queestava a fazer, para olhar Ashton e Evelyn, que se assumiam finalmente como umcasal que eram. Sem medos nem pressões. Estava tudo tão admirado que Ashtondecidiu quebrar a tensão, dando um beijo, o primeiro beijo publico. Osestudantes perplexos, aplaudiram ao momento, como se todos soubessem que osdois estavam destinados um ao outro, mas que só eles não percebiam isso.

- Irwin - Aquela voz... Noah, aproximava-se de Ashton e Evelyn, perfurando todaaquela confusão

- Pronto, o que é que este quer - Murmurou o Americano, pertencido conflito

- Desculpa-me por tudo - Ashton deixou que o seu queixo caísse, assim que Noahlhe estendeu a mão em gesto de conciliação

- Mas estás a gozar com a minha cara? - Asseverou-se Ashton não o interpretandoda melhor forma - Quase que me matas a mim e à Evelyn e agora vens com falinhasmansas? Também já sofri, mas não andei a castigar ninguém por isso!

- Ele está a ser sincero Ashton - Opinou Evelyn, sensível àquele pedido dedesculpas

- Quero lá saber, tu hoje também deves ter tirado o dia para me azeitar osnervos - Eriçou-se o Americano, dirigindo-se para o Bar

- Azeitar os nervos? - Murmurou Evelyn ficando na ideia de que se tratavaapenas de uma expressão. Para ela no Denver tudo era esquisito, pelo menos Ashtonassim o fazia parecer - Oh Noah, desculpa lá, ele é muito orgulhoso mas eu voutentar falar com ele...

- Ele tem razão, e já foi uma sorte que tu me tenhas perdoado - Respondeu Noah,percebendo a posição de Ashton - És adorável mesmo - Abraçou-a

Evelyn era o reflexo da sua falecida mãe. Bondosa e razoável... Incapaz de verdor e sofrimento à sua volta. Mas é verdade é que as pessoas tendem em julgar,mas sempre sem mostrar soluções. Rebaixam-se e criticam-se quando na realidadetambém elas escondem sombras do passado. O mal é um saber prioritário, pois semele, nunca conheceríamos o Bem. Errar é fundamental e cair é necessário! Há queestender a mão e ajudar... E nisso Evelyn estava ao dispor. Ajudar Noah, eraagora um dos seus objetivos!

- Noah conta comigo para tudo sim? - Disse Evelyn

- Ai se o Irwin te ouvisse dizer isso - Riu-se ele

- Olha, posso perguntar-te uma coisa? A Ava? Ainda não a vi - Perguntou Evelyncuriosa

- Ela não te vai voltar a chatear, acredita em mim. Contei tudo aos meus pais,eles telefonaram ao Diretor... Ela ficou de castigo, foi expulsa! Vai viverpara casa dos avós durante uns bons tempos. E sabes aquele Jardim? Vai serrestaurado - Revelou Noah, animado - Em Janeiro já deve estar pronto!

- É, mas eu não sei se quero lá voltar - Rebateu Evelyn ainda traumatizada -Mas vá, vou ter com o rabugento

- Compreendo, sim vai! Senão ainda ganhas mais motivos para me odiar - Ironizou Noah, afastando-se da, agora, amiga


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evelyn | irwinOnde histórias criam vida. Descubra agora